Recenseadores relatam agressões e fazem apelo à população para cumprir Censo
Equipes têm até 31 de outubro para coletar informações; participação é obrigatória
Foto: O REGIONAL - Posto local do IBGE, na rua São Paulo: mais de 80 recenseadores estão nas ruas
Por Guilherme Gandini | 28 de agosto, 2022
 

A tensão vivenciada por um dos recenseadores do IBGE em Catanduva foi tão grande, que ele postou um desabafo nas redes sociais. Angelo Cazellato literalmente pediu para que a população os tratem bem, fazendo referência ao grupo de entrevistadores que trabalha no Censo 2022. Ele afirma que foi agredido verbalmente, via interfone, ao insistir para que o morador o atendesse.  

“Venho sofrendo para conseguir as entrevistas, nós recenseadores ganhamos por produção, temos que fechar um setor para receber, porém não há o mínimo de respeito por nós, somos xingados, mal tratados”, lamentou ele, que diz que sempre teve vontade de responder o Censo e que, agora, assumiu a função de olho na renda, mas também no papel de cidadania.  

Ele chegou a visitar aquela residência mais de dez vezes, até encontrar alguém. Depois do embate e de assinalar a recusa, Cazellato recebeu ligação no dia seguinte. A senhora do outro lado da linha afirmou que o conflito havia ocorrido com seu irmão, que nem é morador daquela residência. Ela pediu desculpas pelo ocorrido e pediu nova visita para responder o censo.  

Outros recenseadores afirmaram a O Regional que a relação com a população é realmente difícil, sobretudo porque as pessoas têm medo de estarem sendo enganadas por um possível golpista. Cazellato cita o mesmo problema, apesar do uniforme, colete, boné e de carregar documento com foto e até um QR Code que pode ser acessado pelo morador para confirmar a identidade.  

Outra opção é ligar diretamente na agência local do IBGE, que atende pelo telefone 3522-5276, para confirmar que a pessoa que está batendo à porta é realmente recenseador do instituto.  

“As pessoas estão inseguras, mas temos toda uma segurança, as pessoas têm como confirmar. Além disso, dá para fazer pelo interfone, telefone, internet. A gente instruiu os recenseadores a não entrarem nas casas, para falar do portão, é maior seguro para o morador e para os próprios agentes”, comenta Kátia Maestrelo Duarte, coordenadora de subárea do IBGE em Catanduva.  

Outro argumento de convencimento é que os dados são sigilosos, depois de lançados no sistema. No caso da faixa de renda, por exemplo, o próprio morador pode responder a pergunta utilizando o equipamento do recenseador – ou seja, nem o entrevistador terá a informação. 

Quando o morador não está, é deixado um recado orientando o contato via telefone. “Isso não funciona muito, a gente deixa bastante, já gastei um monte de papel”, diz Cazelatto.   

Muitos que já responderam o questionário e, eventualmente, são sorteados de forma aleatória pelo sistema para serem visitados por uma supervisora acabam sendo grosseiros. “Eles são relutantes, não querem confirmar dados, falam que já responderam a pesquisa”, explicaram, em conjunto, as agentes censitárias supervisoras Nathalia Sant'anna e Natália Serafim. 

Coordenador de área do IBGE, Edson da Silva lembra que os dados são importantes para a própria população. “As políticas públicas são baseadas nessas informações do morador, se ele não falar, nós vamos ficar sem. Essa é a nossa principal matéria-prima para melhorar a cidade. Até as empresas usam o perfil do IBGE ao instalar um estabelecimento em determinado bairro.”   

Ele reforça o apelo para que a população atenda os recenseadores e responda os questionários, sem medo. Como a participação é obrigatória, os recenseadores voltam no mesmo endereço até localizar os moradores, inclusive usando o horário noturno ou o final de semana. A pesquisa básica tem 27 perguntas e é feita em 5 minutos, já a de amostra tem em torno de 76 questões.  

EXPERIÊNCIA DE 13 CENSOS  

Edson da Silva, coordenador de área do IBGE, trabalha no órgão desde 1980 e já atuou em 13 censos, sendo este o quinto com caráter demográfico. Segundo ele, houve avanço tecnológico inquestionável, já que hoje não se usa nenhum tipo de papel, porém o feedback da população vem piorando a cada ano. “São tantos crimes, tanta coisa, que a insegurança só aumenta.”  

O gestor alerta que o censo precisa ser concluído até 31 de outubro. Para facilitar o acesso das equipes, será feita ação nas escolas para orientar os alunos a levaram a informação às famílias. 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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