Após os ataques a instituições de ensino que ocorreram recentemente no Brasil, o Dia Internacional da Educação é comemorado neste 28 de abril em meio a um cenário de tensão. Isso porque diversas ameaças, em sua maioria infundadas, surgiram desde então, deixando os profissionais do setor preocupados e mais cuidadosos, como afirma a secretária de Educação de Catanduva, Cláudia Cosmo.
O ponto principal é o fato de que a situação gerou preocupação em todos os agentes escolares. Por esse motivo, Cláudia relata as medidas adotadas pelo poder público municipal, que coordenou uma série de ações em parceria com a OAB, polícias Civil e Militar e Guarda Civil Municipal, para prevenir e agir diante de algum tipo de incidente desde os ocorridos em São Paulo e Blumenau.
“Realizamos uma plenária no Teatro Municipal, conduzida pelo major da Polícia Militar, Costa Júnior, no dia 17 de abril em que foram disponibilizadas informações sobre como deve ser observado no dia a dia o perfil dos possíveis agressores e como agem, bem como quais são as medidas de segurança mais eficazes, como agir e a quem recorrer em caso de ataque em unidade escolar”, relembra.
Na ocasião estiveram presentes todos os gestores da Rede Municipal para que multiplicassem as informações. Também foram publicadas uma Carta Aberta à Equipe Escolar no dia 18 de abril e uma Carta Aberta aos Pais e Responsáveis no dia seguinte e, ainda, uma Orientação Específica para o Funcionamento das Escolas no dia 20, tendo em vista a ameaça que pairava sobre a data.
“No dia 20 de abril todo um aparato de segurança foi montado pela GCM e PM e nas escolas municipais o funcionamento foi normal com todas as atividades previstas e nenhum incidente foi registrado, nem nesse dia e nem neste início de semana. O olhar atento e a ampliação de medidas de segurança seguem em continuidade”, descreve Cláudia.
Para a profissional do setor da Educação, a mobilização por segurança nas escolas é necessária, porém revela também um problema social mais grave que tem atingido as crianças, adolescentes e jovens, sobretudo através das redes sociais, o que, em sua visão, têm sido o principal espaço de difusão de ideias nocivas à mente dessas pessoas em formação.
“Este contexto deve ser tratado em corresponsabilidade entre família e escola. Nesse sentido pode ser positiva para que toda a sociedade tenha um olhar mais atento a todos os espaços de sociabilidade das crianças, adolescentes e jovens, quer sejam espaços concretos quer sejam virtuais”, aponta.
Ela ainda diz acreditar que a educação, como instrumento de transformação, tem papel fundamental para que o cenário de medo e violência chegue ao fim. No entanto, afirma que é essencial contar com o apoio da família e de todos os cidadãos, visto que, segundo a Constituição Federal, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, tanto o poder público quanto a família e a sociedade têm responsabilidades sobre o cuidado, a educação, a saúde, o lazer e tudo o que possa garantir a plenitude da infância, adolescência e juventude.
“Especificamente, a escola tem o papel de trabalhar tanto as competências e habilidades cognitivo-intelectuais quanto as socioemocionais, uma vez que o ser humano é integral, complexo e subjetivo, portanto, não é papel da escola apenas a socialização dos conhecimentos historicamente acumulados, mas, também trabalhar questões como autocuidado, autoconhecimento, empatia, cooperação, responsabilidade, cidadania, cultura de paz e respeito às diferenças. Desta forma, a escola estará cumprindo o seu papel na formação integral do ser humano”, ressalta a educadora.
Rede estadual reforça rede protetiva
Na Diretoria de Ensino de Catanduva, a dirigente regional professora Luciana Bianchin Lopes Pereira destaca que durante o atual cenário de mobilização para a segurança e o desenvolvimento das competências socioemocionais nas escolas, uma das ações já implementadas é o Conviva (Programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar), cuja abordagem é pautada na ideia de que toda escola deve ser um ambiente de aprendizagem solidário, colaborativo, acolhedor e seguro.
A iniciativa visa identificar vulnerabilidades de cada unidade escolar para buscar a construção de ações proativas de segurança, sendo composto por projetos e ações articuladas entre convivência e colaboração; articulação pedagógica e psicossocial; proteção e saúde; e segurança escolar.
O programa envolve toda a rede protetiva, dando as informações para a busca de diferentes parcerias, como por meio do Programa Vizinhança Solidária, que têm buscado construir rede que envolve a gestão das escolas, os vizinhos e a Polícia Militar, com foco na constituição de um grupo de WhatsApp que permita o contato direto com o comando da PM em questões que exigem ações urgentes.
A Diretoria de Ensino de Catanduva oferece, por meio do Conviva, formações e capacitações frequentes às equipes escolares, buscando tornar o ambiente escolar mais seguro e harmônico.
“Para além dessas ações, destacamos ainda a importância do olhar humanizado de toda a equipe escolar para ser capaz de perceber qualquer alteração de comportamento dos estudantes e, desta forma, fazer intervenção imediata e preventiva de acolhimento”, relata a gestora, apontando como parceiros nessa missão o Grêmio Estudantil, líderes de turma, representante de classe, professores tutores e demais agentes escolares.
Ela lembra, ainda, que o Currículo Paulista está pautado no desenvolvimento de competências socioemocionais. “Os estudantes podem colocar em prática as melhores atitudes e habilidades para controlar emoções, alcançar objetivos, demonstrar empatia, manter relações sociais positivas e tomar decisões de maneira responsável. O desenvolvimento das competências socioemocionais sempre foi objetivo da educação e precisa ser entendido como um processo de formação integral”.
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