União promete alavancar educação inclusiva e gera expectativa em pais
Anúncio do aporte de R$ 3 bilhões até 2026 na inserção de alunos com deficiências em escolas comuns tem dado esperança
Foto: Arquivo Pessoal - Pais esperam que investimentos contemplem o apoio escolar prestado por cuidadoras
Por Da Reportagem Local | 30 de janeiro, 2024

Foi depois do acesso à educação comum e ao apoio escolar prestado em escolas municipais que Francisco, 3 anos, autista nível 3 de suporte (que demanda apoio substancial), passou a apresentar menos crises, a interagir mais e até a demonstrar carinho por colegas. Sua mãe, Aline Magalhães Werner, atribui a evolução à assistência que ele tem recebido dentro da escola e que ela diz até rezar para não perder.

Assim como vários pais brasileiros, ela, que é de Cuiabá/MT, comemorou e depositou expectativas no anúncio feito pelo governo federal, em novembro de 2023, de que serão destinados cerca de R$ 3 bilhões até 2026 para ampliar o acesso, a permanência, participação e a aprendizagem de estudantes com algum tipo de deficiência em escolas comuns.

As ações estão previstas no Plano de Afirmação e Fortalecimento da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI) e a meta é chegar ao fim de 2026 com mais de 2 milhões de estudantes da educação especial matriculados em classes comuns, além de atingir o total de 169 mil matrículas na educação infantil.

Coordenadora do programa de pós-graduação em Educação da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto e pesquisadora da área da educação especial, Ana Claudia Lodi ressalta que a educação inclusiva não deve ser apenas aquela que matricula, mas a que acolhe o estudante.

“Acolher é colocar o aluno com deficiência em sala de aula comum e dar condições para que ele aprenda no ritmo dele e em igualdade com os demais, entendendo que essa igualdade não significa que todos aprenderão da mesma forma. Somos seres diversos. Nem todo aluno com deficiência precisará do apoio, mas, para os que necessitam, é uma premissa básica tê-lo”, observa a pesquisadora. “O professor não pode substituir o cuidador”, fecha questão.

Especialista em educação especial e em psicopedagogia clínica e institucional no Interior de São Paulo, a pedagoga Deisi Cristiane de Lima Barboza também avalia que a educação inclusiva, para ser efetiva, depende ainda do fortalecimento de vínculos com o aluno. “O cuidado não pode ser mecânico, é preciso um olhar sobre o aluno”, pontua ela, lembrando de uma situação em que um estudante com autismo teve uma crise de choro de mais de 1 hora em sala de aula.

“A profissional de apoio chegou e, com mais experiência e técnica, percebeu que ele estava incomodado com a fralda. Ela o levou ao banheiro e tirou. Na hora, o choro acabou. Era só a forma de comunicação dele para dizer que queria desfraldar”, acrescenta Deisi.

Diretora da Conviva Serviços, Maíra Pizzo destaca que os pré-requisitos para a contratação de Cuidadores de Alunos com Deficiência (CAD) consideram justamente a atenção, paciência, afeto, dedicação e facilidade de adaptação às especificidades de cada indivíduo com deficiência. “Há uma prevalência de mulheres e mães nesta área profissional, pelas próprias características que o atendimento possui. O acolhimento do aluno deve vir sempre em primeiro lugar”, destaca.

É DIREITO

Embora a maioria das pessoas desconheça, o apoio escolar é um direito de todo aluno com deficiência. A oferta gratuita desse serviço nas escolas é prevista por leis recentes, reforçadas pela Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista e pela a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (LBI).

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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