Shows confirmados no Brasil aquecem mercado de viagens e animam fãs
Diversos artistas internacionais vêm ao país em 2023 para apresentações em festivais e turnês próprias, agitando setor que não funcionou na pandemia
Crédito: Arquivo pessoal - Ana Clara já foi em pelo menos 15 shows ou festivais diferentes em sua vida e já garantiu pelo menos mais sete somente em 2023
Por Stella Vicente | 12 de fevereiro, 2023

Um dos setores que foi duramente impactado pela pandemia foi o de turismo. Agências de viagem em todo o mundo, incluindo o Brasil e a região, paralisaram seu funcionamento tendo em vista que eventos foram cancelados por um longo período. Além destas empresas, fãs de artistas que antes vinham até mesmo anualmente ao Brasil ficaram um bom período longe de seus ídolos.

Porém, em 2023 este cenário aparenta estar mudando e voltando a ser como era antes. Os festivais no Brasil prometem grandes atrações ao longo do ano, com palcos cheios de cantores e bandas renomadas como Imagine Dragons, Coldplay, The Weeknd, Monsters of Rock entre outros. Seja de rock, pop ou música eletrônica, os apaixonados por música terão muito o que curtir e as agências responsáveis por realizar excursões poderão novamente trabalhar muito.

Cida Lacerda é proprietária da Viagens & Cia Turismo e Eventos, que começou a funcionar 20 anos atrás oferecendo pacotes de ecoturismo. Porém, há 15 anos ela entrou no ramo que hoje é responsável por 95% de seu faturamento: o de excursões para shows, festivais de música, teatro e musicais.

Formada na área de turismo, ela teve sua experiência inicial no meio com o João Rock, festival de Ribeirão Preto. Hoje, porém, ela já atende inúmeros grupos interessados em eventos como Rock in Rio, Lollapalooza e Tomorrowland. Sua empresa atende pessoas de São José do Rio Preto, Araçatuba, Catanduva, Araraquara, São Carlos, entre outras, oferecendo o serviço de transfer para levar fãs até a porta do evento e, ao fim do mesmo, trazê-los de volta.

“Os shows hoje são responsáveis por 95% do faturamento da agência, que é o que carrega todo mundo, cerca de 20 pessoas, que direta e indiretamente trabalham com a gente. Depende do mês até mais, porque a gente precisa de terceirizados também, algumas meninas que trabalham com a gente como guias, registradas no Ministério do Turismo, então a gente acaba gerando bastante emprego”, conta Cida.

Ela diz que pretende voltar ao mesmo patamar que estava antes da pandemia, com pelo menos cinco pessoas atuando na agência de forma direta, pois considera o mercado muito lucrativo na região. “Na região de Araçatuba temos problemas de transporte porque está difícil a questão de mão de obra. Rio Preto é um pouco mais bem servido, Catanduva também. A gente usa muito as empresas de Catanduva. Então a expansão começou, travou e vamos ver se começa a expandir de novo”, projeta.

Apesar de variar muito, Cida chega a fazer média de cerca de seis excursões por mês. Porém, há meses como o de março, por exemplo, que só de excursão para o show da banda Coldplay são seis datas com dois ônibus garantidos para cada uma delas.

A empresária precisou fechar a agência em 2014 por problemas de saúde e logo depois em 2020 por conta da Covid-19, mas nem isso foi capaz de fazê-la desistir, pois para a profissional do meio, ela está trabalhando diretamente com os sonhos das pessoas. "Todos ficam ansiosos. E na volta dos fãs, quando eles falam que o show foi legal, para mim não tem dinheiro que pague. É o que eu amo fazer. A loucura dos fãs eu tiro sarro, dou risada, mas me realizo junto com eles. É uma realização profissional mesmo”, afirma.

O OUTRO LADO

Os responsáveis por trazer tantos artistas renomados e tantos festivais serem bem-sucedidos no Brasil são os fãs. Eles que apoiam, ouvem músicas, assistem clipes e fazem movimentos nas redes sociais pedindo para que venham ao seu país. E eles vêm, sabendo que as chances de encontrarem uma arena lotada de pessoas cantando suas músicas são grandes.

Ana Clara Gomes, recém-formada em Direito, é uma dessas pessoas. Ela sempre se expressou pela música, extravasando emoções e buscando inspiração nestes artistas. Daí surgiu a vontade de ir em shows e festivais, algo que hoje já virou rotina em sua vida. Ela se considera bem eclética, ouvindo desde pop, rock, clássico e pagode, e não gosta de se prender em um só gênero musical. “No momento tenho escutado muita Dua Lipa, OneRepublic, Twenty One Pilots, Backstreet Boys e New Kids on the Block”, diz.

O primeiro show que Ana esteve presente foi o da cantora Miley Cyrus, conhecida por interpretar Hannah Montana na série do Disney Channel, quando ainda tinha 10 anos. “Me recordo do sentimento de euforia até hoje, algo inigualável, lembro de pular de alegria quando soube pela primeira vez que ia realmente vê-la ao vivo e em cores e não somente pela televisão ou pelo computador como de costume. E a sensação de estar lá com toda certeza superou todos os meus sonhos e expectativas”, relembra.

Seu interesse desde então só aumentou. Hoje, ela acredita ter ido a pelo menos 15 shows ou festivais diferentes. Somente em 2023, ela planeja ir em pelo menos mais sete: Lollapalooza, Imagine Dragons, Coldplay, RBD, João Rock, Ana Canta Cássia e The Town.

“Quem vai com frequência à shows sabe o quão indescritível é ver um artista ao vivo, não é algo que se assemelha à simplesmente ouvir o mesmo artista no rádio ou no Spotify. Pensando nos shows que já fui, percebi que eu não somente lembro das letras, mas sim dos momentos, dos trejeitos, do que aquele artista me fez sentir ali, naquela hora, com cada sílaba de cada refrão, é sentir cada célula do seu corpo acordar e reviver aquilo na memória, não tem preço. Me sinto viva toda vez que piso em uma casa de shows, estádio ou arena, sinto que ali eu pertenço, é ali que eu estou criando memórias de uma vida completa, é um sentimento novo a cada minuto e ao mesmo tempo aquele sentimento de familiaridade”, tenta descrever Ana.

Ela também aponta a dificuldade que é morar no interior, visto que a maioria destes shows acontecem nas grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Ana conta que requer muita estratégia, desde a hora de comprar ingressos até encontrar um transporte seguro para chegar no evento, além de muito preparo e programação. “É preferível pagar um pouco a mais para uma excursão e ser deixada e buscada na porta do show com segurança do que arriscar sair por aí sozinha sem rumo na hora da multidão”, opina.

Ainda assim, ela diz valer a experiência, pois, como fã, acredita que estes artistas atraem tantas pessoas por proporcionarem um sentimento de pertencimento e até mesmo união entre as pessoas. "Quando se está em uma arena lotada, muito deixa de ser falado para ser então sentido. Não importa muito se você é tímido ou extrovertido, se está em grupo ou sozinho, a pessoa do seu lado está lá em busca da mesma sensação que você, não importando mais religião, crença, ou escolha política.”

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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