A Prefeitura de Catanduva e a Rumo apresentaram, nesta terça-feira, 14, o projeto de solução integrada que vai eliminar todos os cruzamentos da linha férrea com as ruas da cidade. Foram confirmadas pelo menos 15 obras, que vão se desmembrar em número até maior, sendo dois viadutos, sete pontilhões, cinco passarelas, dois túneis de pedestres e dois acessos viários.
Conforme o projeto, todas as passagens de veículos e pessoas pela linha férrea serão em desnível, ou seja, por cima ou por baixo dos trilhos. Com isso, as atuais passagens em nível, como as existentes nas ruas 15 de Novembro, Florianópolis e São Paulo, serão fechadas. Toda a linha férrea, aliás, terá fechamento de ambos os lados ao longo de 11 quilômetros do trecho urbano.
As três primeiras obras, antecipadas por O Regional, começam no mês que vem. Serão duas passarelas: uma no cruzamento da av. Cruzeiro do Sul com a ferrovia, entre o Pachá e Giuseppe Spina, e outra para conectar a av. Theodoro Rosa Filho com a rua Porto Alegre, no São Francisco, mais a construção de acesso viário da av. Theodoro até as proximidades do Pachá/Eldorado.
Essas três primeiras obras somam R$ 20 milhões, sendo R$ 9,4 milhões para o novo acesso viário, R$ 6 milhões para a passarela de pedestres do Pachá e R$ 6,5 milhões para a do São Francisco. A conclusão das três intervenções está prevista para o segundo semestre de 2024.
“É uma série de obras que serão executadas para eliminar o conflito que existe entre e a ferrovia e a cidade. É um conjunto de obras, pelo menos 15, as quais a gente vem conversando ainda, algumas estão sendo definidas, mas o mais importante é que isso vai trazer uma melhoria na mobilidade urbana”, pontuou a gerente de Relações Governamentais da Rumo, Giana Custódio.
Ela ponderou que Catanduva faz parte do corredor de exportação que sai do Mato Grosso e vai até o porto de Santos e que, com a abertura da ferrovia Norte-Sul, haverá mais um corredor de escoamento. “Para que tudo isso aconteça, para que mais composições possam circular, a gente também precisa pensar na mobilidade dos municípios que são cortados pela malha ferroviária.”
Giana afirmou à reportagem que, ao fechar os cruzamentos em nível, todo o entorno tende a receber intervenções para melhorar a mobilidade. “Isso está mapeado, a gente está em fase de projetos conceituais, momento de identificar onde essas obras são necessárias e qual seria essa obra. Agora nosso time técnico da engenharia está lá desenvolvendo o projeto executivo.”
NOVO CONTORNO
Em seu discurso, o prefeito Padre Osvaldo traçou a cronologia das tratativas feitas pela Rumo de 2021 até agora. “Nos foi apresentado o cenário de alteração e modificação dos trilhos da linha férrea, cujo novo traçado ia passar próximo à Citrosuco. Também foi apresentado o plano de desapropriações e o cronograma de implantação. Prazo mínimo dessa operação: 10 anos.”
Segundo ele, foi constatado pelos estudos que, nos próximos 10 anos, a cidade já estaria quase chegando no novo traçado e que, por isso, foi solicitada uma alternativa. A proposta da manutenção da linha férrea teria sido apresentada no início do ano passado, com a indicação das melhorias estruturais que seriam possíveis. O alto investimento, disse, pesou na decisão.
COMPARATIVO
A gestora comparou a implantação de um novo contorno ferroviário, como estava previsto, com a adoção de um projeto de solução integrada, que mantém a ferrovia onde está. A primeira diferenciação, segundo ela, é a questão do tempo para execução das melhorias.
“O contorno ferroviário é um projeto a longo prazo e a população só começa a sentir esse efeito a partir do momento da entrega dessa obra. A solução integrada, a partir do momento que a gente vai executando e entregando, a população já começa a sentir os benefícios”, detalhou.
Outro ponto citado por ela foi que, pelo histórico de outras cidades, com o novo contorno os problemas tendem a voltar quando a área urbana alcançar no novo traçado da ferrovia. Sobre isso, Padre Osvaldo até complementou que ficariam dois contornos: o antigo e o novo.
“Em Catanduva a gente já tinha um vetor de crescimento para o lado do contorno, então era questão de tempo para que isso acontecesse. Então nada melhor do que deixar a linha no local que ela está, deixá-la segregada, justamente para eliminar a utilização da buzina”, disse Giana.
SEM PRAZO
Segundo a Rumo, o cronograma detalhado de todas as obras será desenvolvido conforme o avanço dos projetos executivos de engenharia que serão elaborados no decorrer dos próximos anos. Mesmo as obras listadas na planilha desta reportagem “poderão sofrer modificações de posicionamento e tipo, a depender do aprofundamento de estudos e das discussões em curso.”
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