Não há um único setor da Assembleia Legislativa de São Paulo, a Alesp, que o catanduvense Julinho Ramos não conheça como a palma de sua mão. Ele encerrou este mês sua gestão como secretário geral de Administração do parlamento, junto à saída do deputado Carlão Pignatari (PSDB) da presidência da Casa, com quem trabalhou com foco na economia e sustentabilidade.
Especialista em gestão e controle de processos na Administração Pública, Julinho é formado em Ciências Jurídicas e Sociais e pós-graduado em Educação. Foi vereador em Catanduva de 2013 a 2016, ocupou cargos de direção no governo paulista, atuou na iniciativa privada e integrou conselhos da Fiesp e Fundação Mário Covas. Faz parte do Conselho de Administração da São Paulo Previdência e é auditor do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) de São Paulo.
Ao jornal O Regional, Julinho relembrou projetos encabeçados por ele no parlamento paulista, contando com orgulho sobre medidas voltadas à sustentabilidade e modernização da estrutura administrativa do Legislativo. Afirmou que foi possível reduzir e unificar sistemas e “fazer mais com menos” e enalteceu a somatória de esforços, fruto do apoio e respaldo dos servidores.
O Regional: Depois dessa jornada na Assembleia Legislativa, quais os próximos desafios que você vai assumir?
Julinho Ramos: Olha, antes de falar do futuro, preciso falar do passado. E falar do passado é falar de tudo o que fizemos nesses dois últimos anos na Alesp. Falo que sem o respaldo dos servidores da Alesp e do presidente Carlão Pignatari, nada seria possível. Sem dúvida alguma posso afirmar que elevamos o nível e os índices estão aí. Recebemos certificação do TCU como órgão que atua contra a corrupção e fomos reconhecidos como o parlamento estadual mais transparente do Brasil. Tiramos projetos do papel, valorizamos o servidor e modernizamos muito, mas muito mesmo.
O Regional: Quais os projetos que mais lhe trazem orgulho desse período?
Conseguimos tirar do papel um concurso público que se arrastava desde 2010, que foi a última edição. Com isso, finalmente conseguimos implantar a Controladoria da Alesp e aumentar, por exemplo o contingente da Procuradoria, sem contar a outras funções. Regulamentamos muita coisa, fizemos reposições, reajustamos o auxílio saúde em 70% e os auxílios refeição e alimentação em mais de 20%.
Conseguimos avançar na carreira dos servidores e deixamos pronta uma reestruturação que vem regulamentar diversas estruturas que foram criadas, recriadas ao longo dos anos e que precisam de uma atualização, levando em conta a transparência e o respeito ao servidor.
Fizemos muito, conseguimos tirar do papel o sistema integrado do RH e folha de pagamento, veja só, eram sete sistemas que está passando a ser apenas um. Implantamos o Disaster Ricover e estamos na vanguarda da implantancão do sistema de LGPD. Hoje a área de TI conta com comitês de segurança da tecnologia, da informação, PDTI e o grande sonho que se transformou em realidade, que é o Diário Oficial da Alesp, que vem coroar o Alesp Sem Papel, com 100% dos processos digitalizados.
O Regional: Uma de suas preocupações foi equacionar a questão financeira com a preservação da natureza?
Sustentabilidade é um assunto pra ontem né. A primeira coisa que fizemos, logo nos primeiros seis meses foi fazer o estudo e neutralizar o carbano emitido nos anos de 2020 2021 e 2022, com isso plantamos 20 mil mudas de árvores nativas. Zeramos o papel e estamos zerando a utilização de copos plásticos, já chegamos em 70%. Com o diagnóstico da nossa rede hidráulica, já é possível vislumbrar uma economia considerável de água. Bombeamos mais de 4 milhões de litros de água de chuva por mês para reuso. Finalizamos e deixamos pronto o processo licitatório para a implantação da miniusina de energia fotovoltaica e já temos na nossa frota de carros híbridos e elétricos. Todas essas ações fazem parte do Alesp Preserva.
Conseguimos devolver quase R$ 200 milhões em dois anos e, mais que isso, conseguimos fazer investimentos também. Não adianta economizar e deixar as necessidades pra depois, pelo contrário, conseguimos fazer os dois e em alto nível. Hoje temos instalado o comitê da governança que serve de instrumento para planejar a Alesp pros próximos anos.
O Regional: Foram projetos demais para pouco tempo ou o tempo que passou rápido demais?
Sim, passou muito rápido, é inegável. Muita coisa ainda precisa ser feita e outras precisam ser potencializadas, como a parceria com o Instituto Maurício de Souza, que tinha o intuito de levar e conscientizar crianças e jovens sobre o legislativo.
O Regional: Como você define o Julinho gestor público?
Primeiro, acredito que alguma coisa aprendi, não foi por acaso ou sorte que cheguei a comandar um orçamento de quase R$ 4 bilhões no período da Secretaria da Educação e agora estou entregando com R$ 1,5 bilhão na Alesp. Mas o Julinho gestor primeiro acredita muito na gestão de pessoas, que tudo começa pela formação de time e do engajamento, é comprometimento dos times. Segundo que aprendi que atrás de planilha tem gente, através desses números existem pessoas e pessoas que dependem única e exclusivamente dos serviços públicos, e o gestor público não pode fechar os olhos para isso.
O Regional: Vamos insistir, quais serão seus próximos passos?
Os planos do Julinho pro futuro é continuar trabalhando muito, que é o que mais gosto de fazer e estudando muito também, devo começar ainda este mês minha segunda pós graduação e um MBA na área de gestão de projetos.
O Regional: Isso significa que poderemos ter novidades?
Acredito que sim, aguardem.
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