A alta dos combustíveis, causada pela volta dos impostos federais sobre a gasolina e o etanol a partir da última quarta-feira, dia 1º, é visível em Catanduva. O aumento dos preços nas bombas foi praticamente imediato, gerando corrida aos postos na véspera da reoneração. Já a redução de R$ 0,13 do valor da gasolina para as distribuidoras, feita pela Petrobras, sequer foi sentida.

De acordo com pesquisa de preços semanal feita por O Regional, a gasolina subiu R$ 0,60 em um dos postos, na Vila Guzzo, no comparativo entre 24 de fevereiro e 3 de março, passando de R$ 4,59 para R$ 5,19 – sendo esses os preços mais baixos nas duas datas, na cidade. Na consulta mais recente, o menor valor do combustível foi encontrado em Elisiário: R$ 5,09.

Ao mesmo tempo, o levantamento mostrou que o valor mais alto passou de R$ 5,15, na semana anterior, para R$ 5,65 após a volta dos impostos federais. Os dois valores foram verificados no mesmo estabelecimento, no bairro São Francisco, revelando aumento de R$ 0,50. Em outros três locais consultados, de diferentes localidades, apareceu o valor de R$ 5,29.

No caso do etanol, a maior alta foi de R$ 0,45, também na Vila Guzzo, com o combustível passando de R$ 3,14 para R$ 3,59. Em outros dois postos, o aumento foi de R$ 0,40: de R$ 3,39 para R$ 3,79, no Higienópolis, e de R$ 3,19 para R$ 3,59, no Parque Ipiranga – sendo este último o valor médio. O melhor preço foi verificado na Vicinal José Fernandes: R$ 3,54.

ENTENDA

O Governo Federal anunciou na terça-feira, 28, a volta parcial de impostos federais para a gasolina e o etanol. A reoneração, implementada por meio de medida provisória, entrou em vigor no dia 1º de março, com a volta da cobrança do PIS e da Cofins, isentos desde maio de 2022. Para a gasolina, o aumento foi de R$ 0,47 por litro. No caso do etanol, R$ 0,02 por litro.

A previsão da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) era de que o preço da gasolina nos postos subiria cerca de R$ 0,25 por litro – como visto, em Catanduva a alta foi muito além disso. O cálculo da entidade levava em conta a reoneração, a redução aplicada pela Petrobras e o fato de que a gasolina vendida ao consumidor tem 27% de etanol.

Consumidor relata fila e possível abuso

Um motorista procurou pela redação de O Regional para denunciar possível afronta aos direitos do consumidor. Ele pediu que seu nome fosse mantido em sigilo. Conforme o relato, na véspera da reoneração dos combustíveis, ele ficou mais de meia hora na fila para abastecer em um posto de combustíveis. O atendimento foi paralisado e justificado por uma suposta troca de turnos.

O problema é que, enquanto todos aguardavam, o valor exibido nas bombas aumentou 30 centavos repentinamente, de maneira remota. A mudança causou tumulto, à medida que as pessoas protestaram por terem sido mantidas em fila, sem aviso, enquanto o valor era corrigido. Foram feitas ligações ao Procon, Agência Nacional do Petróleo (ANP) e à Polícia Militar.

Consultado sobre o caso, o Procon enviou nota assinada por Rogério Seminatti, responsável pelo setor. "O Procon de Catanduva solicita aos consumidores que se sentirem lesados que compareçam pessoalmente ao órgão para formalizarem a denúncia. Após a reclamação ser oficializada, iremos tomar providências e possivelmente faremos uma fiscalização no estabelecimento. É lamentável a suposta prática de altas abusivas nos preços dos combustíveis".