A formatura de Patrick Santos, 21, no curso de Gestão da Tecnologia da Informação na Fatec encerra um ciclo de desafios e superação. Em 31 de agosto de 2020, ao acordar pela manhã, ele descobriu que não conseguia mais se mexer. Sua família estava em Breves, na Ilha do Marajó, no Estado do Pará, e se preparava para uma viagem de balsa de 18 horas até a Belém.
Sem conseguir fazer qualquer movimento, Patrick foi levado à UPA, onde aguardou leito para o hospital regional e, depois, precisou ser transferido por helicóptero dotado de UTI até a capital paraense. Sua mãe Eliandres Ramos de Oliveira, que aniversariou um dia antes, acompanhou o filho no voo, enquanto o pai, o pastor Paulo Ramos de Oliveira, conduziu o ônibus-palco via balsa.
O veículo de grande porte é moradia e meio de trabalho da família até hoje. O casal faz missões religiosas pelo país. Natural de Catanduva, o religioso é ligado à Igreja Assembleia de Deus - Ministério de Catanduva, e cumpre a agenda evangelística Brasil – por isso estavam tão longe.
Patrick foi diagnosticado com a síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune grave e rara, em que o sistema imunológico passa a atacar as células nervosas, levando à inflamação nos nervos periféricos e da espinha dorsal. A internação no 6º andar do Hospital Ophir Loyola durou um mês. Foi aplicada imunoglobulina intravenosa cinco dias seguidos, 20 doses ao todo.
Após a alta, os neurologistas afirmaram que, dali para frente, o tratamento seria fisioterápico. O jovem ficou seis meses acamado, sem mexer nada. Um amigo de Castanhal, no Pará, abriu as portas de sua casa para a família, já que não havia espaço no ônibus para o acompanhamento do rapaz. Foram longos meses de luta, fisioterapia e muito esforço até dezembro de 2021.
Eliandres diz que a experiência foi terrível, mas que, hoje, ver o filho recuperado, andando, é motivo de alegria. “Ele teve que aprender tudo de novo, escovar o dente, pentear o cabelo, se vestir, e hoje ver ele assim parece um sonho, parece que tudo isso não foi realidade, Graças a Deus estamos de pé, a gente olha pra trás e vê que nossa história valeu muito a pena.”
Formado, Patrick diz que o momento mais difícil ficou para trás. “Valeu a pena ter persistido em não desistir do curso, pois apesar de ter começado estando ainda doente, ele que abriu portas para o emprego que estou hoje. Se eu tivesse desistido, não teria emprego na área que queria. Ainda tenho longo caminho pela frente, desejo fazer especialização na área de programação.”
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