Mais leitores sentiram o cheiro de livro novo, no ano passado em todo o Brasil. Segundo pesquisa do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), o ano de 2022 superou o anterior e registrou resultado positivo para o varejo. Foram vendidos 58,61 milhões de livros, 2,98% a mais que os 56,91 milhões de 2021. No faturamento do setor, o aumento foi de 8,33%, chegando a R$ 2,54 bilhões.
De acordo com o Snel, o preço médio do livro também subiu, passando de R$ 41,28 para R$ 43,42 (5,19%), de 2021 para 2022. A escalada da inflação prejudicou o setor, diante da redução do poder de compra das famílias e da alta dos custos da indústria, o que causou desaceleração das vendas. O crescimento real foi garantido com as vendas de dezembro – alta de 6,16% com relação a 2021.
O Painel do Varejo de Livros no Brasil é uma pesquisa realizada pela Nielsen Book do Brasil e divulgada pelo Snel a cada quatro semanas. Os números têm como base o resultado da Nielsen Bookscan Brasil, que apura as vendas das principais livrarias e supermercados no país; a coleta dos dados é feita diretamente no “caixa” das livrarias, e-commerce e varejistas colaboradores.
O funcionário público Fernando Rodriguez Fontana, 45, de Catanduva, comprova a tendência nacional de alta dos números. “Compro livros todos os meses, perdi a conta de quantos comprei em 2022, mas facilmente passaram dos 50, criando um problema de espaço que certamente muitos outros leitores já devem ter experimentado. Onde é que eu coloco os livros novos se a estante já está lotada?”, diz.
Sua relação com os livros é uma paixão antiga, iniciada na infância com os quadrinhos de super-heróis da Marvel e da DC Comics, passando por universos de autores mais densos como Saramago ou Orwell.
“Enxergo o livro como um portal, uma ferramenta mágica que nos permite escutar e aprender com homens e mulheres que muitas vezes já se foram há décadas ou mesmo séculos. Sou um leitor voraz, e como tantos outros espalhados pelo Brasil e pelo mundo, assumo o “vício” e a compra de mais livros do que consigo ler”, confidencia Fontana, que investe em quadrinhos e livros de história e filosofia.
Fontana classifica a si mesmo como uma espécie em extinção, dado o gosto pelo livro no papel, em contraponto à tendência do digital. “Sou um dinossauro que não se acostumou com a modernidade, deveria comprar os livros digitais que entre muitas vantagens, são mais baratos, mas ainda não consegui, gosto do cheiro de livro novo, de ter a obra física em minhas mãos e depois na minha estante.”
Quanto ao preço, o funcionário público reconhece que o valor é alto. “É caro sim, ainda mais quando pensamos em uma parcela da população mal tem dinheiro para pagar o básico”, pontua, completando que, no seu caso, o investimento ainda é possível. “Creio que faço parte de uma parcela privilegiada que compra livros e que o preço pesa no orçamento, mas ainda não se tornou um empecilho.”
Ele pondera que há também quem compre livros de alto padrão e, ainda, as bibliotecas como opção. “Há um nicho dos livros de luxo, edições especiais, capa dura, vendidas por um preço bem mais alto e que esgotam, indicando que há um público para elas. Para quem quer preço mais acessível, existem os livros digitais, e, é claro, se não sobrou grana alguma no fim do mês, os apaixonados podem e deveriam frequentar a biblioteca. Ler é e sempre será um prazer e um investimento em si mesmo.”
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