Mahatma Gandhi diz que médica afastada de Unidade de Saúde do Flamingo furtou testes de Covid
Ela teria confessado que retirou produtos para atender familiares na cidade de Ariranha
Foto: CÂMARA DE CATANDUVA - Moradores reivindicam retorno da médica que atendeu o bairro por 10 anos
Por Guilherme Gandini | 15 de março, 2022

A Associação Mahatma Gandhi informou na tarde desta segunda-feira, 14, com exclusividade ao Jornal O Regional, que a médica que atuava na Unidade de Saúde da Família - USF Dra. Isabel Etruri, no Parque Flamingo, afastada na semana passada, teria furtado 17 testes de Covid-19. A comunidade do bairro, desde a data da transferência, reivindica o retorno da profissional.

“A Associação Mahatma Gandhi, procurando preservar a imagem da profissional envolvida manteve-se, num primeiro momento, em silêncio, informando apenas que toda e qualquer mudança é pautada em avaliação do serviço segundo critérios técnicos e administrativos”, ponderou.

Porém, a organização decidiu mudar a conduta diante da repercussão do caso e das interpretações equivocadas.

“No dia 4 de março a médica prestadora de serviços da referida unidade foi advertida pela Equipe Técnica da Associação Mahatma Gandhi a respeito de falhas técnicas verificadas pela equipe e Supervisão Técnicas. Durante a aplicação da advertência, a mesma confessou ter retirado da unidade de saúde, sem autorização, um total de 17 testes de Covid-19 (sendo 13 testes rápidos antígeno e 4 testes rápidos IgG\IgM), alegando que seriam utilizados em seus familiares residentes na cidade de Ariranha-SP”, diz a nota.

Segundo o Mahatma Gandhi, tais testes foram subtraídos da unidade durante o ano de 2021 e início de 2022. “Após minuciosa apuração interna, foi constatado que os referidos exames realmente foram retirados da unidade, com o registro do usuário e senha da referida profissional médica. No dia 8 de março último, a profissional solicitou seu desligamento das suas funções.”

A instituição afirmou, ainda, que devolveu as unidades ao município. “A Associação Mahatma Gandhi informa que já efetuou a devolução ao município dos aludidos testes subtraídos, assumindo as despesas, sem prejuízo para a Prefeitura de Catanduva. A instituição também já registrou Boletim de Ocorrência sobre os fatos ocorridos.”

A reportagem do Jornal O Regional não conseguiu contato com a médica que atuou no local para obter sua versão sobre os fatos. O espaço ficará aberto para manifestação da profissional.

MANIFESTO

Depois do desligamento da médica no Parque Flamingo, prontuários, exames e documentos de pacientes foram encontrados na lixeira da escola situada nas proximidades, na sexta-feira, 11. A catadora de recicláveis que localizou os papeis, Tamires Fernanda da Costa, e sua amiga, Sônia Aparecida dos Santos, cujos prontuários estavam em meio ao lixo, registram boletim de ocorrência. O caso foi acompanhado pelo vereador Gleison Begalli (PDT), presidente da Câmara.

O fato agravou a crise instalada no postinho. Uma reunião foi realizada por moradores em frente ao local, nesta segunda-feira, 14. O grupo tenta organizar manifesto em frente à Prefeitura com a intenção de entregar abaixo-assinado, que já tem mais de 600 assinaturas, ao prefeito Padre Osvaldo. Se for mantida diante das novas informações reveladas pelo Jornal O Regional, a tendência é que a ação se desenrole na próxima sexta-feira, dia 18.

Durante a reunião, aao relatar os fatos e a decisão de registrar boletim de ocorrência depois do vazamento dos documentos, Sônia subiu o tom. “Meu prontuário estava no lixo. Eu achei, filmei, peguei o meu cartãozinho da saúde, mais documentos dos pacientes, e está tudo preso na delegação junto com o boletim de ocorrência. Vai tudo para o Fórum, deve ter milhares de receituários, exames, tudo”, criticou.

Conforme o B.O., o crime foi enquadrado como violação do segredo profissional. Parte dos documentos foram recolhidos pela Polícia Civil no momento do registro. O restante, compondo grande volume, foi apresentado pelas declarantes no Distrito Policial para investigação.

Falando à comunidade, Gleison Begalli reforçou que só ouviu elogios sobre a médica que atuava no local, Andrea Carvalho. “Pelo que conversei, ela não é só uma médica, é uma pessoa que faz parte da família de vocês, pelo atendimento, atenção e carinho. Conversei com ela, vi a dedicação e empenho dela. Ela disse que não faz Medicina por dinheiro, mas por amor, e que o Flamingo é sua vida, tanto que foi transferida e pediu pra sair.”

PREFEITURA EXIGE QUALIDADE

Em entrevista exclusiva ao Jornal O Regional, o prefeito Padre Osvaldo afirmou que a postura dos usuários da unidade de saúde é legítima, mas que compete à Prefeitura exigir a prestação de serviços de qualidade à população, e não exigir que seja contratado esse ou aquele profissional.

“A Prefeitura contrata uma empresa para executar o trabalho, no caso hoje a contrada é o Mahatma. Essa médica, por sinal uma ótima médica, é contratada pela empresa, que tem que prestar um bom serviço ao município. O município, por sua vez, não pode interferir na ação da empresa – contrate um, contrate outro. O que a empresa tem (que fazer) é oferecer um trabalho de qualidade para o município. Isso, sim, nós temos que exigir”, declarou.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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