De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as eleições de 2024 terão mais de 1,45 milhão de eleitores com algum tipo de deficiência em todo Brasil, número 25% maior do que nas eleições de 2020, com 1,15 milhão à época. Em Catanduva, das 88.630 pessoas aptas a votar, 1.615 são PCDs (pessoas com deficiência) e, dessas, 159 têm deficiência visual. Já em São José do Rio Preto, a principal cidade da região, são 2.820 PCDs, segundo os dados do TSE.
Para motivar os eleitores com deficiência visual da região, o Centro de Reabilitação Visual - Instituto dos Cegos de Rio Preto incentiva o debate e a participação de seus alunos nas eleições. A pauta foi levantada pelos próprios alunos nas rodas de conversa.
“Nas rodas de conversa, sempre falamos das dificuldades que eles [atendidos pelo Instituto] encontram nos espaços, sobre não se sentirem incluídos, sobre a falta de acessibilidade”, comenta Júlia Ramos, psicóloga do Instituto. “Essas discussões são importantes para que consigam encontrar candidatos que estão de acordo com as suas necessidades”, completa.
A aposentada catanduvense Dalva Fabri do Carmo, de 61 anos, frequenta o Instituto dos Cegos de Rio Preto há 8 anos e confirma essa realidade. Ela tem retinose pigmentar, grupo de doenças hereditárias que afetam a retina – a região do fundo do olho responsável por captar as imagens. O problema foi avançando com o passar os anos e, hoje, ela tem baixa visão.
Para Dalva, conseguir votar é bastante difícil. Em todas as eleições, conta com a ajuda do marido para expressar sua cidadania através do voto. “Se eu for sozinha eu não consigo votar, porque onde eu voto é no primeiro andar, tem escada para subir, não tem piso tátil, não tem a urna para deficiente visual, então eles autorizam meu marido a ir comigo na urna”, relata.
A aposentada diz que seria necessário ter uma urna eletrônica acessível para os deficientes visuais e cadeirantes no piso térreo de todas as escolas. Por não dominar 100% o Braille, ela afirma que um aplicativo com sistema de voz seria mais eficiente. “O Braille pode confundir, ele é muito difícil e nem todos conseguem, então a gente pode digitar errado.”
Já Natal Biachi, de 73 anos, ficou cego devido ao glaucoma aos 40 anos. Além do sistema Braille da urna eletrônica, ele conta com a ajuda de sua esposa na hora da votação. Mas afirma que melhorias sempre são bem-vindas. “Lá no Instituto é incentivado a participar das eleições, eles orientam que é uma dignidade. A facilidade para votar tem melhorado bastante, eles oferecem urnas com Braille, com fones de ouvido e eu não tenho enfrentado na hora de votar”, conta.
Ele diz que já é conhecido na seção eleitoral e entra ao lado da esposa, que o ajuda naquilo que ele precisar. “Eu conheço bem o teclado, já sei os números que vou votar, então não tenho dificuldades”. A sugestão deixada por ele é que todas as pessoas com deficiência poderiam votar numa mesma seção, em local sem escada e com acesso facilitado.
ACESSIBILIDADE
Para facilitar o acesso no momento do voto, as urnas eletrônicas dispõem de teclados com sistema Braille e de audiodescrição em fones, e um ponto de referência na tecla número 5, para quem não compreende a linguagem tátil.
Além das ferramentas de acessibilidade para deficientes visuais, o TSE disponibiliza sessões com rampas de acesso, larguras das portas e banheiros adaptados para pessoas com mobilidade reduzida, coordenação em libras, e auxílio na votação caso seja necessário.
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