Foi num bate-papo no horário de almoço entre as professoras Ana Paula Loma, de Artes, e Mariana Cabrera, de Sociologia, que nasceu o projeto 'Muito Além das Flores', que depois veio a se transformar em eletiva da escola estadual Dr. Nestor Sampaio Bittencourt, de Catanduva. O objetivo é mudar realidades, criar cenários positivos e mudar histórias de desesperanças.
“A proposta é de juntas abordarmos o tema feminismo, desmistificá-lo, fazermos apontamentos sobre o poder, o autorrespeito, tão necessários, principalmente entre as meninas. Apontarmos possibilidades reais de empoderamento, que usufruíssem da Educação como ferramenta de mudanças em seus projetos de vida e de seus pares”, explica a professora Ana Paula.
Segundo ela, a abordagem inclui também os meninos, dada a importância da conscientização sobre novas posturas, respeito, empatia e parcerias, para que elas possam de fato serem efetivadas. “Buscar, assim, uma sociedade mais justa e sem violência contra a mulher, deixar claro que feminismo é sinônimo de igualdade, parceria, respeito e crescimento mútuo.”
“Queremos dar ao maior número possível de meninas e meninos o Sim, para serem o que quiserem, de serem autônomos, independentes, empoderados, independentemente de onde vieram, nasceram ou a qual grupo pertencem. Dar a todos o direto de sonhar e ser feliz. ‘Muito Além das Flores’ prima por uma sociedade mais humana, justa, digna e de igualdade”, completa.
O trabalho deu tão certo que a eletiva, uma das partes do Programa de Ensino Integral, foi premiada com a Medalha MMDC, maior honraria concedida pelo Governo de São Paulo. Também recebeu Moção de Aplausos da Câmara de Catanduva, por indicação da vereadora Taise Braz e está concorrendo entre as 10 lives escolhidas no 1° Prêmio Mulheres à Cesta.
“Geralmente as eletivas duram um semestre, depois trocam as duplas de professores e abordamos outros conteúdos. Pelo fato de ela ter tocado e movimentado a escola de uma forma muito positiva, a gestão autorizou mais um semestre e, depois, mais um. No terceiro semestre, a eletiva foi escolhida entre projetos de 14 cidades para ser premiada em São Paulo”, conta.
Este semestre, devido ao crescimento, a ação passou de eletiva para projeto. Os alunos serão atendidos nos intervalos das aulas, duas vezes por semana. Outros profissionais, como psicólogos, advogados e educadores, serão convidados a participar. “Vamos convidar meninas e meninos que quiserem participar das rodas de conversa, trocas de experiências e orientações.”
Segundo a educadora, muitas crianças vivem em lares marcados pela violência e acabam por entender que esse é o padrão. “Eles acabam repetindo com as namoradas, as meninas acabam aceitando dos namorados, aquilo que veem o pai fazendo com a mãe. A gente está mostrando que não. Mostrando dados, estatísticas, levando à reflexão, para diminuir a violência, ensinando o que é assédio e a importância de denunciar e se posicionar, porque elas têm essa força.”
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