O empresário e ex-prefeito Afonso Macchione Neto esteve nas rádios Vox FM e Vida FM nesta terça-feira, 23, para falar sobre o projeto do prefeito Padre Osvaldo (PL) que altera a Planta Genérica de Valores do município e, como reflexo, poderá elevar o IPTU em 54%, em média. Ele foi o segundo entrevistado da série lançada pelas emissoras e que prossegue até sexta-feira.

Ao abordar o tema, Macchione sugeriu que o valor venal dos imóveis seja readequado, por estar aquém do ideal, mas defendeu que o montante do IPTU arrecadado permaneça no patamar atual. Essa foi, segundo ele, a estratégia adotada em seu mandato, na última revisão da Planta Genérica de Valores, em 2010. O imposto subiu para alguns e caiu para outros, mantendo o total.

“Os valores venais precisam ser corrigidos, sem dúvida alguma, a defasagem é grande, existe uma distorção na arrecadação do ITBI, ele precisa ser readequado. Agora, na proposta como está sendo feita, algumas correções serão necessárias, temos que diminuir a alíquota sobre o imóvel, senão fica impagável. Nós tomos passaríamos a pagar, muitos já pagam hoje, um aluguel.”

Questionado sobre o motivo de a prefeitura propor o aumento do imposto em índices que podem chegar a 500% para algumas localidades, Macchione criticou o governo municipal.

“Qual é o espírito da prefeitura? O espírito é arrecadar? Parece que sim. Se o espírito é arrecadar, esse é o caminho que eles estão fazendo. E não é o certo. Porque o nosso IPTU, o montante arrecadado já é equilibrado, está muito bom para o município o que se arrecada de IPTU nos valores de hoje”, disse ele, reforçando sua proposta de corrigir apenas os valores venais.

E complementou: “Em contrapartida, a prefeitura passaria a arrecadar um valor melhor de ITBI, mas não prejudicaria a população, porque o ITBI só incide em cima de comercialização. Seriam situações esporádicas e não fazer toda a população ser penalizada da forma como estão se apresentando os valores.”

Macchione foi além e afirmou que a atual gestão gasta mal. “Isso tudo corresponde a uma má administração. Qual é a função do gestor? É minimizar custos e aumentar patrimônio. Por exemplo, não tem sentido nenhum terem vendido a Cindre, que é o prédio lá na Vila Amêndola, nós tínhamos um projeto maravilhoso, uma praça para idosos. A Prefeitura gasta muito mal.”

Segundo ele, há terceirizações e despesas que poderiam ser evitadas. “Tem determinados serviços que a prefeitura tem que terceirizar e tem determinados serviços que não tem sentido”, afirmou, indicando que a terceirização é importante, mas cara em diversas situações.

“Qual é o problema hoje? O problema é que eles precisam de dinheiro. Eles não vão conseguir fechar a conta. Não vai fechar. É muito gasto e sem uma contrapartida para a população. A cidade está inteira esburacada. O pavimento já venceu faz muito tempo, agora faz um quarteirãozinho aqui, outro lá, aí vem a divulgação. Fala muito e não se faz nada ou quase nada.”

Por fim, Macchione disse considerar contraditório a prefeitura elevar o valor do IPTU e, ao mesmo tempo, oferecer programa anual de anistia. “Todo ano vai esperar o Refis, porque ninguém vai aguentar pagar. É uma situação constrangedora”, lamentou.

ELEIÇÕES

Macchione afirmou que não tem pretensões políticas, mas disse acreditar que há tempo para surgir um novo nome para a próxima corrida eleitoral, já que, em sua visão, não há ninguém imbatível no cenário atual. Além disso, ventilou que Padre Osvaldo pode ter assumido o desgaste com o aumento do IPTU para fechar suas contas e buscar seu sucessor, que terá cofre cheio.