Segundo crocodilo pré-histórico é encontrado em Catanduva
Epoidesuchus tavaresae tem rostro alongado geralmente associado a hábitos aquáticos e era bem maior que o Caipirasuchus
Fotos: Divulgação - Fósseis de uma rã e dois crocodilos foram encontrados nas escavações de 2011
Por Guilherme Gandini | 03 de setembro, 2024

O noroeste paulista já se provou como uma fonte inesgotável de fósseis de Notosuchia, um grupo de animais pré-históricos relacionados aos crocodilos e jacarés atuais. Paleontólogos seguem descobrindo novos fósseis na região, como em nenhum outro lugar no planeta, compondo uma comunidade de animais com os mais variados hábitos, formas, dietas e tamanhos.

A partir de escavações feitas em 2011, uma equipe de paleontólogos descreveu fósseis encontrados nas imediações de Catanduva. Os novos materiais se resumem principalmente a partes do crânio e mandíbula do animal, considerado uma forma de Notosuchia com rostro alongado diferente o suficiente para ser tido como um novo gênero e espécie, o Epoidesuchus tavaresae.

O nome dá pistas sobre a história do bicho: Catanduva é conhecida como “Cidade Feitiço”, e Epoidesuchus pode ser traduzido do grego antigo como “crocodilo mágico”. Já o epíteto tavaresae é uma homenagem à Sandra Tavares, paleontóloga do Museu de Paleontologia de Monte Alto, onde os espécimes foram depositados após sua descoberta.

Além da descrição, também foi conduzida uma análise filogenética com a finalidade de entender as relações evolutivas do Epoidesuchus com outros Notosuchia. Foi constatada proximidade com outras espécies de rostro alongado, denominadas no trabalho como Pepesuchinae.

Na história dos crocodilos, um rostro alongado geralmente está associado a hábitos aquáticos. De acordo com as novas informações, foi levantada a hipótese de que, num ambiente particularmente rico em espécies de Notosuchia, Pepesuchinae como o Epoidesuchus estariam em processo de adaptação à ocupação de ambientes aquáticos.

“Este é mais um estudo com materiais coletados em 2011 na ampliação da ‘Rodovia da Laranja’, de materiais que foram prospectados nos blocos de rocha, juntamente com os colegas Edvaldo Fabiano dos Santos e Laércio Fernando Doro”, explica o paleontólogo Fabiano Vidoi Iori, que atuou com os dois entusiastas durante as obras de duplicação da rodovia Comendador Pedro Monteleone.

“É mais um crocodyliforme, só que diferente do que a gente apresentou recentemente. O Caipirasuchus era um crocodilo pequeno e herbívoro. Esse é bem maior, com cerca de 4 metros de comprimento e tinha dentição para a carnivoria, então era um bicho carnívoro, provavelmente comia peixe pelo tipo de dente que a gente analisou, e é mais um achado, uma nova espécie daquele contexto”, pontua o especialista.

Nas escavações feitas em Catanduva foram encontrados restos fossilizados de uma rã pré-histórica, o Baurubatrachus santosdoroi, anunciada em setembro de 2022, do crocodilo Caipirasuchus catanduvensis, revelado ao mundo em junho deste ano, e, agora, do Epoidesuchus tavaresae.

A nova pesquisa envolveu pesquisadores e alunos de pós-graduação da Unesp Ilha Solteira, Unesp São José do Rio Preto, USP São Paulo, USP Ribeirão Preto, Museu de Paleontologia de Uchoa e University of Tübingen, na Alemanha. “Esse estudo vem ampliar o conhecimento que a gente tem sobre a fauna local e de certa forma contribui para a gente ter um entendimento melhor sobre a paleontologia no âmbito estadual e também no âmbito nacional. Mais uma espécie para o Cretáceo brasileiro”, frisa.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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