Nesta quinta-feira, 21 de abril, é comemorado o Dia de Tiradentes, feriado nacional no Brasil. A data homenageia a figura do herói nacional Joaquim José da Silva Xavier, popularmente conhecido por Tiradentes, referência ao seu ofício de dentista. 

“Muitas pesquisas de opinião mostram que Tiradentes foi um dos heróis mais conhecidos dentro do movimento da Inconfidência Mineira. Sua figura está associada, com frequência, à ideia de um homem que morreu lutando pela autonomia do Brasil. Até chegar a esse ponto, porém, foi necessário um longo caminho. Tiradentes só se tornou herói nacional após a Proclamação da República, em 1889. Foi quando grupos de apoio ao novo regime passaram a enaltecer a figura de alguém que, cerca de um século antes, havia defendido os ideais republicanos”, explica o professor de história Thiago Baccanelli.  

Ele conta sobre o que motivou a Inconfidência Mineira. “A Inconfidência Mineira foi resultado da insatisfação da elite econômica da capitania de Minas Gerais com a política fiscal imposta pela Coroa portuguesa. Essa insatisfação existiu ao longo de todo o século XVIII, mas a partir da década de 1780 ganhou força e ares de separatismo, dando uma nova dimensão a esse movimento político. Alguns pesquisadores chamam atenção para um fato: a conjuração foi resultado do ressentimento, mas também da percepção de que as Minas Gerais tinham condições de existir sem a presença de uma Coroa controladora. Eles tinham noção de que a capitania tinha condições econômicas de se autossustentar. A possibilidade de uma derrama alarmou a elite local e antecipou os preparativos para uma revolta contra a Coroa. Os conspiradores planejaram iniciar a revolta para o dia em que a derrama fosse realizada.”  

A Conjuração Mineira, diz Baccanelli, foi uma das mais importantes revoltas organizadas contra a Coroa portuguesa e mostrou a disposição dos colonos a romper o laço colonial e a existência de ideais republicanos no seio da principal capitania brasileira. 

Baccanelli destaca, ainda, a importância de Tiradentes para a história do país. “Tiradentes acabou, desta forma, transformado em mártir. Para tanto, foram utilizadas diversas representações, desde imagens até reproduções de sua confissão, ou sentença de morte. Para essa construção, ajudou ainda o fato de ter sido o único homem pobre entre os conjurados e o que mais fez contato com a população. Favoreceram também as características elitistas do movimento mineiro: em uma sociedade marcada pela desigualdade, os conjurados visavam manter a escravidão e todas as riquezas dos senhores, sem propor rupturas sociais.” 

FERIADO 

Executado como criminoso, Tiradentes se transformou no primeiro herói brasileiro, logo após a Independência do Brasil, em 1822. Mas foi apenas em 9 de dezembro de 1965 que o dia 21 de abril - data do enforcamento e esquartejamento de Tiradentes, em 1792 - foi considerado feriado nacional. Isso foi instituído pelo presidente Castelo Branco, por meio da lei nº 4.897, que também concedeu a Tiradentes o título de "Patrono da Nação Brasileira". 

ENFORCAMENTO 

A maioria dos conspiradores da Inconfidência Mineira era de homens ricos e cultos como Cláudio Manuel da Costa e Tomás Antônio Gonzaga. Pobre, somente Tiradentes, que era um simples alferes (cargo militar semelhante ao de tenente), e que tinha esse apelido por exercer também o ofício de dentista. Entretanto, era ele quem saía às ruas, procurando conquistar a adesão do povo ao movimento.

O império condenou os inconfidentes. Todos os que tinham posses conseguiram escapar da pena máxima, trocando-a pela prisão ou pelo exílio. Tiradentes, em contrapartida, teve a forca como destino. Ele ainda teve o corpo esquartejado para que seus membros ficassem expostos ao público, de modo a desencorajar outras tentativas de rebelião.