Morre Antônio Celidônio Ruette, empresário e benfeitor na região
Foto: Arquivo Pessoal - Antônio Celidônio Ruette manteve-se ativo na política e era presença certa em audiências e conselhos
Educador que se transformou em referência empresarial no setor sucroalcooleiro contribuiu com o progresso por onde passou
Por Guilherme Gandini | 17 de janeiro, 2023

O professor, advogado e empresário Antônio Celidônio Ruette morreu na madrugada desta segunda-feira, 16 de janeiro, aos 93 anos de idade. Um dos nomes mais importantes do mundo empresarial na região, teve forte envolvimento na vida política e social por onde passou. Em sua homenagem, a Prefeitura de Catanduva decretou luto oficial de três dias.

Nascido em Araras em 1929, Antônio Celidônio Ruette é filho do professor Antônio Ruete e de Júlia L. Ruete, escritora, pintora e professora. Formou-se em Letras Clássicas e Orientação Educacional pela PUC de Campinas, passando a lecionar já aos 19 anos, e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito do Triângulo Mineiro, atuando nas duas áreas desde então.

Na área educacional, foi professor, inspetor regional e diretor do ensino público em Viradouro, Pintangueiras, Guaíra, Oswaldo Cruz, Cafelândia, Pirajuí, Jaú, Bragança Paulista, Atibaia, Itapira e São Paulo. Também foi vereador e presidente da Câmara em Bragança Paulista e Itapira.

Nesta última cidade, a partir de 1963, tornou-se diretor da Usina Nossa Senhora Aparecida, ao lado de sua irmã Carmen Ruette, após o falecimento do marido, o industrial Virgolino de Oliveira, em um acidente aéreo. Tratava-se da unidade inicial do Grupo Virgolino de Oliveira, que depois compraria a Usina Catanduva. Foi assim a entrada de Celidônio no ramo sucroalcooleiro.

Com a sucessão do Grupo Virgolino para a próxima geração, Celidônio, então aos 60 anos de idade, fundou a destilaria que se transformaria na Usina Ruette, em Paraíso, que ainda teria uma segunda unidade em Ubarana. Ele conduziu a empresa até 2015, quando formalizou a venda para um conglomerado internacional. As duas usinas, hoje, são da Tietê Agroindustrial.

Nessa trajetória, participou na capital paulista das diretorias da Copersucar, Associação dos Usineiros, Sindicato do Açúcar, Sindicato do Álcool e da Cia. Industrial Paulista de Álcool. Também presidiu a Associação dos Produtores de Açúcar, Aguardente e Álcool da Região de Catanduva (Apac), atual Biocana, no mandato de 2002 a 2004.

“Dr. Antônio sempre foi muito ativo politicamente, mesmo na época de diretor de escola. Foi diretor e presidente da Câmara em Bragança Paulista e Itapira e, depois de ter vindo para Catanduva, para expandir os negócios empresariais da usina, que era pequena e depois cresceu, nunca mais foi candidato, mas sempre esteve envolvido no desenvolvimento e progresso por onde passou”, conta o amigo, professor e atual vereador Gleison Begalli.

Muito bem relacionado, chegou a recepcionar governadores de estado, senadores e deputados. “Ele sempre teve uma relação política muito boa, o que contribuiu para que essas autoridades pudessem ajudar a região em que ele estava”, completa.

Foi candidato ao Senado pelo Estado de São Paulo, na mesma época que Orlando Zancaner foi eleito, nos anos 70. “Tem uma longa história de serviços prestados para a educação e para o desenvolvimento das cidades. Os prefeitos precisavam de apoio no estado, ele ia junto, sempre muito atuante. Foi um cidadão com “C” maiúsculo, apoiando as boas causas.”

Em Catanduva, era presidente de honra da Apae, atuou na associação comercial, participou do movimento para criação do Corpo de Bombeiros, viabilizou a desapropriação da Fazenda São Domingos, que permitiu a criação dos bairros Solo Sagrado e Bom Pastor, e da doação de terras da Usina Catanduva para criação da Citrovita, hoje Citrosuco. Ele tinha presença certa em audiências públicas e conselhos populares.

O empresário também presidiu o Clube de Xadrez de Catanduva (CXC), sendo um entusiasta do esporte na cidade e região. Ao falar sobre o tema, Gleison Begalli lembra que sua amizade com Antônio Celidônio Ruette foi de mais de 30 anos. “Nos conhecemos no Clube de Tênis, onde eu era professor e ele ia todas as tardes jogar xadrez comigo, mas eu não sabia quem ele era. Depois que soube, só aumentou minha admiração por ele por tudo que ele fez. No xadrez, sempre atuamos juntos e ele fez de Catanduva essa referência no esporte em todo Brasil”, enaltece.

Dotado do mais acentuado espírito público, sempre prestigiou as entidades assistenciais e filantrópicas de Catanduva e da região, que contaram com sua benemérita colaboração.

Foi casado com Maria de Lourdes Couto Ruette, a Deca Ruette, educadora, escritora e artista plástica que faleceu em 2013. Tiveram cinco fihos: Antonio Ricardo, Regina Maria, Silvia Helena, Carmen Lucia e Antonio Eduardo, além de sete netos e oito bisnetos. Há dois anos, casou-se com Ana Lídia Florêncio Ruette. O sepultamento foi no Cemitério Monsenhor Albino.

RECONHECIMENTO E HOMENAGENS

Antônio Celidônio Ruette dá nome a estradas vicinais nos municípios de Viradouro e Paraíso e, pelos serviços prestados à comunidade, recebeu diversas homenagens ao longo da vida, entre elas a “Grã Cruz da Ordem de Albatroz”, do Museu de História do Rio de Janeiro”; a medalha Euclides da Cunha, pelo Clube dos Estados; a medalha de Mérito Municipalista, pela Associação Paulista de Municípios; além de homenagens no governo Abreu Sodré e do poder judiciário.

Entre os títulos recebidos por sua contribuição regional, podem ser citados os de cidadão palmarense (1984), viradourense (1990), paraisense (1992), ariranhense (1992), catanduvense (2001), monteazulense (2002), jaboticabelense (2007) e itapirense (2013).

Em homenagem póstuma, o prefeito Padre Osvaldo decretou luto oficial de três dias em Catanduva. “Um ser humano maravilhoso, caridoso, empreendedor que empregou milhares de pais e mães, ajudou incontáveis famílias, patrocinou diversos eventos no interior paulista, contribuiu com dezenas de entidades. Teve um legado incrível, destacando-se ainda como esposo, pai e avô. Sem dúvida, um extraordinário benfeitor que será lembrado por gerações”, escreveu o religioso.

O mesmo fez o presidente da Câmara, Marquinhos Ferreira (PT). “Ele foi um dos principais empreendedores da nossa região, com destacada atuação no setor sucroenergético, tendo também uma intensa participação na sociedade civil catanduvense, especialmente no esporte e na educação. Aos familiares e amigos, nossas sinceras condolências”, frisou a Câmara, em nota.

Outras instituições manifestaram seu pesar, casos da Associação Comercial e Empresarial (ACE), da Prefeitura de Paraíso, da Câmara Municipal de Itapira e da UDOP - União Nacional da Bionergia, da qual Ruette foi conselheiro. "Antônio Celidônio Ruette deixa um legado de empreendedorismo e imensa dedicação para o nosso setor. Sempre compartilhou o seu rico conhecimento e boas práticas, buscando o melhor para o agronegócio brasileiro. Ao longo da carreira, participou ativamente como conselheiro da UDOP, o que é motivo de muito orgulho para a entidade", comentou o presidente executivo Antonio Cesar Salibe.

Autor

Guilherme Gandini
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