Médico Carlos Elyseo, referência na Fameca, morre aos 93 anos
Pediatra respeitado, ele foi o grande responsável pela diminuição da taxa de mortalidade infantil em Catanduva
Foto: Comunicação/FPA - Carlos Correa foi homenageado, em 2023, por 50 anos de trabalho na Fundação
Por Da Reportagem Local | 29 de junho, 2024

Faleceu na quinta-feira, 27, o médico pediatra Carlos Elyseo Castro Correa, docente do curso de Medicina/Fameca da Unifipa desde 1970 na disciplina de Pediatria e Puericultura. Ele deixa a esposa Luzia, filhos e netos. Em março de 2023, o profissional foi homenageado pelo projeto ‘Aniversário por tempo de empresa’ por 50 anos de trabalho na Fundação Padre Albino.

Graduado pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto/USP em 1959, com doutorado pela mesma faculdade em 1968, Dr. Carlos foi diretor da Fameca de 1981 a 1985; presidente da Coreme (Comissão de Residência Médica) e coordenador do Programa de Residência Médica em Pediatria.

Pediatra respeitado por sua atuação, tinha grande experiência principalmente com relação a recém-nascidos, intolerância à frutose, rim - pediatria, síndrome nefrótica e galactosemia.

Ele foi o primeiro diretor da Faculdade de Enfermagem de Catanduva (FEC) e convidou Dulce Maria Silva Vendruscolo para auxiliar nos trabalhos para instalação do curso. Foi o grande responsável pela diminuição da taxa de mortalidade infantil em Catanduva.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo, edição de 9 de agosto de 1999, publicou a matéria “Mortalidade cai em Catanduva”, que diz que a instalação e o trabalho da Faculdade de Medicina de Catanduva (Fameca) causaram "uma revolução na saúde da cidade, que hoje tem o menor índice de mortalidade infantil do país, segundo relatório do Ministério da Saúde.”

A matéria afirma, ainda, que “com redução crescente da mortalidade infantil desde então, seu índice baixou a 7,21 mortes por mil nascidos vivos”. Esse índice, segundo a Folha, é comparável ao do Canadá, país que ocupa os primeiros lugares no ranking mundial de qualidade de vida.

Sem dúvida, o trabalho realizado pela Fameca, através do Hospital Escola Padre Albino, com apoio e estímulo da Fundação Padre Albino, foi fundamental para a queda desse índice.

RECUPERANDO A HISTÓRIA

Tudo começou em 1974 com a chegada do professor doutor Carlos Elyseo Castro Correa para organizar o Departamento de Pediatria da Fameca. O coeficiente de mortalidade infantil era de 111 por mil, ou seja, de cada 1.000 crianças nascidas em Catanduva e região, 111 morriam no primeiro ano de vida. Esse índice era, na época, um dos piores do Estado, assemelhando-se apenas às cidades do Nordeste.

Essa realidade começou a mudar quando, por determinação do Conselho de Curadores e da Diretoria Administrativa da Fundação Padre Albino, Carlos Correa, após apresentar um plano de organização, foi nomeado chefe do Serviço de Pediatria do Hospital Escola Padre Albino.

O trabalho, para oferecer melhor assistência às crianças, começou com a organização de um Ambulatório Geral, um Ambulatório para Prematuros, uma Enfermaria padrão onde as internações eram feitas por faixa etária, um Pronto Atendimento, Berçário para normais, patológicos e prematuros, um Pronto Socorro para emergências, Terapia Intensiva e um Centro de Saúde Escola na Vila Sotto, de onde vinha a maioria das internações. Segundo Correa, “todas essas medidas tinham participação ativa dos doutorandos, médicos residentes, docentes de plantão e sobretudo enfermagem de alto padrão nas enfermarias”.

Em 1980, o Coeficiente de Mortalidade Infantil caiu para 70 por mil; em 1984, para 43 por mil; em 1986, para 22,5 por mil e, em 1993, para 17,1 por mil. De 1980 a 1993, Catanduva teve queda de 61,22% em sua Mortalidade Infantil. Deste último coeficiente, Carlos Correa ressaltava que 11,36% representam Mortalidade Infantil do período Neonatal.

Segundo o especialista, “a mortalidade Neonatal (0-30 dias) é a mais difícil de se fazer cair, pois boa parte representa a mortalidade decorrente de doenças genéticas muitas vezes sem prevenção adequada”. Em 1995, em artigo publicado neste Jornal da Fundação Padre Albino, dr. Carlos previa que “parte dessa mortalidade Neonatal irá cair bastante desde que tenhamos uma melhor assistência pré-natal e uma melhor assistência ao recém-nascido”.

E esse trabalho começou a ser feito. No início de 1996, a Fundação Padre Albino terminou a reforma da Pediatria Cirúrgica e da Enfermaria de Suporte ao Pronto Socorro e a reforma e ampliação da UTI Infantil no 1º andar do Hospital Escola Padre Albino. Com a reforma, a Pediatria passou a ter total de 30 vagas, mais dois leitos de isolamento.

A UTI Infantil foi dotada de oito leitos e equipamentos de primeira linha, atendendo recém-nascidos da região e crianças transferidas da Enfermaria, acidentadas ou de pós-operatório delicado. A UTI Neonatal foi implantada no Hospital Escola Padre Albino em 22 de fevereiro de 1995, dotada de todos os equipamentos necessários – respiradores, oxímetros de pulso, monitores cardíacos e aparelhos de perfusão venosa. Ela atende somente os recém-nascidos que necessitem de cuidados intensivos, nascidos na Maternidade do Hospital Padre Albino.

Carlos Correa sempre enfatizou que há condições para diminuir ainda mais o número atual, de aproximadamente 7 mortes por mil nascimentos. Amparava-se nos trabalhos de aconselhamento genético e biologia molecular que serão implantados pela Fundação Padre Albino.

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Da Reportagem Local
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