Golpe de ofertas falsas no Instagram faz vítimas em Catanduva; veja como se proteger
Médica e funcionária pública relatam drama vivido ao terem contas invadidas
Foto: DIVULGAÇÃO - Advogado diz que dono da página e quem comprou produto são vítimas
Por Guilherme Gandini | 18 de março, 2022

Enquanto a médica catanduvense Viviane Honori, geriatra, trabalhava normalmente em seu consultório, criminosos invadiram suas redes sociais e anunciaram ofertas de móveis e eletrodomésticos usando os stories do Instagram. Os preços atrativos chamaram a atenção de amigos e pacientes, e muitos deles tornaram-se vítimas dos estelionatários virtuais. 

“Tudo começou na terça-feira, no final da tarde. Cheguei em casa e meu celular ficou sem sinal. Tinha chovido e eu achei que fosse algum problema da operadora. No wi-fi, tive acesso às redes sociais normalmente. Na quarta-feira, vi que o problema continuava, foi quando comecei a receber mensagens de pessoas falando sobre os produtos que estavam à venda”, conta. 

Algumas pessoas chegaram a ligar em seu consultório questionando se poderiam buscar o item comprado lá. “Quando peguei o celular pra entender o que estava acontecendo, já não tinha mais acesso ao Instagram, Facebook e nem ao meu e-mail. Tentei recuperar esses aplicativos, mas não conseguia justamente pela falta da rede de dados. Até o WhatsApp caiu”. 

No final da história, a médica também teve o número de celular clonado. “Eles conseguiram fechar o cerco de forma que eu não consigo ter acesso a nenhuma rede social”, lamenta. 

Com um perfil pessoal e outro profissional na área de geriatria, Viviane diz que foi justamente essa a utilizada pelos bandidos para anunciar os produtos em oferta, talvez por transmitir mais confiança na ação criminosa, devido ao conteúdo sobre saúde, postado diariamente. 

“O mais assustador da história: quando o golpista conversava com as pessoas e passava o pix, que era uma chave aleatória, aparecia uma conta com o meu nome e o número do meu CPF. Isso tornou o golpe ainda mais fidedigno, pois a pessoa via que era meu nome e CPF”. 

Viviane registrou boletim de ocorrência, sobretudo devido à existência de uma conta corrente em seu nome. Ela também busca orientação jurídica sobre o caso. “Como uma instituição financeira abre a conta no nome e CPF de uma pessoa que não é ela?”, questiona a médica. 

TINHAM ATÉ O ENDEREÇO 

Dias antes, a funcionária pública Carina Ferreira dos Santos viveu drama semelhante. Também foi durante seu expediente de trabalho que o golpe das ofertas no Instagram se desenrolou, fazendo vítimas. O texto postado dizia que ela estava compartilhando anúncios de uma amiga, que precisava ajudar uma irmã doente. Os bandidos tinham até seu endereço residencial. 

“Uma vizinha me chamou, dizendo que uma amiga tinha interesse nas coisas que eu postei. Mas eu não postei nada. Foi quando entrei e estava em meu Facebook. Logo que percebi, consegui recuperar a conta em seguida, mudei senha e e-mail, mas no Instagram eles já tinham mudado e não deu tempo de fazer mais nada. Muitas pessoas caíram no golpe”, relata Carina. 

As conversas prosseguiram com seus amigos e parentes, apesar de alertas postados no Facebook e WhatsApp. “Não consegui recuperar minha página do Instagram até hoje. Acabei deixando e fiz outra, mas fico com medo de eles invadiram muito mais minha privacidade”. 

O esquema também envolvia uso de whatsapp, com DDD 11, mas com a foto de Carina. “Precisamos alertar as pessoas a se atentarem aos detalhes, ao número do DDD, procurarem ligar antes de pagarem qualquer coisa. É difícil, mas infelizmente os golpes estão aí.” 

Ela não registrou boletim de ocorrência, apesar de ter ido até o plantão policial. No local, ela foi orientada que o ideal seria que as pessoas prejudicadas fizessem o registro, já que ela não foi lesada no aspecto financeiro. No dia, outra pessoa aguardava na fila para fazer registro semelhante. “Hackearam o celular dela e falavam com os contatos em tempo real”, alerta. 

ADVOGADO ORIENTA 

O advogado Fabrício Oravez Pincini, que atua nas áreas Cível, Trabalhista e Previdenciária, orienta o uso de todas as ferramentas que as plataformas oferecem para garantir segurança – verificação em 2 etapas, com envio de SMS, e-mails, etc. “Algumas plataformas, como o Instagram, possuem a atividade de login, onde você verifica acessos ou tentativas de acesso à sua conta. Existem até aplicativos geradores de códigos autenticadores”, recomenda. 

Para recuper a conta, há caminhos como o “Ajude-me a entrar”, em que o usuário informa que sua conta foi invadida e, após, são disponibilizadas ferramentas de recuperação, incluindo até mesmo o reconhecimento facial, caso esteja previamente cadastrado. 

“Quem teve a conta invadida, deve tentar recuperá-la. Caso haja demora ou a plataforma dificulte a recuperação, faça uma notificação extrajudicial, via cartório, informando a invasão e requerendo que a conta seja restabelecida e o conteúdo publicado, após a invasão, removido. Se o problema persistir, já existem casos em que a Justiça determina o restabelecimento da conta e, ainda, condena a plataforma ao pagamento de indenização por danos morais”, frisa. 

Pincini diz que, tanto o dono da página quanto quem comprou o suposto produto ou serviço são vítimas. Ambos devem procurar a delegacia de polícia mais próxima para elaboração de boletim de ocorrência. Ele diz, entretanto, que o importante é sempre desconfiar de promessas ou ofertas “tentadoras”, que oferecem produtos com preço bem abaixo do mercado. 

Entre os sinais de fraude estão o preço muito inferior ao comumente ofertado; falta de sinais identificadores de segurança nos sites; no caso de Pix, uso de CPF diferente do nome de quem está vendendo; e dados do boleto bancário e do beneficiário diferente do nome do vendedor. 

Questionado sobre quem paga a conta do estelionato, Pincini afirma que cada caso deve ser analisado de forma individual. 

“A Justiça, na maioria dos casos, tem entendido que o consumidor deve suportar o prejuízo, pois não observou cuidados básicos, como os acima demonstrados. O dono da página invadida também é vítima e não tem responsabilidade sobre o que é publicado após a invasão. A plataforma também não tem responsabilidade sobre o que é publicado, pois o entendimento é que se compara a um anúncio de classificados num jornal. Mas ela pode ser responsabilizada, como já citado acima, se notificada a remover o conteúdo e não o fizer.” 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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