A Prefeitura de Catanduva colocou sua frota de ônibus escolares nas ruas, com motoristas efetivos, na quarta-feira, 8, suspendendo a terceirização do serviço depois de apenas uma semana de operação. A mudança de conduta não foi esclarecida pela administração do prefeito Padre Osvaldo (PSDB), apesar dos questionamentos enviados pela reportagem.

Na semana passada, a prefeitura informou que realizou um ajuste contratual à concessão do transporte coletivo formalizada com a Auto Viação Suzano em 2019, de forma que a empresa pudesse assumir, também, o transporte escolar dos alunos da Rede Municipal de Ensino, com ônibus, motoristas e monitores próprios. Os valores do acordo não foram divulgados.

Pelo contrato firmado à época, o transporte coletivo não é bancado pelo município, mas pelas tarifas pagas pelos usuários. A receita acrescida anteriormente ao contrato, fruto de convênio com o Governo do Estado, estava relacionada ao transporte dos alunos das escolas estaduais. Com o novo ajuste, a empresa também passaria a receber para atender a rede municipal.

Com o cancelamento repentino da parceria, depois de apenas sete dias de terceirização, surge um contraponto na história: mais de 40 trabalhadores teriam sido desligados pela Auto Viação Suzano, na quarta-feira, 8, entre motoristas e monitores, gerando grave impacto na vida dessas famílias. Eles haviam sido contratados com registro em carteira na virada do mês.

“As pessoas estão desesperadas. Tem gente que vivia de bico, de cesta básica, a gente quer muito trabalhar, essas pessoas estavam atrás de serviço e, quando surgiu essa oportunidade, fizeram isso com a gente”, critica uma das monitoras dispensadas, que confirmou à reportagem que participou de entrevista de emprego e fez curso para assumir a função junto às crianças.

Ela reclamou também do barulho feito em torno dos atrasos ocorridos no primeiro dia de serviço, culpando, em parte, os motoristas da própria prefeitura – eles orientaram a rota, mas, segundo a monitora, muitos deles demoraram a chegar pela manhã. Ainda segundo a jovem, a informação de que a prefeitura reassumiria o serviço já circulava na terça-feira.

“Ontem também teve atraso”, aponta, falando sobre o primeiro dia de atividade aos cuidados do poder público. “Além disso, a prefeitura está andando sem monitor e não tem cadeirinha para as crianças pequenas. Esse corte acabou sobrando para quem precisa trabalhar”, completa ela, reivindicando que uma futura empresa contratada absorva essa mão de obra já treinada.

Outra profisisonal consultada pela reportagem confirmou que um grupo de 11 monitoras que foram dispensadas estiveram na prefeitura na quarta-feira, 8. Elas teriam sido recebidas pelo gestor de Gabinete, Fernando de Sá, e pelo secretário de Administração, Richard Casal, e ouviram que a prefeitura prepara uma nova licitação para terceirizar o transporte escolar.

Desempregada desde junho do ano passado, ela conta que viu o anúncio de vagas nas redes sociais, fez a entrevista de emprego e o curso de qualificação. Disse que, no seu entendimento, os planos da prefeitura mudaram devido à pressão e à investigação pela Câmara, que seria desencadeada pelo vereador Mauricio Gouvea (PSDB). “A gente quer respostas dele”, diz.

Além das declarações feitas pelas duas monitoras, de forma anônima, O Regional confirmou a informação de que as escolas municipais estão sendo atendidas por ônibus da própria prefeitura com a diretora de uma das unidades e com uma motorista que faz transporte particular. Até o fechamento desta edição, a Prefeitura de Catanduva não se manifestou sobre o assunto.