Imigração japonesa no país faz 114 anos hoje: Nipo preserva cultura na cidade
Influência da nação nipônica em torno do país tropical se perpetuou e está refletida ainda hoje nas tradições, sabores e saberes do Brasil
Fotos: ARQUIVO PESSOAL - Em Catanduva, os japoneses uniram-se em torno da Associação Esportiva e Cultural Nipo-Brasileira, fundada em 1958
Por Guilherme Gandini | 18 de junho, 2022
Com Ministério do Turismo 

 

Japão e Brasil têm neste sábado motivos em comum para celebrarem. A data marca o Dia da Imigração Japonesa no Brasil e se tornou um elo entre as nações. Foi em 18 de junho de 1908 - há 114 anos - que o Brasil começou a receber imigrantes japoneses para trabalharem nas lavouras de café, no estado de São Paulo.  

De lá para cá, a comunidade nipônica cresceu. Para se ter uma ideia, dados da Embaixada do Japão no Brasil estimam que aproximadamente 2 milhões de japoneses e descendentes, a maior população de origem japonesa fora do Japão, vivam no Brasil. Os números também mostram a quantidade de nativos japoneses no país verde e amarelo: o Censo do IBGE de 2010 aponta que quase 50 mil japoneses residiam no Brasil. Este dado representava 11,4% do total de estrangeiros que moravam no país.  

A influência da nação nipônica em torno do país tropical se perpetuou e está refletida ainda hoje nas tradições, sabores e saberes do Brasil. Das artes marciais a religião, dos chás e sushis aos mangás (as famosas histórias em quadrinhos japonesas) o Brasil é marcado por essa cultura que influencia vários setores da economia, inclusive o turismo.  

Exemplo disso é a cidade de São Paulo, que tem a maior comunidade japonesa do Brasil. Basta adentrar o bairro da Liberdade para se sentir no Japão, pois, por lá, as fachadas são escritas com ideogramas e a arquitetura é tradicionalmente oriental. O bairro recebe turistas de todo o mundo, apaixonados pela cultura e tradição orientais. A Feira da Liberdade reúne, aos finais de semana, elementos típicos da cultura japonesa, com destaque para a gastronomia.  

Em Catanduva, os japoneses uniram-se em torno da Associação Esportiva e Cultural Nipo-Brasileira, entidade sem fins lucrativos que foi fundada em 5 de janeiro de 1958. A instituição oferece aulas de música e mantém o projeto Sol Nascente, com jogos adaptados para a terceira idade, além de eventos e celebrações mensais de aniversários dos associados.  

A Nipo ficou conhecida pelos bailes carnavalescos, que entraram para a história de Catanduva, inclusive com desfiles de carros alegóricos nos anos 60 e 70. Nos anos 80, foi palco de animadas noites de discoteca e inúmeras atividades típicas japonesas, como Undo-kay, Beisebol, Bom-Odori, Karaokê. O primeiro presidente foi Keith Nakazone e primeiro secretário Goro Yamamoto.  

“A Nipo está a todo vapor, mas demos uma freada devido à nova onda da Covid-19 que nos deixa temerosos”, evidencia Olga Yamamoto, 80 anos, que presidiu a entidade ao longo de 10 anos, período em que recebeu a visita de três cônsules japoneses. “Nossa preocupação é preservar a cultura e tradições japonesas, perpetuando aos jovens, para não deixar morrer.” 

Olga Yamamoto é natural de Pirangi e foi registrada 1 ano depois do nascimento devido às restrições da época

Cada festa da Nipo atrai mais de 100 pessoas que valorizam as origens e mantêm-se ativos nas atividades da associação – famílias em sua maioria já mestiças, aproximando ainda mais Brasil e Japão. Os brasileiros e os descendentes nipônicos, aliás, são todos bem-vindos na instituição.  

“Nossos pais sofreram muito ao chegar. Até para ir ao mercado, tinham que entrar pelas portas dos fundos e não podiam se reunir em dois ou três para conversar”, lembra Olga, natural de Pirangi, com registro feito 1 ano depois do nascimento, devido às restrições da época.  

MISSA  

Para celebrar os 114 anos da imigração japonesa no Brasil, será realizada missa em ação de graças na Igreja Matriz de São Domingos neste sábado, 18, às 19 horas. Para o mês de agosto, a Associação Nipo-Brasileira realizará yakissoba no dia 15, em referência ao Dia dos Pais.

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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