Os itens comuns na mesa do brasileiro na época de fim de ano aumentaram de valor nas prateleiras dos supermercados. É o caso do leite e derivados, que tiveram um aumento de 26%, ovos de 19% e o pão francês de 18% desde dezembro de 2021, segundo dados da XP. A especialista em Direito Tributário, mestra em sociologia e doutoranda em promoção da saúde, Juliana Guidi Magalhães, analisa o cenário atual e também o que se pode esperar do próximo ano.
Para Juliana, o aumento do preço de produtos comumente consumidos pelos brasileiros, como arroz, pão francês, ovo e leite coloca em risco a maior parte das famílias trabalhadoras. Isto porque elas são afetadas pela redução do poder de compra do salário mínimo. Ela afirma que, diante disso, a insegurança alimentar se tornou um fenômeno que coloca o Brasil em situação de alerta.
“Podemos destacar como causas deste aumento de preços não apenas as consequências inerentes ao período pandêmico, guerra entre Rússia e Ucrânia, mas também às políticas públicas adotadas de desmantelamento de programas de incentivo à agricultura familiar. Sabe-se que 80% do alimento que chega à mesa do brasileiro é oriunda do pequeno agricultor”, explica a especialista.
INFLAÇÃO
Ao comparar esse aumento com o da inflação (IPCA), que foi de 5,47%, haverá sim impacto na mesa do brasileiro nas festas de fim de ano. Juliana diz que as restrições a alguns produtos serão inevitáveis, sobretudo àqueles provenientes de proteína animal, as hortaliças e frutas em razão do encarecimento dos insumos.
“Com uma taxa de inflação alta, assim como a registrada no Brasil, há consequências diretas para o cidadão, principalmente o de baixa renda que compromete seu salário com o consumo direto de bens e serviços para a sua sobrevivência e de sua família. Como informado anteriormente, a inflamação atinge diretamente o poder de compra e quanto maior a sua taxa, os produtos ficam mais caros para serem consumidos. Neste Natal, sem sombras de dúvidas, a ceia e o almoço devem ser menos generosos”, relata Juliana.
OUTRAS OPÇÕES
Há, porém, algumas alternativas para driblar este cenário, como optar pelo consumo de produtos de marcas menos conhecidas e com qualidade semelhante; comprar diretamente dos produtores, fomentando a economia local; e escolher produtos de cooperativas, por exemplo.
Quanto às expectativas para 2023, Juliana ainda reitera que o Brasil se encontra diante de uma conjuntura política, econômica e social complexa em virtude de uma transição de governo federal e nova composição das casas legislativas. Dessa forma, haverá alterações na política econômica interna e de diálogos com os representantes do mercado internacional. “Precisamos permanecer atentos às medidas adotadas, porém as quais deverão satisfazer o avanço econômico do país e o desenvolvimento social”, alega a socióloga e advogada.
Ela ainda aponta outros itens que aumentaram de preço nos últimos meses, como é o caso de roupas e sapatos, que nesta época do ano são comprados com frequência como presentes. “Este aumento nos preços é síntese de uma reunião de fatores que levam desde a escassez de materiais até a desorganização de logística, bem como acrescenta o alto custo do transporte”, esclarece. Porém, há itens que tiveram queda no seu valor de mercado, como os eletrônicos. Nesta situação, Juliana diz que a redução se deu, principalmente, por meio da política tributária com incentivos fiscais como isenções e reduções de impostos, como IPI.
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