Julinho Ramos cumpre rotina em Brasília, mas mantém foco em Catanduva
Ele celebra 78 novos mercados abertos em 12 meses pelo Ministério da Agricultura e diz que ‘é preciso pensar na cidade’
Foto: Arquivo Pessoal - Julinho Ramos: ‘temos o respeito do mundo como potência agrícola’
Por Guilherme Gandini | 31 de dezembro, 2023

Com experiência em gestão pública e agronegócio, o catanduvense Julinho Ramos assumiu, em outubro, o cargo de secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária. Ele passou a atuar em Brasília, ao lado do secretário Roberto Perosa, com o compromisso de ampliar as fronteiras comerciais do agronegócio brasileiro no mundo.

Formado em Ciências Jurídicas e Sociais e pós-graduado em Educação, Julinho cursa MBA em Gestão Estratégica de Projetos pela Fia Business School e tem certificado pela Infrastructure and Projects Authority UK, com participação no International Programme for Infrastructure Leaders.

Ele tem mais de 10 anos de experiência na gestão de estruturas governamentais, ocupou mandato legislativo e cargos de assessoramento e direção em diversos órgãos públicos. O mais recente deles foi o de secretário-geral de Administração da Assembleia Legislativa de São Paulo.

Antes, foi assessor da Presidência da Fundação para o Desenvolvimento da Educação de São Paulo (FDE) e coordenador de Infraestrutura e Serviços Escolares do Governo de São Paulo. Também atuou na área privada, com comunicação institucional e sustentabilidade corporativa.

Recentemente, Julinho Ramos reaproximou-se de Catanduva, apesar da rotina em Brasília e das viagens internacionais que o cargo exige. Ao jornal O Regional, ele falou sobre a nova etapa.

O Regional: Como a transição de seu papel na Assembleia Legislativa para o Ministério da Agricultura afetou sua vida pessoal e profissional, e de que maneira o retorno a Catanduva se encaixa nessa mudança?

Julinho Ramos: Foi um ano de muitas mudanças. Comecei como secretário-geral de Administração do maior parlamento da América Latina e estou terminando como secretário-adjunto de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura e Pecuária. Essa mudança profissional também fez com que eu tivesse condições de voltar a morar em Catanduva, já que minha família está aqui. Apesar que nunca deixei de ter meu apartamento aqui e, mesmo morando em São Paulo, no período da Assembleia, sempre estava em Catanduva, seja no meu apartamento, na minha avó, que é minha vizinha de prédio, seja nos meus pais.

O Regional: Quais são seus principais desafios e responsabilidades nesse setor crucial da agricultura e pecuária para a economia brasileira?

Primeiro que é uma honra estar no Governo Federal e uma responsabilidade maior ainda por estar no Ministério da Agricultura e Pecuária, onde os números falam por si só. Somos 50% da balança comercial brasileira, somos 1/4 do PIB e 20% dos empregos com carteira assinada no Brasil estão na agricultura. Somos os maiores em carne bovina, açúcar, soja, milho, café e outros, já estamos chegando perto de ter 10 culturas onde lideramos na produção e exportação.

O Regional: Pode compartilhar como tem sido a experiência de trabalhar com figuras como o secretário Roberto Perosa e o ministro Carlos Fávaro?

Perosa é da nossa região, mora em São José do Rio Preto, tem feito um belíssimo trabalho, nos 12 últimos meses foram 78 mercados abertos, número que superar todos os índices dos últimos quatro anos. Além do que, conhece muito bem o setor, tivemos a oportunidade trabalhar juntos na iniciativa privada e agora estamos juntos novamente. Quanto ao ministro Carlos Fávaro, tive a oportunidade de ter ingressado na gestão pública na gestão do então governador e hoje vice-presidente Geraldo Alckmin e tenho aprendido diariamente com o Fávaro, que além de conhecer muito de gestão, pois foi secretário de estado e é senador licenciado, também é produtor rural. Então ele conhece os anseios do setor e sabe como resolver, tem feito muito bem esse trabalho.

O Regional: Quais estratégias foram adotadas para atingir recordes de abertura de mercados no exterior e como essas ações impactam a posição do Brasil no comércio agrícola global?

São 78 novos mercados abertos em 12 meses. O ministro Fávaro e o secretário Perosa participaram de mais de 20 missões e o resultado está aí, quando a gente olha esses 78 mercados, a gente olha também a oportunidade de poder exportar pra novos mercados. Quando a gente fala de novo mercado, estamos nos referindo, por exemplo, ao México, Egito e tantos outros, que querem comprar do Brasil, pois além de sermos competitivos, temos qualidade.

O Regional: De que forma o Brasil, sob a gestão do presidente Lula, está se posicionando como líder mundial em agricultura e questões ambientais?

O presidente Lula reconstruiu pontes e quebrou barreiras. Temos o respeito do mundo como potência agrícola, mas também como protagonistas na questão ambiental. O maior programa de recuperação de pastagens do mundo é do Brasil, em 10 anos podemos dobrar nossa produção de alimentos, que hoje consegue alimentar 1 bilhão de pessoas, sem desmatar uma árvore, pelo contrário, com investimentos em tecnologia, boas práticas e sustentabilidade. Além de preservar, vamos passar a sequestrar carbono, ou seja, zerar nossas emissões.

O Regional: Qual é a sensação de representar o Brasil no exterior e como você percebe a reação internacional às iniciativas agrícolas e ambientais brasileiras?

Não tenho dúvidas que ainda vamos avançar muito mais e digo isso por que tenho andado lá fora. Você não tem noção do quanto é gostoso e do quanto é bom poder falar do Brasil, das qualidades do nosso povo, da nossa agricultura, do nosso ambiente. Esse é o verdadeiro Brasil, que gera emprego, gera renda e melhora a vida das pessoas. Temos a chance de contribuir com o mundo para reduzir a insegurança alimentar, levar comida para a mesa das pessoas.

O Regional: Como Catanduva pode potencializar sua vocação para o agronegócio?

Catanduva sabe que sua vocação é o agronegócio e precisamos potencializar isso. Precisamos criar uma rede que possa cada vez mais agregar valor aos produtos do agro. Já somos os maiores exportadores da região, agora precisamos construir políticas públicas, junto com a sociedade, para dar condições de produtores e empresas expandirem seus negócios. Essa expansão tem como consequência a geração de emprego e renda, isso é o que vale e esse é o nosso papel.

O Regional: Como você concilia sua popularidade nas pesquisas eleitorais de Catanduva com seu trabalho no governo federal? Quais são seus planos para o futuro político da cidade?

É inevitável, até por eu ter disputado uma eleição para prefeito, que meu nome sempre esteja na mesa. Antes de tudo, precisamos pensar no que é viável para a cidade. Candidatura não pode ser vontade própria, mas uma construção coletiva. Hoje eu e o [Ricardo] Rebelato estamos no mesmo partido, não tenho nada contra a pessoa dele, pelo contrário, sempre nos tratamos com muito respeito, mas estamos em campos distintos. Tenho papel estratégico no governo federal e acredito que esse governo de coalizão vai transformar o Brasil. Recebi com muita alegria e entusiasmo o convite da executiva municipal do PSB e acredito ser o melhor caminho.

O Regional: Qual é o impacto das suas relações com políticos locais, como Beth Sahão e Marquinhos Ferreira, nas suas ações para melhorar Catanduva?

Também é inegável que eu e a Beth nos aproximamos muito. No passado estivemos em campos distintos, mas em 2020 resolvemos nos unir e fiz isso porque acreditava que era o melhor para a cidade. Além dela, minhas relações com os quadros do partido sempre foram ótimas, inclusive com o vereador Marquinhos Ferreira, que tenho entre o meu rol de amigos. Quero o bem de Catanduva e espero contribuir com minha experiência. Não dá mais pra ficarmos no “nós contra eles”, “eles contra nós”, precisamos pensar na cidade.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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