Celebrado nesta sexta-feira, dia 9, o Dia do Veterinário faz homenagem aos profissionais que atuam em diversas atividades relacionadas tanto à saúde animal quanto humana. Porém, o cenário atual preocupa no que diz respeito à incidência de doenças, bem-estar animal e guarda responsável.
Hoje em dia, diversas doenças podem ser transmitidas direta ou indiretamente de animais para humanos e vice-versa. É a formação em medicina veterinária a responsável por desenvolver um olhar geral sobre a relação entre animais, humanos e ambiente, possibilitando uma avaliação do contexto de saúde e doença nesse quesito.
O médico veterinário pode atuar em diversas atividades na saúde pública, desde a gestão e planejamento em saúde, até ações como a vigilância e controle de zoonoses e de agravos causados por animais peçonhentos, controle de vetores como o Aedes aegypti, inspeção da higiene de alimentos e atuação no diagnóstico de doenças e identificação de microrganismos em laboratórios de saúde pública.
Com esse conhecimento, esses profissionais são capazes de avaliar o ambiente em que animais e humanos convivem mutuamente. Dessa forma, certos cuidados passam a ser ainda mais necessários. Dentre essas precauções, a vacinação antirrábica sempre foi uma das maiores da área, tanto que os Centros de Controle de Zoonoses no Brasil foram criados para controlar essa doença.
A raiva é causada por um vírus que acomete qualquer mamífero. Sua transmissão ocorre pelo contato com a saliva do indivíduo infectado, principalmente por mordedura e arranhadura. São poucos os casos de cura após a manifestação dos sintomas neurológicos causados por esse vírus.
Por esse motivo, as medidas de prevenção contra a infecção são fundamentais. A campanha de vacinação contra raiva em cães e gatos é uma das diversas ações realizadas por todo o Brasil que visam prevenir essa doença também em humanos.
Porém, o modelo de vacinação, que antigamente era feito no esquema bairro a bairro, não é mais considerado necessário. Assim, o tutor se torna o principal responsável por promover a proteção ao seu animal e, consequentemente, a toda sociedade, já que é dever dele levar seu cachorro ou gato até uma unidade de zoonoses para ser vacinado.
Natália Amaral Ambrósio trabalhou como médica veterinária responsável na Secretaria Municipal de Saúde de Catanduva até março de 2022, e faz observações pontuais sobre o que pode ser melhorado nesta questão. Segundo a profissional, o principal seria promover uma reestruturação no setor de vigilância em zoonoses, visando atender melhor a população.
“Alguns municípios já possuem estruturas e equipes independentes, separando as ações desempenhadas pelo canil/gatil e a vigilância e controle de zoonoses, para que as demandas de bem-estar animal e as de saúde pública sejam supridas satisfatoriamente. Uma vez que estas ações são separadas e possuem equipes distintas, diversifica-se o leque de ações possíveis de serem realizadas”, explica.
Além disso, ela propõe que os médicos veterinários responsáveis pela vigilância e controle de zoonoses se integrem aos Núcleos de Apoio à Saúde da Família, visando à educação em saúde, avaliação de fatores de risco, prevenção, controle e diagnóstico de zoonoses, identificação das condições socioambientais propícias à proliferação de vetores de doenças, pragas urbanas e animais sinantrópicos. Sempre propondo e participando no desenvolvimento de ações de controle. “Com essas ações haveria maior controle e qualidade dos serviços prestados à população”, completa.
A saúde animal ainda pode contar com várias melhorias, nos mais diversos aspectos. A guarda responsável, de acordo com Natália, deveria até mesmo ser introduzida como educação escolar e discutida já no aprendizado das crianças.
“Basicamente a guarda responsável consiste em prover todas as necessidades dos animais sob responsabilidade do tutor, fornecer espaço adequado a quantidade e porte do(s) animal(is), oferecer água e alimento de qualidade na quantidade necessária para cada espécie, ter tempo disponível para suprir as necessidades de afeto, assim como de gasto de energia com a realização de exercícios e brincadeiras, passeios somente acompanhados pelo tutor e com guia”, descreve. Ela também cita as campanhas de castração de animais e a microchipagem como sendo alternativas para o controle populacional e diminuição do abandono de cães e gatos.
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