Mudanças e reduções de horários do ônibus intermunicipal que atende Urupês, da empresa Expresso Itamarati, têm causado transtornos aos moradores. As reclamações são direcionadas à linha que atende os municípios de Catanduva, Elisiário, Urupês, Ibirá, Irapuã e Sales, que passou por alterações recentes, dificultando a vida de quem depende do transporte coletivo.
Os usuários do serviço estão organizando um abaixo-assinado, com a intenção de encaminhá-lo para a Promotoria de Justiça. Neste sábado, 30, haverá movimentação na praça Padre Peretti, em Urupês, para coleta de assinaturas das 9h às 14h. Em Sales, uma pessoa estará na Praça da Matriz das 8h às 12h. Eles também estudam entrar com ação popular.
“A interrupção tem atrapalhado a vida dos cidadãos, inclusive comerciantes e prestadores de serviços, além de que a alteração de linhas e horários não acompanha o horário de serviço dos trabalhadores que dependem do transporte público para se deslocar entre o local de trabalho e a residência”, expõe a assistente social Iara Eloisa Diniz Ribeiro, moradora de Urupês.
A profissional utiliza os ônibus da Itamarati diariamente para chegar ao serviço, na cidade de Sales, e reforça as críticas: “Estou acompanhando de perto a dificuldade das pessoas, muitas estão perdendo o emprego porque não conseguem chegar no horário. Se for seguir os novos itinerários, a pessoa precisa pernoitar na outra cidade, pois não há ônibus viável para a volta.”
Iara diz que fez contato para registrar reclamações com a concessionária responsável pelo trecho e também com a Artesp - Agência de Transporte do Estado de São Paulo, que faz a regulação do sistema. Segundo ela, não houve resposta e tampouco qualquer melhoria.
A professora aposentada Dinoráh Maria Bueno, que hoje atua no ramo de confeitaria funcional em Urupês, está com dificuldades para se deslocar até Catanduva para adquirir produtos no comércio. Ela diz que ex-alunos estão sofrendo com a falta do ônibus e, de forma forçada, abandonando cursos em escolas técnicas. Ela também está coletando assinaturas.
“Entrei nessa luta por conta de meus ex alunos que estão sofrendo muito, deixando até de estudar, pois a família não tem condições financeiras para levar e buscar. Fizeram a opcão de estudar em Catanduva em escolas técnicas boas e, por mérito e esforço deles conseguiram, e agora se veem impedidos de realizar o sonho deles”, lamenta a educadora.
Um desses estudantes está no último ano da Etec Elicas Nechar, mas perdendo aulas, correndo o risco de perder o ano, pois não tem como voltar de Catanduva ás 18 horas, após as aulas.
Dinoráh diz estar indignada com a postura da empresa. “Se não formos à luta, logo estarão mexendo também nos horários de Rio Preto a Urupês, que também é bem sofrível. Não queremos que Urupês fique ilhada, sem transporte público, pois isso é direito de todo cidadão.”
Ela cita também a situação de uma senhora de Elisiário, que trabalhava em um supermercado de Urupês e precisou deixar o emprego por não ter como se deslocar entre as duas cidades. “Essa retirada dos ônibus complicou muito a vida de várias pessoas, e me senti na obrigação de fazer algo, pois achei injusta demais. Eu dependo de ônibus também e muitas atividades minhas ficaram interrompidas por conta dessa situação”, completa.
CULPA DA CRISE
Questionada pelo Jornal O Regional, a empresa Expresso Itamarati afirmou, em nota, que a alta dos insumos e a diminuição do fluxo de usuários forçou o corte de horários.
“O impacto causado pelos sucessivos reajustes nos valores de insumos, como o óleo diesel, pneus, peças, lubrificantes e acessórios, juntamente com a acentuada redução da demanda de passageiros, tornou inviável a continuidade da operacionalização da referida linha, os ajustes operacionais realizados se fazem necessários para a não paralisação total do serviço, hoje a linha ainda continua deficitária. A demanda de passageiros é analisada diariamente, retornando a normalidade do número de passageiros, os horários suprimidos serão reativados”, informou.
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