O Dia do Aviador comemorado hoje celebra o grande feito de Santos Dumont, que foi o primeiro homem, a bordo de um aparelho mais pesado que o ar, a conseguir decolar, voar e pousar em segurança. Assim como o sonhador cientista que projetou o 14-Bis, outros inúmeros sonhadores viriam após ele com o mesmo objetivo de atingir as alturas e se tornarem pilotos de máquinas cada vez mais modernas.

O piloto de avião Osmar Antônio Matia Júnior, natural de Pindorama, desde criança se interessou pela aviação. Foi por conta dessa paixão que optou pelo segmento executivo, pois adorava ver jatos desse tipo quando era mais novo. “Meus pais me levavam para os aeroportos da região para que eu pudesse ver alguma aeronave executiva pousando ou decolando, e com isso minha paixão por essa área foi aumentando”, relembra. Hoje ele trabalha em uma empresa que possui quatro pilotos e duas aeronaves executivas, sendo uma delas o jato Learjet 45 e uma aeronave turboélice King Air 350.

Osmar explica que ao decidir seguir nessa carreira, o piloto tem dois caminhos: pode optar por fazer uma faculdade de ciências aeronáuticas ou procurar uma escola de aviação ou aeroclube para dar início a um curso teórico. Em ambas as situações é preciso passar por fases de testes, provas teóricas, práticas, exames médicos e ter uma quantidade certa de horas de voo.

De início, é preciso fazer os exames médicos específicos para saber se o candidato está apto a começar o curso de aviação. Em seguida, é a vez do curso teórico, com cinco matérias específicas: Conhecimento técnico de motores, Teoria de voo, Regulamento Aéreo, Meteorologia e Navegação. Após o curso, o candidato faz uma prova na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e precisa obter aprovação de 70% em cada matéria para começar então o curso de Piloto Privado (para quem deseja ter a aviação com hobby), onde é preciso efetuar no mínimo 40 horas de voo.

Finalizada essa fase, o candidato pode iniciar o curso de Piloto Comercial, onde faz as mesmas matérias, porém se aprofundando em temas como aerodinâmica de alta velocidade, motores a reação e regulamento de voo por instrumentos, por exemplo. Neste caso, a quantidade mínima de horas é de 110, além da prova da Anac. A partir deste momento, o piloto já pode escolher em qual das áreas pretende atuar, como aviação executiva, comercial, agrícola entre outras.

“No caso da aviação executiva ou comercial, o piloto terá que contar também com certa quantidade de horas de voo que gira em torno de 500. Neste caso, é muito importante a proficiência linguística em inglês para ingressar em uma companhia aérea ou aviação executiva, inicialmente como copiloto e após atingir a experiência necessária e dependendo da demanda, passaria a ser comandante neste segmento”, explica Osmar.

O pindoramense ainda diz que o piloto é responsável pela segurança operacional do voo, ou seja, por tudo que acontece desde o fechamento da porta da aeronave até o final do voo com a abertura da porta para o desembarque. As principais características desse profissional, ao seu ver, são responsabilidade, concentração, controle emocional, raciocínio rápido, ser paciente e ao mesmo tempo ágil e ter capacidade de adaptação a mudanças operacionais.

"A qualquer momento o piloto pode lidar com uma emergência, que podem ser problemas com a aeronave, problemas meteorológicos ou até com passageiros. Por isso digo que um piloto precisa sempre manter a calma e a concentração, independentemente do que ocorra em voo”, destaca. Ele ainda completa dizendo que o piloto deve estar com sua saúde e condições psicológicas em dia para poder gerir suas atividades com total segurança. “Ele está lidando com vidas, não somente a dele, mas de todos que estão dentro da aeronave e no solo que está sendo sobrevoado.”

REDUZIR DISTÂNCIAS

A aviação se tornou indispensável nos dias de hoje, sendo responsável por diminuir a distância entre cidades, estados e países. No turismo, por exemplo, é possível que as pessoas viajem para vários lugares em um curto espaço de tempo. Já na questão de trabalho, diversas empresas usam de aeronaves para levar seus executivos a lugares distintos em um só dia, algo que seria impossível de se fazer com um carro.

Porém, para Osmar, há outra característica a se destacar. “O mais importante na aviação acredito que seja a agilidade para se salvar vidas, pois existem vários transplantes de órgãos que precisam estar com urgência no hospital para salvar uma vida e a aviação está aí para ajudar nesse quesito. Muitas pessoas são transportadas em UTIs aéreas, que são aeronaves completamente preparadas para esse tipo de transporte”, ressalta o piloto.

SONHO DE VOAR

A aviação, que começou como um sonho de um cientista empenhado em voar, segue até hoje encantando crianças e jovens que, desde pequenos, se sentem maravilhados pela imponência de uma aeronave, como foi o caso do pindoramense. “Hoje posso dizer que realizei meu sonho de infância e que todos os dias em que vou voar tenho cada vez mais a certeza de que tudo valeu a pena. Acredito que todos nós que somos aviadores sempre tivemos essa paixão e fascínio por voar e estar perto de uma aeronave desde criança”, relata.

O 1º Encontro Aéreo, que acontece hoje em Catanduva, pode ser a oportunidade para que outros encontrem essa paixão citada por Osmar. Além disso, poderá aproximar a população da aviação, seja para tirar fotos dos aviões, saber como funciona esse mundo e até mesmo tirar dúvidas sobre como se tornar um piloto. “Quem sabe, em um futuro próximo, aquela criança que está no evento deslumbrada vendo os aviões possa crescer com o sonho da aviação e se tornar um piloto um dia, assim como ocorreu comigo e com vários outros pilotos da nossa querida região”, sugere.