O ex-prefeito Afonso Macchione Neto concedeu entrevista para o V1 Notícias, na rádio Vox FM, nesta quinta-feira, 18, e afirmou que não considera o perfil do prefeito Padre Osvaldo adequado para conduzir a máquina pública. O depoimento surgiu quando questionado sobre o panorama da política local e sua visão de futuro. O vídeo está disponível no Facebook @radiovox.cat.
“Todos nós temos um perfil, alguém faz medicina, alguém faz economia, porque é aptidão. O padre fez o sacerdócio. Ele tem tino administrativo por tudo que ele fez na igreja dele, realmente é elogiável. Agora numa administração pública ou de grande porte, de uma grande empresa, eu acho que o perfil não é adequado, mesmo pela própria formação”, analisou o empresário.
Ao falar sobre os gastos públicos, Macchione afirmou que considera o cenário de Catanduva “muito triste” e temer que faltarão recursos para investimentos num futuro próximo. “Acho que vamos passar por grandes dificuldades, não vejo possibilidade de melhorias inclusive nas próximas administrações, porque o legado que vai ficar é muito pesado.”
Questionado sobre a possibilidade de ser candidato no ano que vem, depois de recentemente ter recuperado seus direitos políticos, deixou o tema em aberto. Reconheceu preferir assim do que depois ser cobrado por ter negado e, eventualmente, decidir apresentar sua candidatura.
“Sinceramente não estou nem um pouco entusiasmado. O meu desligamento foi muito doloroso, a gente estava lá com as melhores das intenções, tínhamos grandes projetos para serem implantados. Esses dois últimos anos da administração que estive à frente foram extremamente difíceis, a prefeitura sem recursos para nada e quando a gente estava pondo a casa em ordem, me cassaram. Então doeu muito, todos nós sentimos bastante, a família, então eu não tenho entusiasmo, pelo menos no momento, tenho medo até de pensar”, argumentou.
Macchione relembrou que não poderia deixar a população sem transporte coletivo em pleno mês de dezembro, com o comércio aberto. Aproveitou, inclusive, para alfinetar a Câmara.
“Não foi por falha nossa não, nós começamos 9 meses antes, abrimos um processo licitatório, mas só a Câmara segurou 90 dias um processo para ser julgado e agora a gente percebe que os processos são julgados a toque de caixa, e naquele momento eu não tinha essa facilidade. Mesmo porque eu sempre fui muito duro com tudo, concordo que fui muito rigoroso, mas é o meu jeito, são critérios administrativos, ou você tem uma linha, um critério, senão bagunça.”
O ex-prefeito afirmou que o embate com a Câmara começou já no início do mandato, quando ele apoiou o ex-vereador Cidimar Porto para a presidência da casa. Disse que, com isso, acreditava na redução dos gastos do Legislativo. “Eu queria baixa esse valor, então nós começamos tendo problemas. Acabou como acabou. O embate foi muito desgastante.”
Porém, garantiu que, olhando para trás, não faria diferente. “É o meu jeito, não posso me perverter, sou assim nas empresas, a gente é muito austero, gosto das coisas muito corretamente feitas. Mas acho que no meio político é difícil manter esse critério.”
DISSÍDIO
Ao comentar o Dissídio de 2015, que não foi pago pelo ex-prefeito Geraldo Vinholi e, apesar de ter prometido, não honrado por ele próprio, Macchione comparou a situação financeira dos dois períodos – a de sua gestão e a de Padre Osvaldo, que quitou a pendência com o funcionalismo.
“Uma coisa é você entrar na prefeitura com R$ 60 milhões de déficit, você não tinha dinheiro nem para comprar a merenda, muito menos remédio. Tinha os compromissos, mas não tinha recursos. Outra coisa é o que aconteceu agora que a Marta [do Espírito Santo, ex-prefeita] deixou a prefeitura saneada e com dinheiro em caixa. Com dinheiro na mão, qualquer um (faz)”.
Lembrou ainda que poderia não ter dado o dissídio da categoria no primeiro ano de sua terceira gestão, em 2017, e utilizado o mesmo recurso para quitar os valores devidos desde 2015. “Achei que não era a melhor forma, porque eu via a possibilidade de pagar esse dissídio antigo.”
EMPRÉSTIMO
Ainda restou tempo para Macchione defender os parques públicos construídos em sua gestão a partir de empréstimo internacional. Ele relembrou que gastou apenas parte do recurso, pois o restante foi consumido por Vinholi. “Esse empréstimo veio para fazer o tratamento de esgoto, quando já tínhamos o sinal verde, veio o dinheiro da União para o saneamento, então gastei metade do valor. O prefeito que me substituiu poderia ter feito a opção e não ter gastado.”
Porém, ponderou que a prefeitura pode assumir empréstimos, se bem utilizados. “Os parques foram um grande ganho, embelezaram a cidade e deram prazer para a população. De qualquer forma, o pagamento está sendo feito e, qual era o nosso comparativo? A Área Azul pagava o empréstimo. Nós recebíamos em torno de R$ 80 mil por mês, que dava pra pagar perfeitamente”, garantiu. “Hoje nem Área Azul temos e parece que até será terceirizada.”
Autor