A União das Sociedades Espíritas - USE Intermunicipal Catanduva realizará o evento “A Vida Continua” nesta sexta-feira e sábado, 29 e 30 de agosto, com palestra e psicografia de cartas familiares e consoladoras. Estará presente o médium e escritor mediúnico Orlando Noronha Carneiro, conhecido por sua dedicação à psicografia, seguindo a orientação de Chico Xavier.

A programação é um convite para quem vive o luto e será dividida em dois momentos. Na sexta-feira, 29, às 20h, o médium realizará palestra no Centro Espírita Humildade e Amor, em Santa Adélia, com o tema “Superando a dor da ausência”. Já no sábado, 30, a partir das 7h30, será realizada sessão de psicografia na Associação Espírita O Semeador, em Catanduva.

O cronograma começa com distribuição de senhas e registros até as 8h30. Serão 100 senhas, uma para cada família com interesse na recepção das cartas. As atividades se estendem por todo o dia, com músicas, preces, palestras e psicografias. A leitura das cartas começará às 16h. De forma exclusiva a O Regional, Orlando Noronha Carneiro falou sobre o evento.

O Regional: Os mortos trazem notícias do além por seu intermédio. Como isso é possível?

Orlando: Os mortos, assim chamados usualmente pela população, são os indivíduos que deixaram o corpo material; a doutrina espírita nomeia-os Espíritos desencarnados, pois estavam reencarnados no plano material, e, após a morte, retornam ao plano espiritual. Os Espíritos desencarnados fazem intercâmbio com os que se mantêm no corpo físico desde priscas eras, tudo registrado e bem documentado por historiadores, antropólogos e outros especialistas, além de estar presente em culturas diversas em todo o globo terrestre. Segundo a doutrina espírita, sistema de conhecimento codificado e organizado por Allan Kardec em meados do século XIX, os médiuns são os indivíduos que possuem a capacidade ostensiva de servir de intermediários entre os dois planos da vida: o espiritual e o material. Os profetas e as pitonisas eram os médiuns da antiguidade. O fenômeno da comunicação entre desencarnados e encarnados ocorre através da ação dos Espíritos desencarnados sobre a mente dos médiuns encarnados. As faculdades mediúnicas são variadas, simplificadamente podemos citar: psicografia – comunicação por meio da escrita; psicofonia – comunicação por meio da fala; vidência – visão do plano espiritual; audiência – audição do plano espiritual. Assim, o Espíritos desencarnados comunicantes podem transmitir por meio dos médiuns e de várias formas suas mensagens de vida imortal. O fenômeno mediúnico é uma lei natural, conhecido há milênios, que ganhou cidadania a partir das pesquisas rigorosas e metódicas de Allan Kardec.

O Regional: As cartas dos Espíritos que você recebe muitas vezes trazem detalhes e informações que os familiares presentes desconhecem. O que você diz sobre isso?

Compreendendo que a morte não é o fim, mas apenas um uma transição, quem morre não perde a sua individualidade. Assim, após a morte física, todos guardamos nossas aquisições culturais e morais. Por isso é natural que, quando ocorre o intercâmbio espiritual, nas chamadas cartas consoladoras, nossos familiares desencarnados se identifiquem nas mensagens com os detalhes peculiares à sua individualidade, atestando de forma insofismável que a vida prossegue, que continuamos em processo de evolução no plano espiritual. Esses detalhes desconhecidos pelo médium atestam a veracidade das comunicações, oferecendo consolo e segurança aos que recebem as mensagens, na certeza de que seus amados continuam vivos. É muito comum haver nas mensagens algumas informações que os próprios familiares encarnados desconhecem, mas que posteriormente são confirmadas em consultas com outros familiares ou amigos, validando ainda mais a comunicação mediúnica.

O Regional: Normalmente quais são os critérios para receber uma carta de um familiar que já morreu?

Tendo completado 41 anos de atividade mediúnica neste ano, o que tenho apreendido, junto aos Amigos Espirituais, é que, em essência, é necessário que o familiar que se encontra no mundo espiritual deve estar em condições de equilíbrio espiritual, além disso o comunicante deve ter afinidade espiritual com o médium para que o intercâmbio ocorra sem tantos empecilhos materiais de captação da mensagem. Todavia, os Amigos Espirituais, até o momento, pelo menos comigo, não têm especificado em detalhes quais são esses critérios. Na condição de simples médium, se o telefone toca de lá para cá, eu atendo, sem qualquer questionamento sobre os detalhes das condições que permitiram que a mensagem seja transmitida.

O Regional: Qual foi a influência de Chico Xavier na sua vida?

A de um grande educador a me guiar, para que eu pudesse compreender os objetivos nobres da atividade mediúnica à luz do espiritismo, que revive Jesus em sua essência moral. Aprendi também que a atividade doutrinária com qualidade, seja como médium ou expositor espírita, exige desenvolvimento e crescimento moral íntimo nos padrões do Evangelho de Jesus, servindo desinteressadamente, sem buscar promoção pessoal e benefícios financeiros. Chico Amor Xavier ensinou-me que servir nas várias expressões da caridade deve ser meu objetivo e minha segurança maior.

O Regional: Como serão as atividades de psicografia deste sábado?

Acima de tudo será um momento de muito acolhimento e atenção aos que vivenciam o momento doloroso do luto. Os assistidos participarão de palestras doutrinárias e passarão pelo acolhimento do registro espiritual, que é um contato breve com o médium com o objetivo de gerar uma melhor sintonia com os Espíritos desencarnados presentes. Ao término do registro espiritual, inicia-se a psicografia que ocorre em público, concomitantemente ocorrem palestras e apresentações de arte espírita cristã. Concluída a tarefa dos Espíritos com as mensagens que forem enviadas, efetua-se a leitura em pública de cada mensagem que foi endereçada a algum familiar ou amigo presente na reunião. O evento é completamente gratuito e dispõe, para comodidade dos presentes, de livraria e cantina para aqueles que desejarem adquirir algo.

O Regional: Deixe uma mensagem para quem está vivenciando o luto em razão da ausência dos afetos que partiram.

Sabemos que o momento do luto é inevitável. Em algum momento, todos somos chamados a vivenciar essa realidade. A lamentação, a inconformação e o desespero são comportamentos que não nos beneficiam. Sabemos hoje, com o conhecimento da doutrina espírita, que não beneficiam também nossos familiares ou amigos desencarnados. Eles, como a borboleta, já romperam a crisálida e voaram para a outra dimensão dos domínios da vida. Não estamos impedidos de chorar, o amor sente saudade, é inevitável sentir a ausência física. O que não podemos é desesperar, revoltarmo-nos. E para que não enveredemos para a aflição, encontramos no espiritismo a certeza de que a vida é imortal, não existe adeus, mas até logo. Lembremos que a morte biológica é uma lei natural, como nos demonstra a doutrina espírita por meio da mediunidade e por argumentos lógicos, racionais e consoladores. Do mesmo modo, o reencontro é uma lei natural que se efetivará no momento adequado programado por Deus. Futuramente estaremos de novo lado a lado com aqueles que nos precederam na grande viagem. Ninguém mais do que Jesus exemplificou esse reencontro, quando deixou o túmulo vazio e foi, materializado, consolar os discípulos que vivenciavam o luto pela ausência física do Mestre. Jesus demostrou que a vida é mais do que a morte e que os laços de amor perduram para sempre.