Vereadores percorrem áreas que prefeitura planeja vender e denunciam ‘preço de banana’
Marquinhos, Mauricio Gouvea e Gordo fizeram duras críticas ao prefeito Padre Osvaldo
Foto: Divulgação - Vereadores passaram por locais que Padre Osvaldo pretende comercializar
Por Guilherme Gandini | 05 de abril, 2023

Os vereadores Marquinhos Ferreira (PT), Mauricio Gouvea (PSDB) e Gordo do Restaurante (PSDB) passaram por áreas públicas que a Prefeitura de Catanduva planeja vender. O trajeto foi registrado em vídeos exibidos nas redes sociais, nesta terça-feira, 4, com duras críticas à conduta do prefeito Padre Osvaldo (PSDB).

Na sessão da Câmara, já no período noturno, o pedido de desarquivamento do projeto de lei que trata sobre o tema foi encaminhado à análise jurídica e deve voltar ao plenário na semana que vem.

A matéria foi apresentada por Padre Osvaldo em maio do ano passado, pedindo autorização legislativa para alienação de 65 bens imóveis, e recebeu seis pedidos de vistas sequenciais até o adiamento sine die, sem prazo para retornar ao plenário.

A retomada, ontem, viria a partir de pedido dos vereadores Maurício Riva (PDT) e Ivânia Soldati (Republicanos).

Conforme o projeto, são 40 lotes no Bom Pastor, quatro no Solo Sagrado, três no Parque José Curi, um no Higienópolis, três no Jardim dos Coqueiros, seis no Jardim Caparroz, um no Residencial Martani, cinco no Parque Agudo Romão e dois no Jardim Amêndola – neste último, está inclusa a área do pátio de serviços da própria prefeitura, na rua Ceará, a antiga Cindre.

Conforme O Regional mostrou em junho do ano passado, o projeto de Padre Osvaldo é muito parecido ao apresentado pela ex-prefeita Marta do Espírito Santo Lopes, em 2020.

O ponto mais polêmico é a redução dos valores de diversos imóveis postos à venda. Um deles, localizado no Jardim dos Coqueiros, tinha lance mínimo de quase R$ 2,5 milhões em 2020. Dois anos depois, mesmo com o mercado imobiliário aquecido, o preço inicial da área caiu para pouco mais de R$ 776 mil. Outro terreno localizado no mesmo bairro teve perda de valor de mais de R$ 1 milhão, no período. No Jardim do Bosque, uma área de 600 metros quadrados poderá ser vendida por apenas R$ 100 mil. Já a Cindre não constava no projeto da ex-prefeita.

O projeto atual ainda tem brechas que permitem a compra por preços menores. Se não houver lance para um imóvel no primeiro leilão, ele poderá ser comprado por valor 30% menor ao da avaliação, em uma nova rodada de venda, a ser realizada no prazo de dez dias. Se, mesmo assim, a compra não ocorrer, será aceito desconto de 40% sobre o lance mínimo em nova tentativa.

“É um projeto que estava engavetado, por ser um projeto que tem que haver uma ampla discussão, porque o senhor prefeito não pode jogar os terrenos, o patrimônio da prefeitura, fora. Todos esses terrenos vão ultrapassar R$ 10 milhões. Esses terrenos, além de serem baratos, têm até 40% de desconto”, opinou Marquinhos Ferreira, em um dos vídeos.

“A gente percorreu vários locais para mostrar a vocês a atrocidade que o prefeito quer fazer com um bem seu, que não é dele”, pontuou Gouvea, dirigindo-se aos contribuintes. “São áreas que o prefeito quer vender a preço de banana. Eu não sei porquê esse desespero. E a gente não sabe o porquê do preço de banana dessa avaliação”, completou ele em outro vídeo exibido ao vivo.

OUTRO LADO

O prefeito Padre Osvaldo também optou por veicular vídeo nas redes sociais, nesta terça-feira, 4, para falar sobre o projeto que deve voltar ao centro do debate na Câmara de Vereadores.

Ele afirmou que a venda das mais de 60 áreas públicas gerará impostos para o município e possibilitará o surgimento de novas construções para fomentar a economia local e gerar empregos.

“Hoje a prefeitura tem que fazer a manutenção, a zeladoria, alguns desses terrenos talvez causam desconfortos aos vizinhos, assim, passando pelo leilão, nós já fizemos a licitação, já foi feita avaliação por três imobiliárias de Catanduva que conhecem o mercado, o preço mínimo para sair o leilão, que será on-line e qualquer pessoa do Brasil poderá participar”, relatou Padre Osvaldo.

Os recursos obtidos com o leilão, segundo o prefeito, serão destinados à construção de um novo pátio de serviços da prefeitura, nas proximidades da UPA, unificando os dois pátios atuais, e para o início da construção da nova sede do Programa Criança Cidadão do Futuro. Ele pediu apoio da população ao projeto.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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