Histórias em quadrinhos ainda são febre e foco de colecionadores
Em Catanduva, Marcel Fachetti, Sidemar Castro e Sidney Dotti são alguns dos amantes dos itens que unem comunidades no mundo todo
Crédito: Arquivo pessoal - Marcel Fachetti descobriu nos gibis o interesse por desenhar, que hoje tem como profissão
Por Stella Vicente | 29 de janeiro, 2023

Amanhã, 30 de janeiro, é celebrado o Dia Nacional das Histórias em Quadrinhos, que ainda são febre em todo o mundo e foco de vários colecionadores. Em Catanduva, Marcel Fachetti, Sidemar Vicente de Castro e Sidney Dotti são alguns dos amantes dos itens que unem comunidades no mundo todo.

Marcel Fachetti é desenhista, roteirista e professor arte-educador na Estação Cultura de Catanduva. Sua paixão por este meio começou quando tinha apenas sete anos de idade e ganhou as primeiras histórias em quadrinhos dos X-Men e do Homem-Aranha. Foi daí também que surgiu inicialmente o interesse por desenhar, hábito que hoje tem como profissão.

Sua coleção conta com pouco mais de 300 quadrinhos. Ele acredita que esse tipo de literatura é algo que desperta interesse em diversos públicos, de várias idades diferentes, além de proporcionar divertimento e a vontade de colecionar. Ele comanda um projeto de desenho de super heróis e criação de personagens na Estação Cultura e no Sesc Catanduva. “Outro projeto que em breve vou trazer é o de roteiro para histórias em quadrinhos. Isso ajuda a criar um roteiro e também uma história dentro do contexto, criando o seu próprio personagem”, revela o arte-educador.

Sidemar Vicente de Castro, conhecido como Sid Castro, formado em Letras e em Comunicação Social e grande amante das histórias em quadrinhos, conta que ainda na infância, antes mesmo de saber ler, era atraído justamente pelos desenhos das HQs. "Uma de minhas lembranças mais antigas era de pedir à minha avó para ler para mim um gibi colorido do Fantasma", diz Sid.

Apesar de ter parado de contar há alguns anos, hoje ele possui um armário e seis estantes com cerca de 10 mil exemplares em sua coleção, contanto revistas periódicas, especiais, álbuns e capas duras. Para Sidemar, assim como o teatro é a arte do ator e o cinema a arte do diretor, os quadrinhos são a arte do desenhista. "É a tentativa de retratar o movimento, criando uma narrativa gráfica a partir do estilo do desenho, seja ele cômico ou realista", afirma.

Ele explica que esses itens já foram uma forma de arte muito popular em todo o século XX, principalmente nos Estados Unidos, Europa e Japão, onde se transformaram numa grande indústria, com tiragens de milhares a milhões de exemplares por mês ou semana.

A partir do advento da internet e dos games, foi substituído como opção de entretenimento por parte significativa do público comum. Hoje, tornou-se uma arte de nicho, para um público específico, os chamados "nerds" ou mais ligados às artes, segundo Sid, com tiragens bem menores.

"O interesse do público brasileiro acompanhou a média mundial. Até o final do século passado, editoras como a Abril tinham revistas com tiragens de 100 a 500 mil exemplares por mês; pequenas editoras publicavam de 20 a 30 mil. Com o desaparecimento das bancas e distribuidoras, as publicações passaram a ser vendidas pela internet ou em livrarias e lojas especializadas", conta.

Segundo o comunicador, os temas de maior sucesso por aqui foram, e continuam sendo, o infantil como Disney, Mauricio de Sousa, super-heróis e terror, além de publicações de humor e uso educacional ou institucional por empresas. Ele afirma que são poucas as revistas de linha, sendo a maior parte publicações fechadas ou seriadas, como nos livros. Ou ainda as strip-comics, as tirinhas em jornais – que Sid Castro chegou a produzir, ainda nos anos 90, para O Regional.

PRÊMIOS

O 30 de janeiro também marcava a entrega do troféu Angelo Agostini, da Associação dos Quadrinistas e Cartunistas de São Paulo (AQC-SP), do qual Sid Castro é eleitor. Trata-se de premiação anual feita há 38 anos pelos membros da entidade, que votam em uma lista de trabalhos publicados no ano anterior. Devido à pandemia, no entanto, a cerimônia passou a ser virtual e realizada em 13 de novembro.

O catanduvense também possui papel importante no prêmio HQMix, mantido pela Associação dos Cartunistas do Brasil (ACB) desde 1988. Nasceu do programa homônimo na TV Gazeta, cerimoniado por Serginho Groismann, que até hoje apresenta a entrega do troféu. A eleição é feita por desenhistas, escritores e jornalistas cadastrados. A cada edição o troféu é confeccionado na forma de algum personagem nacional como os de Maurício de Sousa, Ziraldo e Henfilem, e neste ano homenageará o cartunista Jaguar e seu personagem Chopnics.

Para Sidemar, essas iniciativas são uma forma de manter na mídia o interesse pela arte sequencial, um dos nomes dados aos quadrinhos, além de homenagear e divulgar trabalhos nacionais. “O mais comum em se falar de quadrinhos é do lançamento de algum filme da Marvel e DC ou Netflix baseado em obra em quadrinhos, a maior parte estrangeiros. Outra importância dos prêmios é destacar o uso didático assim como estudos acadêmicos sobre os quadrinhos no Brasil”, ressalta.

(BOX)

Paixão para a vida toda

Sidney Dotti, bancário que mora no bairro São Francisco, gosta de quadrinhos desde criança. Ele continua até hoje lendo gibis, numa coleção que julga modesta, de cerca de 5 mil exemplares. Ele diz se lembrar da infância quando, junto com seu amigo Sérgio, colecionador que tem hoje 70 mil revistas, viviam na rua em busca de trocas ou compra de edições inéditas das histórias em quadrinhos.

Certa vez, conta, ele e o amigo, que hoje é empresário na capital, foram de bicicleta até Pindorama para comprar edições de um colecionador dos gibis antigos da série "Tarzan Lança de Ouro", anteriores ao início de sua coleção nos anos 1970-80.

Atualmente, Dotti tem várias coleções completas de Tarzan, de editoras que já não existem mais, como a EBAL, além de revistas raras dos anos 1950 e 60, como Edição Maravilhosa, O Idílio (anos 60), Zorro e Reis do Faroeste, Mandrake e Fantasma, estes da Globo e Flash Gordon, da Abril.

Autor

Stella Vicente
É repórter de O Regional.

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