As mudanças implementadas pelo prefeito Padre Osvaldo (PSDB) no transporte escolar continuam causando dificuldades para as famílias que dependem do serviço. Atrasos, novos horários e mudanças de pontos estão entre as reclamações. No primeiro dia, segundo os relatos, foi um verdadeiro caos e muitos alunos não conseguiram chegar às escolas para a volta às aulas.
Todas as insatisfações estão relacionadas à terceirização do serviço que, desde 2006, era feito pela administração municipal com ônibus próprios e motoristas efetivos. Essa frota tem entre 40 e 50 veículos, alguns deles recebidos recentemente e que sequer entraram nas linhas.
Esse cenário deve se transformar em objeto de investigação de uma nova CEI - Comissão Especial de Inquérito a ser formada pela Câmara de Vereadores na próxima terça-feira, 7, na primeira sessão ordinária do ano. Ao menos é o que sinaliza o vereador Mauricio Gouvea (PSDB), que esteve no pátio dos ônibus, na segunda-feira, 30, após receber reclamações de pais e mães.
O parlamentar diz que pretende solicitar do governo municipal todas os detalhes que envolvem a terceirização do transporte escolar. “Vamos pedir todas as informações, formalidades contratuais, documentação da empresa e dos ônibus, se foi feita licitação ou aditamento de contrato, o que será feito com os ônibus e os motoristas do transporte escolar”, explica.
Outro ponto abordado por ele é que a empresa que assumiu o serviço de transporte escolar é a mesma que faz o transporte coletivo de passageiros no município, Auto Viação Suzano, que vem sendo alvo de críticas por quebras e atrasos no serviço, bem como pela situação dos ônibus.
“Essa empresa já tem várias autuações do próprio poder público por problemas apresentados nas linhas e agora a prefeitura vem e a presenteia com a concessão do transporte escolar. Se você tem um funcionário ruim na sua empresa, que você já vem o advertindo, você vai confiar a ele um novo trabalho? A empresa tem carros que mais parecem carroças”, critica.
A Auto Viação Suzano detém a concessão do transporte coletivo de passageiros do município desde 2019. No ano seguinte, ela também passsou a transportar alunos da rede estadual, porém nas linhas de ônibus já existentes. No caso da rede municipal, o formato visto nas ruas é mais semelhante ao sistema de fretamento, em que a empresa fornece veículos e motoristas.
Questionada pelo jornal O Regional, a Prefeitura de Catanduva confirmou que realizou um ajuste contratual à concessão do transporte formalizada com a Auto Viação Suzano em 2019. “Os veículos são próprios da concessionária e devem atender todas as regras de circulação dos ônibus escolares”, informou, atestando que o custo é variável, mas sem indicar valores.
Pelo contrato firmado à época, o transporte coletivo não é bancado pelo município, mas pelas tarifas pagas pelos usuários. A receita acrescida anteriormente ao contrato, fruto de convênio com o Estado, estava relacionada ao transporte dos estudantes das escolas estaduais. Agora, pelo que indica a prefeitura, a empresa também recebe para levar alunos da rede municipal.
Sobre os motoristas, a prefeitura afirmou que eles serão reaproveitados em outros setores da municipalidade, o que, segundo o prefeito Padre Osvaldo, trará economicidade. “Os ônibus escolares próprios permanecerão à disposição da Secretaria de Educação para serem utilizados quando necessário”, completou ele, em nota encaminhada à reportagem.
BOLETIM
Em meio ao caos do transporte escolar relatado por pais e mães de alunos na segunda-feira, os vereadores Maurício Gouvea e Alan Automóveis (PP) estiveram na garagem dos ônibus para fiscalizar a situação. Gouvea passou, então, a gravar vídeo no local até que um homem, que seria o proprietário da Auto Viação Suzano, golpeou o celular que estava na mão do parlamentar. Todos foram para a delegacia para registro dos fatos envolvendo agressão e desacato.
RECLAMAÇÕES
As críticas recebidas por O Regional sobre o serviço terceirizado estão relacionadas aos horários, que não seguem os habituais, e ao aumento das rotas – caso, por exemplo, dos alunos do Programa Criança Cidadão do Futuro, que seguiam direto para seus bairros, e agora, precisam rodar mais. Também há reclamações com relação ao estado de conservação dos ônibus.
Uma pessoa também confirmou à reportagem que os condutores contratados estavam sendo acompanhados, ao longo desta semana, pelos motoristas efetivos da prefeitura, provavelmente para orientação sobre as rotas. Não há informações oficiais sobre os monitores dos veículos.
Autor