A prática da Educação Empreendedora no Brasil, apesar de integrada à Base Nacional Comum Curricular em 2020, ainda enfrenta sérios obstáculos à sua implementação. É o que mostra uma pesquisa realizada pelo Sebrae e pela Fundação Roberto Marinho com professores de todo o país.
De acordo com o levantamento, 56% dos entrevistados ainda não tentaram aplicar essa metodologia em sala de aula. Para 46% deles, a falta de tempo para inclusão deste tema no conteúdo obrigatório é o principal obstáculo e 40% indicam a falta de interdisciplinaridade como uma das barreiras. O estudo foi apresentado nesta quarta-feira, durante o I Encontro do Ecossistema de Educação Empreendedora que está sendo realizado em Fortaleza. O gerente de Educação Empreendedora do Sebrae Nacional, Jânio Macedo, participou da cerimônia de abertura representando a instituição.
A Educação Empreendedora abrange uma série de conteúdos que estão alinhados com as dez competências gerais da Base Nacional Comum Curricular, que acompanham o desenvolvimento dos alunos desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. De forma geral, a pesquisa apontou que muitos professores ainda parecem distantes de um conhecimento mais profundo sobre as competências gerais da BNCC ou sobre a temática das competências socioemocionais. Ao todo, 59% dos entrevistados afirmam já ter recebido alguma formação sobre as dez competências gerais, mas 52% ainda não se sentem familiarizados com o tema.
O levantamento assinala que 70% dos professores afirmam nunca ter recebido nenhuma capacitação sobre o trabalho com competências socioemocionais e 44% não se sentem confortáveis para trabalhar com o tema, na sala de aula. O desconhecimento da BNCC faz com que os professores menos interessados entendam competências socioemocionais somente como suporte emocional especializado aos alunos.
Em geral, os professores declaram conhecer e se interessar pela educação empreendedora, embora a pesquisa indique haver uma diversidade de entendimento sobre o conceito. Somente 25% dos docentes ouvidos afirmam conhecer muito sobre o tema. Muitos ainda associam o tema apenas à abertura de negócios, a trabalho e ao desenvolvimento de criatividade e autonomia.
Para o presidente do Sebrae, Carlos Melles, a pesquisa mostra que é preciso ajustar a forma como o tema é apresentado aos professores e ampliar a compreensão de que a Educação Empreendedora não “compete” com as disciplinas da grade curricular. Ao contrário, o conteúdo é transversal.
“A educação empreendedora chega para contribuir para o desenvolvimento de competências integradas à construção de projetos de vida e colabora para o desenvolvimento integral de estudantes, estimulando o seu protagonismo em diversas faixas etárias”, comenta. “O ensino do empreendedorismo também oferece soluções de aperfeiçoamento e valorização profissional de professores e gestores escolares”, complementa Melles.
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