Pesquisa de médica catanduvense ressalta vantagens dos probióticos
Foto: Arquivo Pessoal - Marina Toscano e Katia Sivieri durante participação no Brain Congress 2025
Estudo da psiquiatra Marina Toscano e da cientista Katia Sivieri mostrou redução de danos dos antidepressivos
Por Guilherme Gandini | 09 de novembro, 2025

Estudo inédito conduzido pela médica psiquiatra Marina Toscano, de Catanduva, doutoranda em Biotecnologia pela Uniara, em conjunto com a cientista Katia Sivieri, da Unesp e Uniara, revelou que a suplementação com probióticos específicos pode aliviar efeitos adversos causados por antidepressivos da classe de Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS).

Esses medicamentos são comumente prescritos para casos de ansiedade e depressão, mas seu uso prolongado pode afetar não apenas o equilíbrio emocional, mas também a saúde intestinal. 

Pesquisas mostram que os antidepressivos têm potencial antimicrobianos e podem causar disbiose, ou seja, desequilíbrio entre bactérias boas e bactérias ruins no intestino, aumentando a permeabilidade dele e favorecendo um quadro inflamatório que pode chegar até o cérebro.

“Essa combinação de probióticos se mostrou potencialmente útil para reverter esses efeitos e isso foi mostrado através dos experimentos realizados no Shime, o simulador do ecossistema microbiano intestinal humano. Esses experimentos demonstraram que a ação dos probióticos está relacionada a uma melhora do perfil microbiano”, detalha a psiquiatra.

Outros benefícios foram a produção melhorada de ácidos graxos de cadeia curta - essenciais para manutenção da barreira intestinal e da barreira hemato encefálica, a redução de íons de amônia (que são ruins e neurotóxicos em excesso), e a melhora do Gaba, neurotransmissor inibitório e que contribui bastante para os estados de redução de ansiedade.

“Também foi demonstrado a redução de agentes inflamatórios do corpo, as citocinas. Entre outras coisas, elas favorecem a ocorrência de inflamação dentro do cérebro e aumento da formação de substâncias neurotóxicas”, complementa.

A utilização do modelo Shime, embora se trate de um simulador, possibilita recriar fora do corpo as mesmas condições que existem dentro do trato gastrointestinal - como pH, temperatura, tempo de passagem dos alimentos, tipo de dieta e presença de enzimas digestivas.

Além disso, o equipamento é colonizado com microbiota intestinal humana real. “Ou seja, as bactérias que vivem ali vieram de amostras fecais de pessoas, o que permite observar o comportamento de um ecossistema intestinal completo, como se fosse um intestino vivo em miniatura”, pontua Marina, projetando para uma etapa futura os estudos em humanos.

Marina Toscano diz que alguns hábitos ou mudanças no estilo de vida ainda podem potencializar os efeitos positivos dos probióticos durante o tratamento com antidepressivos. Ela cita a alimentação com fibras “pré-bióticas”, hidratação correta, menos ultraprocessados, evitar álcool e “bombas” de açúcar/gordura de uma vez, ter sono razoável e praticar atividade física.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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