Jorge Antônio Corrêa, o Jorginho, uma lenda viva do rádio catanduvense, completou 100 anos no último dia 25 de setembro, coincidentemente, o Dia do Rádio. Embora com a idade avançada, ele se recorda com saudade de quando chegou à rádio Difusora, onde se dedicou à apresentação do programa “Na Sombra da Paineira”, todas as manhãs, ao longo de 50 anos.
Devoto de Nossa Senhora Aparecida, reza diariamente pela manhã e à noite. Santista de coração, ele tem certeza do acesso do Peixe para a elite do futebol brasileiro.
Um dia depois de celebrar o centenário de vida, ele recebeu a repórter Lívia Gandolfi, da Vox FM, para um bate-papo e contou sobre a paixão pela música caipira, em especial por Tonico & Tinoco, sobre sua chegada à Difusora e a trajetória no rádio. O material completo pode ser visto em vídeo que está disponível nas redes sociais da Vox FM e do jornal O Regional.
Lívia Gandolfi: Como é completar 100 anos, é muito tempo de vida, eim?
Seu Jorginho: É muita saúde, alegria e trabalhador. Eu trabalhei bastante, ajudei meus pais até eles morrerem, ajudei os meus irmãos, morreram todos. Dez irmãos. Sobrou só eu. Quando eu nasci, morávamos em Taquaritinga, lá eu fui crescendo, trabalhei na roça bastante tempo. Fui crescendo e cantando em conjunto de Catiguá, cantando aquelas modas (de viola). Depois mudei para a cidade e formei uma dupla caipira com meu primo. Aí comecei a cantar na rádio.
Lívia Gandolfi: Como começou a sua história com a rádio?
Eu fui cantar uma vez num concurso, num programa de calouros. Eles gostaram de mim e comecei a trabalhar na rádio Difusora. Ganhei o concurso, 100 cruzeiros naquele tempo. Aí a vida inteira eu fiquei lá, 50 anos na Difusora. Começava às 7h e ia até as 9h. Chegava cedinho, para não perder tempo. Separava os discos, as cartas, aquele mundo de carta que eu recebia naquele tempo, a turma gostava do meu programa, viu?
Lívia Gandolfi: A música e o rádio sempre foram paixões para o senhor?
Sempre, desde pequeno. Eu tocava nos conjuntos, cantei nos conjuntos. Minha mãe era filha de índio com mineiro e ela gostava de cantar e eu aprendi a cantar com ela. Nós cantávamos, os 10 irmãos, todos nós cantávamos. Meu irmão tocava violino e violão, o outro cavaquinho, outro pandeiro, outro cavaquinho, bandolim. Tinha um conjunto em casa.
Lívia Gandolfi: O senhor sente muita saudade da época da rádio?
Nossa Senhora. (Saudade) dos meus amigos, da convivência que eu tinha. Contávamos piadas, eu tinha um mundo de piada, a turma rachava de rir. Agora eu esqueci muita coisa.
Lívia Gandolfi: Muita gente lembrou do senhor nessa semana em que foi comemorado o Dia do Rádio e da contribuição que o senhor deu à rádio catanduvense...
E não foi só isso que eu fiz. Ajudei as creches e os asilos, ajudei as famílias pobres.
Lívia Gandolfi: O senhor ouve muita rádio hoje?
Eu pego só de tarde. Gosto de sertanejo. Pego na Ondas Verdes, onde estão meus amigos: o Carlos Bertin, Rogério e a família, a Dona Marly e a Lara. Fazia a festa aqui em casa, a turma da rádio, fazia aquela festona. Fazíamos churrasco para a turma da rádio.
Lívia Gandolfi: O que o senhor gostava de música da época?
Tonico & Tinoco, cantava música (deles). O resto era só escutar. Gostava de quase tudo.
Lívia Gandolfi: Qual dica o senhor pode dar para quem quer trabalhar com rádio?
Tem que gostar e treinar bastante. Tem quem nasce com a voz boa, afinadinha. Porque tem gente que tem a voz toda desafinada. Se tiver a voz afinadinha e entrar (na rádio) se sai bem. Tem que fazer com amor e carinho, igual eu fiz.
Lívia Gandolfi: Em nome de todo o Grupo Gerson Gabas de Comunicação, quero parabeniza-lo pelos seus 100 anos.
Graças a Deus, vou fazer 101 também. Quero mandar abraço na dona Marly e a Lara, com amor e carinho.
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