Em visita a Catanduva, Aldo Rebelo faz discurso nacionalista e ataca divisão do país
Ex-presidente da Câmara dos Deputados concedeu entrevista à Vox FM e ao jornal O Regional
Foto: ASSESSORIA/ALDO REBELO - Rebelo diz que polarização que marca a política brasileira é construção artificial
Por Rodrigo Ferrari | 02 de setembro, 2022
 

O candidato ao Senado pelo PDT, Aldo Rebelo, esteve em Catanduva, ontem pela manhã. Acompanhado do comandante Robinson Casal, que disputa uma cadeira na Assembleia Legislativa pelo partido, ele visitou os estúdios da Vox FM, onde concedeu entrevista, também exibida pelas redes sociais do jornal O Regional.    

Antes da sabatina começar, Aldo Rebelo conversou rapidamente com os vereadores Nelson Tozo, Maurício Riva e Gleison Begalli, seus colegas de legenda. O secretário municipal de Administração, Richard Casal, que é presidente do PDT de Catanduva, também recepcionou os candidatos. Ele é irmão do Comandante Robinson.    

Durante a entrevista, Aldo Rebelo comentou sobre sua campanha. Nos últimos dias, ele tem visitado diversas cidades do interior, para encontros com militantes, apoiadores e eleitores em geral. Anteontem, ele e Comandante Robinson estiveram em Barretos.    

Ele procurou destacar realizações de sua carreira política, iniciada ainda nos anos 70, quando se elegeu secretário-geral da União Nacional dos Estudantes (UNE), ainda na Ditadura Militar. No fim da década seguinte, foi eleito vereador em São Paulo pelo PC do B, partido pelo qual disputou e ganhou seis eleições para deputado federal.    

Também ocupou ministérios durante os governos dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), como Defesa, Ciência e Tecnologia e Esportes. Na entrevista, o candidato citou marcos de sua atuação como a aprovação do novo Código Florestal e as leis de Incentivo ao Esporte, de Biossegurança e a que regulamentou o uso de células-tronco humanas em pesquisas.    

COMUNISMO DÁ LUGAR A NACIONALISMO   

Depois de passar mais de 40 anos filiado ao PC do B, que defende princípios do marxismo, Aldo Rebelo deixou a legenda em 2016. Ao ser questionado sobre eventuais mudanças em sua ideologia, o candidato afirmou que suas ações e crenças independem de orientação partidária.    

“Tudo o que tenho feito, desde minha juventude, se baseia em meus ideais nacionalistas, de defesa dos interesses do Brasil”, afirmou. Esse discurso, aliás, foi acompanhado por Comandante Robinson. “Quando as pessoas me perguntam se sou de esquerda ou de direita, deixo claro que não sou nem uma coisa nem outra. Sou nacionalista e luto por meu país”, disse.    

Citando eventos históricos como a expulsão dos holandeses do Nordeste nas Batalhas de Guararapes, a proclamação da independência e a abolição da escravidão, no século 19, Rebelo argumentou que as disputas da sociedade brasileira nunca teriam se dado em torno de esquerda contra direita, mas sim com base em causas.    

“Na Independência, por exemplo, o confronto era entre quem era a favor ou contra libertar o Brasil de Portugal. Na abolição, a disputa era entre quem defendia e quem era contra libertar os escravos”, afirmou.    

Apesar disso, ambos os candidatos fizeram duras críticas ao modelo neoliberal, implantado no país a partir dos anos 90.    

POLARIZAÇÃO E IDENTITARISMO   

Na avaliação de Rebelo, a polarização que marca a política brasileira atualmente é uma construção artificial, que visa dividir o povo brasileiro. Para ele, o acirramento da disputa entre as campanhas de Lula e do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa a reeleição, poderá ser prejudicial aos dois postulantes à presidência.    

“Por que nós vamos dividir o país desse jeito? Eu acho que tem algum interesse subalterno, de gente que quer fazer disso um meio de vida. E não uma solução para o Brasil. Por isso, nesse desgaste que vai acontecer, pode aparecer uma alternativa. Um começa a acusar o outro e no fim o eleitor concorda e decide votar em um terceiro candidato”, disse Rebelo.    

Ele citou como exemplo o ex-governador Orestes Quércia, que se elegeu em 1986 vindo da terceria colocação nas pesquisas, em meio à disputa travada entre Paulo Maluf o empresário Antônio Ermírio de Moraes. O candidato apoia Ciro Gomes (PDT), que atualmente aparece em terceiro lugar nas principais pesquisas de intenção de votos, oscilando entre 6% e 9% nas simulações estimuladas.   

Rebelo também criticou as chamadas pautas identitárias, surgidas em meio a movimentos como a luta pela igualdade racial e feminismo. Na visão dele, essas abordagens seriam importadas dos Estados Unidos e visariam apenas dividir o povo brasileiro de maneira artificial. 

 

Autor

Rodrigo Ferrari
É jornalista de O Regional.

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