“Segunda-feira os professores voltam às salas de aulas com as cabeças baixas, olhares perdidos e gosto amargo da decepção e tristeza na boca”, diz texto do professsor Juliano Aurélio Giazzi, que manifestou-se em nome da categoria depois da audiência pública realizada pela Câmara para debater o reajuste do piso salarial dos educadores.
“Desde ontem o pensamento é de que fiz a escolha errada e que não devo mais me ver como professor, mas sim estar como professor até conseguir encontrar algo melhor, algo que me dê o valor adequado. Deixaram bem claro que a reestruturação pagará o valor mínimo estabelecido em lei e nenhum centavo a mais, ou seja, somos ‘profissionais baratos’”, completa Giazzi.
A polêmica envolvendo a adoção do piso salarial nacional para os professores já se arrasta há meses. Os professores questionam o cálculo feito pela Prefeitura, que soma o abono do Fundeb como parte do salário para atingir o novo piso. No entendimento das professores, a quantia não deveria ser considerada, por tratar-se de gratificação.
Ao Jornal O Regional, o professor Djalma Monteiro, um dos líderes do movimento em favor do piso salarial, criticou fortemente a administração de Padre Osvaldo (PSDB) pelo prejuízo causado aos professores. “Recebemos a gratificação com título do Fundeb nas gestões anteriores como forma de valorização dos professores, agora nesta gestão esses valores são subtraídos, deixando claro que os professores não têm muita importância para o governo”.
Para o docente, a Prefeitura diz querer “fazer justiça” ao propor mudanças de cargos e salários do funcionalismo, mas não se importa em prejudicar os professores. “Temos um caminho difícil pela frente, mas já discutimos inclusive a possibilidade de paralisação, que é tudo o que a categoria não queria sequer cogitar, mas parece ser o único caminho e, se preciso for, trilharemos ele.”
Vereadora diz que Prefeitura não fez contraproposta
A ideia de realizar a audiência para debater o reajuste do piso salarial dos professores partiu da vereadora Taise Braz (PT), que preside a Comissão de Educação, Saúde, Cultura e Assistência Social da Câmara.
Passado o evento, ela reconhece que tudo terminou em frustração. “Em vários momentos, trouxeram pautas que não eram relacionadas ao tema do piso, como se tentassem tirar o foco da questão, em dados momentos um certo desconforto até para a própria classe dos professores, fazendo com que as pessoas que estavam ali se sentissem até constrangidas, como se houvesse um embate com outras categorias do funcionalismo”.
Taise frisa que a questão do piso salarial não foi tratada com dignidade pela administração. “Para mim o que foi mais estarrecedor é que não houve nenhuma contraproposta por parte do Executivo sobre tudo que foi debatido. Ficou-se determinado que essas expectativas não seriam atendidas e os professores vão ter que seguir lutando, batalhando, para conseguir o que lhes cabe de direito”, completa.
Prefeitura relembra investimentos e diz que está ‘no limite’
Vários representantes do Executivo fizeram uso da palavra durante a audiência pública. O prefeito Padre Osvaldo fez questão de relembrar os mais de R$ 40 milhões investidos no funcionalismo público e aproveitou a chance para elencar obras feitas no seu governo.
O secretário de Finanças, Wellington Vanali, argumentou que os investimentos previstos na folha estão bem calculados, mas que não é possível extrapolar a capacidade financeira. “Nós temos um limite e ele foi apresentado, não tem como fazer mais, simples assim.”
O gestor de Gabinete, Fernando de Sá, foi na mesma linha. “Me desculpem os professores que não conseguem ver números. Quando a gente vem preparado para não enxergar fica difícil”, criticou, citando também os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Ele ressaltou o acréscimo que será dado na folha de pagamento dos educadores na reestruturação. “Quando a gente está dando R$ 20 milhões de aumento aos professores, é inconcebível que a gente pense que não está tendo aumento pra ninguém.”
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