Voando alto: empresária catanduvense inaugura agência em Nova York
Beatriz Gerlack, de 34 anos, dedicou-se por quase uma década ao grupo LVMH até compor seu próprio negócio
Foto: Jacques Dequeker - Beatriz Gerlack inaugurou agência em Nova York e planeja expansão para a Europa
Por Guilherme Gandini | 28 de maio, 2023

Quando Sergio e Ivana Gerlack ensinaram à filha que ela deveria voar alto, Beatriz Gerlack levou a sério. A catanduvense acaba de lançar sua agência de relações públicas em um hotel sofisticado de Nova York, o Mandarim Oriental, em meio à semana mais importante do empresariado brasileiro na Big Apple. A empresa se chama Bridge+55 e o nome não surgiu à toa, antes foi preciso construir uma carreira de sucesso no mercado de luxo.

Aos 5 anos de idade e morando em Itajobi, Beatriz vendia produtos da Avon. As vizinhas de sua avó eram suas principais clientes, já que a menina passava de porta em porta. Ela gostava de cantar ópera, em especial “Funiculì funiculà”, e as senhoras adoravam ouvi-la. Beatriz, então, negociava: cantaria só se elas comprassem. Assim, foi premiada como vendedora mirim.

“Minha mãe sempre me incentivou a olhar as pessoas com os olhos do coração, a me desenvolver de uma forma mais humana, mais genuína. Ela se doa aos outros de uma maneira tão profunda, que a tenho como meu maior exemplo., enaltece a empresária de 34 anos, irmã de Diogo, que é deficiente visual – o que impactou a vida da jovem e a faz, hoje, envolver-se em projetos sociais ligados à visão.

A história de Beatriz começou a ganhar novo rumo quando ela se mudou para São Paulo para cursar publicidade na Faap. Logo descobriu a empresa júnior da faculdade e assumiu a função de captar recursos empresariais via Lei Rouanet.

Aos poucos, descobriu o interesse pelas relações internacionais e, como tinha morado na Alemanha, foi aprovada como trainee da Câmara Brasil-Alemanha para buscar investidores e formar pontes entre os países. Desenvolveu projeto em Frankfurt e organizou a primeira feira sustentável do Brasil em Blumenau/SC. “Eu não tinha 20 anos, comecei fazendo eventos para a faculdade e um ano e meio depois estava organizando uma feira com grandes proporções.”

Depois descobriu, na faculdade, a Missão Estudantil - Faap na China, e foi incentivada pelo pai a disputar a vaga, direcionada para o curso de relações internacionais.

“Meu pai é uma pessoa que tem uma característica muito interessante que eu admiro: ele sempre gostou de me ver voar, é uma pessoa que sempre me incentivou a conhecer coisas novas”, diz.

Ela foi aprovada para a viagem de um mês para estudar as empresas brasileiras no mercado asiático e ainda ficou dez dias em Dubai. “Foi aí que tudo começou. Ter a oportunidade de conhecer o mercado de luxo asiático, onde eu sempre quis trabalhar e é uma referência até hoje.” Mal sabia Beatriz que ela trabalharia por quase uma década no grupo LVMH – holding de artigos de luxo, dona de marcas como Louis Vuitton, Fendi e Christian Dior, que até fazem coleções específicas para o mercado asiático. Para chegar a esse patamar, o passo seguinte, ao retornar da missão à China, foi trabalhar na Daslu como vendedora. A loja, sobretudo no início dos anos 2000, tornou-se o centro do mercado de alto luxo e das grifes no Brasil.

RUMO ÀS GRIFES

De dasluzete, foi indicada pelas irmãs Raíra Abeu e Shantal Verdelho, hoje influenciadora, para trabalhar no marketing da Schutz, grupo Arezzo. Foram três meses na empresa, porque, em reunião com Rosângela Lyra, CEO da Dior, ela se ofereceu para vaga no marketing. Ela ficou na empresa por 4 anos.

Depois migrou para a Rimowa para atuar como diretora de marketing e relações públicas para a América Latina, por mais 5 anos. “Então no grupo da Louis Vuitton, que é o LVMH, fiquei praticamente um terço da minha vida, quase 10 anos”, calcula, lembrando que conheceu o empresário Bernard Arnault, dono do grupo, em Paris.

Inquieta, começou a alimentar a ideia de abrir alguma coisa sua. Após a pandemia, decidiu passar temporada em Nova York, Estados Unidos. Foi quando uma headhunter do mercado de luxo, Dulce Salles, a convidou para projeto da Tânia Bulhões, marca de sucesso de produtos para casa e perfumaria. A empresa acabara de receber aporte da Treecorp, de Roberto Justus e a catanduvense deveria fazer conexões com o mercado de luxo.

“Comecei a fazer pontes corporativas de uma maneira muito natural. Aí comecei a pensar: e se eu fizesse isso não só para ela? Se eu fizesse essas pontes para outras empresas? Comecei a ver que ali tinha um modelo de negócio.”

Foi quando ela concretizou a parceria entre Tania Bulhões e o hotel Rosewood São Paulo, onde toda a perfumaria passou a ser da marca e a sala mais importante do empreendimento ganhou as finas porcelanas de Limoges. O acordo gerou impacto financeiro e de branding para os dois lados. Quando o negócio foi fechado, Beatriz convidou as duas empresas para serem seus primeiros clientes.

CRIANDO PONTES

Beatriz Gerlack estudou a fundo o modelo de negócio que estava criando. “Acredito que o PR tradicional (Public relations), baseado no envio massificado de press releases, no uso de publi posts e no relacionamento transacional com a imprensa e os influenciadores está completamente ultrapassado. É necessário um entendimento profundo das marcas e pontos de conexão com as outras empresas e pessoas que gerem benefícios para ambos os lados”, destaca.

A Bridge+55, reforça, é isso: “Acredito que somos pontes que outrora leva, outrora traz, sem ter o que levar e sem ter o que trazer ela não serve para nada, então acredito muito na troca. A troca pra mim é contínua e vital. Para a Bridge, ela é vital. Eu realmente faço conexões onde os meus clientes são beneficiados em ambos os lados.”

Com o lançamento da agência de PR em Nova York, algo inédito, segundo ela, Beatriz diz que começou com um diferencial, com uma pegada mais sofisticada, cosmopolita, no modelo de evento para poucas pessoas, mas para as pessoas certas. “Pode parecer piegas, mas o mercado de alta renda gosta de ser conhecido com profundidade, não é fácil você fazer evento e encantar uma pessoa que tem tudo.”

Questionada sobre metas, projeta a expansão da Bridge+55 para a Europa, nos próximos dois anos, com a ponte São Paulo, Nova York, Londres e Munique, sem esquecer do social. “Sempre vou ter a parte social, sempre vou, como uma ponte, levar e trazer o bem de quem tem para quem não tem. É minha meta de vida: levar as conexões para as pessoas certas e trazer um pouquinho de cada pessoa e cada empresa para onde faz sentido.”

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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