Luciano Bugatti mira terceirização e diz que pode ser a primeira via
Candidato pelo União Brasil listou prioridades que seguiria ao assumir a gestão e garantiu que retomará o Carnaval
Foto: O Regional - Luciano Bugatti criticou governo: ‘não estou vivendo no mesmo mundo que esse povo’
Por Guilherme Gandini | 29 de agosto, 2024

O comerciante Luciano Bugatti (União Brasil), candidato a prefeito de Catanduva, participou da sabatina da Vox FM e do jornal O Regional nesta quarta-feira, 28, e reforçou críticas feitas na entrevista anterior, no mês de abril. Mirou, em especial, os contratos terceirizados da prefeitura, dizendo que todos seriam reavaliados – mas fez críticas mais duras ao transporte coletivo. Disse, ainda, que a polarização entre Padre Osvaldo (PL) e Beth Sahão (PT) poderá não acontecer.

O Regional/Vox FM: Quais os principais problemas que Catanduva tem hoje?

Luciano Bugatti: Catanduva tem muito problema e a gente sabe disso. É uma cidade que a gente não queria estar morando dessa forma. Por isso que estamos aqui. Os principais problemas que nós temos hoje é a saúde, a educação e serviço. Eu destaco principalmente serviço, porque ninguém tem saúde sem trabalho e eu acredito que nós precisamos imediatamente mudar isso daí, trazer uma forma inteligente de buscar serviço que eu sei o caminho, fazer uma plataforma correta, um distrito industrial inteligente para trazermos essas empresas para cá. Empresas grandes, médias e pequenas. E além de tudo, nós temos que ir nas que estão aqui e dar incentivo para voltar a gerar serviços com força. Entrando pela saúde, porque é até triste falar a situação da saúde de Catanduva. Nós temos hoje um UPA superlotado, os postinhos com muita gente para atendimento e nós precisamos imediatamente montar um novo UPA na região do Nova Catanduva, que é uma região que cresceu muito e está esquecida. Tem se um posto de saúde que está construindo lá, como todas as obras que está nesses últimos quatro anos, começa e não termina. Nós precisamos imediatamente fazer um UPA naquela região com uma ala para criança e para atendimento para idoso e dobrar o número de médicos. E na área da educação, nós temos que passar a cuidar das nossas crianças, desde o pré-natal, para entrar na escola com período integral, para termos uma merenda de qualidade. Matéria dada, matéria estudada e ali dentro da escola nós temos que ter conservatório, futebol, vôlei, basquete, cada sorriso tirado de uma criança é uma criança a menos na rua.

O Regional/Vox FM: Essas seriam as suas prioridades?

Você vê a necessidade da população e a briga atrás de serviço. Não adianta levantar bandeira na rua Brasil nesse momento, porque aquele pessoal que está com a bandeira erguida na rua Brasil para o candidato que está se ostentando com dinheiro supostamente público, eles teriam que estar nas empresas trabalhando. Nós precisamos mudar isso imediatamente. Isso daí acaba esse período eleitoral, todos vão embora. Nós precisamos mudar agora e tem muitas mudanças para ser feito em Catanduva. Nós temos que agir imediatamente no transporte público. Eu falei aqui da outra vez que andava um ônibus enorme, com duas pessoas, sem ar condicionado, sujo, fedido. Colocou-se um ônibus pequeno, que não dá nem para entrar apertado. Parece que você está andando num cabrito. Nós temos que analisar esse contrato aí, abaixar esse contrato, todos os contratos, mas principalmente o contrato da concessão de transporte público. Se não tiver certo, nós vamos até a fabricante, vamos comprar os ônibus financiados e colocar transporte público próprio para dar um serviço de qualidade para o pessoal largar o carro em casa e não fazer o que está acontecendo no centro da cidade. Os funcionários vêm de carro, não tem nem lugar para parar no centro da cidade. Então nós temos que ter atitudes inteligente e não agir pelo fígado, porque essa administração que está aí, ela não está agindo com o cérebro.

O Regional/Vox FM: O sr. tem afirmado que Catanduva está estagnada, que as empresas não enxergam a cidade como um local atrativo para investir. O que o senhor pretende fazer para mudar essa realidade em quatro anos?

Não sou eu que estou observando que a cidade está estagnada, é qualquer catanduvense. Olha, nós temos muitos passos. Primeiro é colocar uma plataforma para buscar empresas que Catanduva tem toda condição de receber, dar estrutura dos parques industriais. Parque Industrial IV não tem nem coleta de esgoto. Você tem ideia? Nós temos deputada aqui em Catanduva, bate no peito, fala que é seis vezes deputada, você passa São Carlos, tem universidade pública, Araraquara tem universidade, porque passa reto em Catanduva? Passou na nossa cara que o governo do PT foi para São José do Rio Preto. Catanduva não tem universidade pública. Se nós trouxermos empresa em grande expressão, a molecada que não está mais aqui, as pessoas que foram embora daqui vão voltar, vão ter interesse em voltar. A nossa cidade vai melhorar. Nós vamos fazer uma malha de asfalto em Catanduva, é 120 km. Catanduva está horrível, está uma nojeira, está uma nojeira. Se a gente não melhorar isso daí não tem nem condição. A população tem que ter coragem de mudar porque a situação está ruim e o prefeito ele não tem que fazer enraizamento, ele tem que ficar lá por uma gestão e ir embora, dar espaço para outra pessoa poder administrar a nossa cidade, porque o enraizamento ele faz com que a pessoa crie vícios e nós não podemos que isso aconteça mais na política, nós temos que mudar essa situação, principalmente nossa cidade, não tem mais tempo a perder.

O Regional/Vox FM: O sr. é empresário com experiência de décadas em Catanduva, no patrimônio declarado à Justiça Eleitoral, porém, constam apenas cerca de R$ 33 mil, o que inclui cotas de capital de R$ 10 mil da sua empresa. É um valor relativamente pequeno, considerando o orçamento da cidade, que é de mais de R$ 800 milhões. O sr. se considera pronto para administrar um volume tão grande de dinheiro?

Basta você saber a minha história. Eu sou um catanduvense, tenho uma história bacana dentro do que eu faço. Eu trabalhei 40 anos com postos de combustível. Eu nunca trabalhei em poder público, eu nunca tive cargos públicos, eu nunca precisei. Graças a Deus eu vivi muito bem. Como eu sempre disse, ganhei dinheiro, perdi dinheiro, e sou feliz no que eu faço. Eu acho que eu tenho autoconhecimento de todos os pontos da prefeitura, de todos os departamentos e secretarias da prefeitura e sei aonde que está o verdadeiro problema e onde que nós temos que mexer para Catanduva voltar a crescer. Uma pessoa para ser digna, ela não precisa ter dinheiro, dignidade é uma obrigação do ser humano. Não é porque a pessoa tem dinheiro que ela é digna.

O Regional/Vox FM: Candidato, uma crítica recorrente sua é quanto ao número de empresas terceirizadas pela prefeitura. A ideia é fazer os serviços todos com servidores públicos?

Não, não. A terceirização é necessária. A terceirização é uma parceria necessária, certo? Simplesmente nós temos que analisar os contratos que estão abusivos, supostamente abusivos. Eu não posso falar qual é o abusivo, mas que tem abusivo, supostamente tem. Nós vamos abaixar todos os contratos, todos da prefeitura e da Saec. Nós vamos analisar todos os contratos e o que estiver bom fica. O que não tiver bom vai parar. A situação do ônibus é que a empresa de ônibus pega para fazer o transporte público, depois ela começa a reclamar e esse é um problema. Agora, os contratos que estão rodando na prefeitura não têm nem dinheiro para pagar. O dinheiro cai no caixa da prefeitura e fica esperando para pegar. A Saec está desmontada, a cobrança que está sendo de água, esgoto. Absurdo! Absurdo! Está mais caro você tomar um copo de água em Catanduva do que um copo de vinho na Argentina. Nós precisamos mudar essa realidade, cara. Rapaz, eu acho que eu não estou vivendo no mesmo mundo que esse povo aí.

O Regional/Vox FM: O sr. é o único candidato que menciona no seu plano de governo a intenção de resgatar o Carnaval de rua. Como que o senhor pretende fazer isso?

O carnaval de rua é tradição, não é minha, é dos meus pais. Você tem tradição do carnaval lá de trás, meus avós e coisa lá de trás. Isso daí tem gente que gosta, tem gente que não gosta. Eu gosto de ficar na chácara, entendeu? Mas tem o cara que gosta do carnaval. Isso é uma tradição. Você tem que ter o carnaval, tem gosto. Tem gente que gosta de ficar no retiro espiritual. Então nós temos que ter o carnaval pra quem gosta. Se eu entrar, vai ter o carnaval no primeiro ano, vai ter o carnaval de uma forma correta, não com luxúrias. Eu vou contratar uma empresa, ela vai trazer os grupos e a prefeitura vai dar estrutura para essa festa. Tem pessoa que sai daqui vai para Ibirá, sai daqui vai para Fernandópolis, vai para São Paulo. Tem que ter aqui. Então vamos deixar o dinheiro dentro da nossa cidade. É a mesma coisa que a Festa do Porco, maravilhosa. Ali tem que ser um boulevard, um lugar maravilhoso, um lugar de energia boa. Todo final de semana vão ter que ter festa cultural lá. Mas só que tem os outros bairros também. Nós temos que viver, fazer com que a comunidade do Eldorado viva lá. Nós temos que levar o espetáculo, a cultura tem que chegar lá. É assim que funciona fora do país.

O Regional/Vox FM: O sr. se coloca como uma terceira via nessas eleições, uma opção para quem não quer nem o lado da Beth [Sahão], nem o lado do padre [Osvaldo]?

O nem nem está acontecendo dentro da cidade. Eu não quero Beth, e não quero o padre ou a pessoa que vai votar para o padre tem vergonha de falar: eu não vou votar. Eu me coloco como um catanduvense à disposição. Eu não sei se eu sou a terceira via ou a primeira via, porque supostamente, essas pesquisas aí não está me agradando, como eu acho que não precisa ver corretamente, não é o que falando meus números. Então eu acho que os catanduvenses têm que entender que eles têm o novo na mão e que o novo pode fazer muita coisa por eles. Eu já vi a história que está acontecendo com a atual administração acontecer com um outro candidato que veio do governo, lançou a candidatura, fez uma megaoperação para ganhar a eleição e perdeu a eleição. Agora está na mão do povo. Eu vou te falar um negócio ninguém segura o sol, mas também ninguém segura o povo. Se o povo quiser mudar, muda. Ninguém vai lá e segura o sol de nascer e o povo também. Ninguém segura.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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