Representantes do Movimento Nacional de Produtores e Sangradores de Borracha Natural se reuniram com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, na semana passada, na capital paulista, para discutir estímulo à produção da borracha natural.
A reunião também contou com a participação do presidente da Câmara Setorial da Borracha Natural, Antônio Carlos Gerin. O encontro foi realizado na Superintendência de Agricultura e Pecuária em São Paulo (SFA-SP).
Natalino de Freitas, presidente do movimento, e Mario Miranda, diretor, apresentaram as dificuldades e demandas do setor. Atualmente, produtores e sangradores enfrentam intensa crise relacionada às dificuldades com a borracha importada e aos baixos preços pagos pelo coágulo ao produtor e ao sangrador.
“Está difícil trabalhar com a borracha porque o Brasil tem que competir com países que não têm as mesmas leis e não pagam os mesmos impostos que a gente. Então não conseguimos competir com países da Ásia, por exemplo, que usam trabalho infantil e escravo e desmatam. Isso fragiliza demais o nosso mercado e a gente produz menos que eles”, pontua Freitas.
Sensibilizado com a situação do setor da borracha natural, o ministro pretende dar continuidade ao debate em reuniões da Câmara Setorial, que reúne representantes de diferentes segmentos, como produção, sangria, usinas e indústria pneumática.
Dentre as reivindicações, o movimento solicita o estabelecimento de um contingenciamento da exportação da borracha estrangeira, junto ao aumento na alíquota do imposto de importação de 3,2% para 22%, conforme estudo já protocolado pela CNA/Faesp.
Na avaliação do presidente da Câmara Setorial da Borracha Natural, Antônio Carlos Gerin, a reunião teve saldo positivo, pois os integrantes do movimento conseguiram expor a Fávaro os entraves e diferenças do mercado. “O ministro ficou ciente sobre a diferença do funcionamento dos mercados internos dos países que exportam [a borracha natural] comparado ao mercado brasileiro”, completou.
Também participaram Esequiel Liuson, superintendente substituto do Mapa em São Paulo; Elaine Cristine Piffer Gonçalves, consultora técnica da Câmara Setorial da Borracha; e Eduardo Antônio Sanchez, diretor da Apotex Brasil.
BORRACHA NA REGIÃO
De acordo com Mario Miranda, produtor de borracha e diretor do movimento, a região de São José do Rio Preto, que engloba Catanduva, é muito importante em relação à produção de borracha natural nacional. É chamada, inclusive, de capital da produtividade da borracha. “Na microrregião de Catanduva, 100% dos municípios têm seringueiras”, afirma o especialista.
Ele frisa que a cultura é importante social, ambiental e economicamente para as cidades da região. “É uma floresta ao lado da cidade e para o meio ambiente isso é muito importante. Também para a economia, porque emprega milhares de pessoas e, socialmente, por ser uma das culturas que mais fixa trabalhadores no campo, com moradias e ao lado de suas famílias.”
Sangrador, o presidente do movimento Natalino de Freitas reforça a importância da região para a produção da borracha. “Catanduva está no nosso coração como uma das regiões mais importantes do estado de São Paulo, muito forte na borracha natural, e esse mercado não pode acabar. Vamos salvar esse mercado que produz mais de 80 mil itens com a borracha natural.”
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