Meninos alimentam sonhos vendendo juju pelas ruas de Catanduva
Jhessley e Guilherme querem ser jogadores de futebol e já conseguiram juntar dinheiro para ver jogo no estádio do Palmeiras
Foto: O REGIONAL - Jhessley e Guilherme vendem juju no calçadão e nas praças centrais todas as tardes
Por Guilherme Gandini | 25 de dezembro, 2022

São cerca de três quilômetros de caminhada, do Jardim Paraíso até a Praça Monsenhor Albino, no Centro de Catanduva. O trajeto é cumprido ao menos duas vezes por dia para ida e volta, no período da tarde, por Jhessley Andreoli dos Santos, 13 anos, e Guilherme Alexandre da Silva, 14. Eles vendem juju pelas ruas centrais como forma de alimentar seus sonhos.

Um deles já foi concretizado. Em agosto passado, eles viajaram para São Paulo para assistir a um jogo de futebol no Allianz Parque, o estádio do Palmeiras, que naquela ocasião enfrentou o Atlético Mineiro pelas quartas de final da Libertadores. O alviverde ganhou por 6 a 5 nos pênaltis, mas os catanduvenses precisaram sair antes da definição para pegar o ônibus.

Jhessley é palmeirense, mas Guilherme é santista e topou a viagem pela experiência de vida, que só foi possível porque a dupla juntou mais de mil reais vendendo juju. O dinheiro foi usado para pagar os ingressos do jogo, além de três passagens de ônibus – Lucimara, mãe de Jhessley, acompanhou os adolescentes e depois ficou na casa de parentes durante a partida.

A ideia de vender juju foi sugerida ao filho justamente por Lucimara, que faz as guloseimas em casa. Ele então chamou alguns amigos para encarar o desafio, até chegar a Guilherme, morador da vizinhança, mas com quem fez amizade durante as aulas na escolinha de futebol WT Esportes. As primeiras tentativas foram porta a porta, até que a dupla decidiu percorrer o Centro.

Na caixa de isopor que eles carregam cabem por volta de 35 jujus, mas eles costumam sair com cerca de 20, para evitar peso extra. A jornada começa por volta das 14 horas, já que pela manhã eles estudam na escola Arnaldo Zancaner, e segue até o final da tarde, quando eles tentam vender as últimas unidades, já amolecidas pelo calor, no semáforo do Corpo de Bombeiros.

“Não precisamos ajudar em casa, o dinheiro fica com a gente mesmo”, diz Jhessley, que até auxilia no orçamento familiar, já que eles compram os jujus feitos por sua mãe. Na ocasião da entrevista a O Regional, há alguns dias, eles fizeram o trajeto de casa até a área central duas vezes, com intuito de aproveitar o movimento do horário estendido do comércio.

NOVOS PLANOS

Não fossem os dois menores de idade, o projeto seguinte seria abrir uma loja de R$ 1,99. Eles até consultaram o valor do aluguel de um ponto comercial no bairro, mas desistiram da ideia ao constatar que, por causa dos estudos, precisariam ter outra pessoa de confiança ou um funcionário no local. “Continuaríamos vendendo juju para completar o ganho da loja”, dizem.

A intenção de Jhessley é guardar dinheiro para ir aos Estados Unidos, onde seu irmão mora. Ele também retomará os treinos de futebol na escola Bola na Rede, paga por seu pai. Já Guilherme vai direcionar o lucro das vendas para a mensalidade da escolinha, para treinar com o amigo.

Tudo isso de olho no futuro: ambos sonham ser jogador de futebol, Jhessley na ponta esquerda e Guilherme no gol. Eles esperam chamar a atenção de algum olheiro dos grandes times.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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