Grupo de professores analisa redações de concurso da Prefeitura e contesta notas altas
Secretaria de Educação afirmou que encaminhou a denúncia à Secretaria de Negócios Jurídicos para definir providêncais que serão adotadas
Fotos: REPRODUÇÃO - Professores afirmam que redações revisadas apresentam erros de ortografia e concordância
Por Guilherme Gandini | 05 de maio, 2022
 

Um grupo de professores municipais está contestando notas atribuídas a redações no Concurso Público 01/2022, da Prefeitura de Catanduva, que destinava vagas a professores de Educação Especial. Eles afirmam que a prova dissertativa, eliminatória, acabou excluindo candidatos cujas redações estavam “impecáveis”, atribuindo a outras produções textuais notas quase máximas.  

O Jornal O Regional teve acesso a algumas dessas redações, corrigidas pelos educadores, que revelam desvios discursivos, de coerência e coesão, que, segundo os denunciantes, foram aclamadas com notas de 30 a 39 – a redação valia 40 pontos no referido concurso público.  

“Sabemos que, raramente, o Ibam tem exigido redação em seus processos seletivos e concursos (como aconteceu no de direção e coordenação, em 2018). São muitas margens interpretativas. Será que há suspeição, pois não se pode atribuir notas altíssimas para candidatos que escreveram, evasivamente, aos regulamentos do edital”, critica o grupo, em manifesto.  

Na prova, os candidatos precisaram elaborar dissertação que abordasse e respondesse a seguinte questão: “uma política que separa alunos com deficiência das escolas regulares acaba por segregá-los ou por protegê-los?”. O texto deveria trazer o ponto de vista e fundamentação. A análise levaria em conta a capacidade argumentativa e o respeito à norma culta da língua.  

Apesar disso, uma redação que recebeu nota 37 trouxe uso de letra maiúscula após dois pontos, ausência e uso indevido de vírgulas e erro de concordância nominal: “Destaca-se, aqui, as políticas e o processo inclusivo...” (sic), escreveu, em vez de “Destacam-se”, que seria o correto. Em outro trecho, o autor diz “estam em constante” no lugar de “estão”, pecando na ortografia. 

Para o grupo de professores, a redação que leva o título 'Política Educacional: Um processo em constante desenvolvimento' sequer explica a problemática entre segregação e proteção. Eles atribuíram nota 20 ao texto, muito abaixo do avaliado pelos revisores do Ibam.  

Outra redação obtida por O Regional, segundo os educadores, contempla a problemática, mas apresenta muitos desvios gramaticais, como a falta de acentuação, ausência e uso indevido de vírgulas e até mesmo erro ortográfico na palavra “incerção”, cuja escrita correta é “inserção”.  

A dissertação 'A escola como exemplo de inclusão para a sociedade' ganhou nota 34 dos avaliadores do Ibam, para a nota-peso de 40, mas mereceria 20 na visão dos denunciantes. 

Já o texto 'A educação inclusiva', conforme o grupo de professores, comenta a função do Atendimento Educacional Especializado (AEE), mas não responde à problemática proposta no enunciado sobre proteção ou segregação, no que diz respeito aos direitos. Há, segundo eles, apenas um comentário extenso. A redação merecia nota 25, dizem, mas levou 35. 

Quanto às normas gramaticais, apresenta uso indevido e ausência de vírgulas, falta de acentuação nas palavras auxílio e convívio, além da reiteração indevida do substantivo aluno no último parágrafo. O termo Educação Especial também não ganhou iniciais maiúsculas. 

Para os denunciantes, a quarta redação disponibilizada à reportagem, 'A valorização das diferenças', não contempla a problemática e carrega falhas gramaticais, com ausência ou uso indevido de vírgulas, falta de letras maiúsculas, erro de ortografia em “contribue”, cuja grafia correta é “contribui”, mais um desvio oracional. A nota dada foi 39, mas eles apontam 21. 

RESPOSTA 

A Secretaria Municipal de Educação e o Ibam – Instituto Brasileiro de Administração Municipal foram questionados pela reportagem sobre os fatos denunciados, se houve recursos sobre o tema e se alguma atitude será tomada diante das acusações. Em resposta, a Secretaria de Educação afirmou que encaminhou a questão à Secretaria de Negócios Jurídicos para definir as providências que serão adotadas. O Ibam não se manifestou até o fechamento desta edição. 

 

 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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