O câncer de cabeça e pescoço é um dos mais comuns no Brasil. Mesmo assim, quase 80% dos casos ainda são diagnosticados em estágio avançado, o que reduz drasticamente as chances de cura e aumenta o risco de sequelas permanentes. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o país deve registrar mais de 39 mil novos casos por ano até 2025. Com a inclusão dos melanomas que afetam a região, o número ultrapassa 48 mil diagnósticos anuais.
A doença pode atingir estruturas como boca, garganta, laringe, seios da face, glândulas salivares e pele da região. É mais comum entre homens, especialmente fumantes e pessoas que consomem álcool com frequência. Mas chama atenção o crescimento dos casos entre jovens, associados à infecção pelo HPV.
“Os sinais costumam ser silenciosos no começo, o que atrasa o diagnóstico. Por isso é tão importante prestar atenção em qualquer alteração que persista por mais de três semanas, como feridas na boca e garganta, rouquidão, dor para engolir ou nódulos no pescoço”, explica a médica radiologista Laís Fajardo Ramin, especialista em imagem de cabeça e pescoço.
Ela reforça que, quando descoberto cedo, o câncer tem mais de 90% de chance de cura. “Os exames de imagem são fundamentais para diagnóstico e acompanhamento do tratamento e tem suas indicações específicas. A ultrassonografia ajuda a avaliar linfonodos e glândulas cervicais. A tomografia e a ressonância mostram a extensão do tumor, e o PET-CT dá informações sobre a atividade metabólica local e metastática da doença que são importantes para o planejamento terapêutico e controle”.
Consultas regulares com médicos e dentista, cessação do etilismo e do tabagismo, vacinação contra o HPV e o uso de preservativos durante o sexo oral, bem como proteção solar são as principais estratégias de detecção precoce e prevenção.
Mesmo com o fim da campanha Julho Verde, que reforça os alertas sobre esse tipo de câncer, a médica destaca que os cuidados precisam durar o ano todo. “O câncer de cabeça e pescoço tem cura, principalmente se for descoberto cedo. O corpo dá sinais. A gente só precisa parar e ouvir”, afirma.
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