Déficit na Polícia Civil de SP bate recorde e supera 16 mil policiais pela primeira vez
Atualmente, dos 41.912 cargos previstos, somente 25.911 estão ocupados, o que representa um deficit de 38,2%
Foto: CIETE SILVÉRIO/GOVERNO DO ESTADO DE SP - Além do grave problema de falta de pessoal, a Polícia Civil ainda convive com a falta de investimentos
Por Da Reportagem Local | 05 de outubro, 2022
O déficit de policiais civis em São Paulo bateu um recorde histórico e, pela primeira vez, superou 16 mil cargos vagos. A marca foi atingida no dia 1º de outubro, quando o Diário Oficial do Estado publicou a aposentadoria de 45 policiais.
“As aposentadorias e pedidos de exoneração são diários na Polícia Civil e o Governo do Estado não promove a nomeação dos aprovados em concursos para reposição desses cargos vagos”, explica a delegada Raquel Gallinati, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo.
Atualmente, dos 41.912 cargos previstos para a Polícia Civil, somente 25.911 estão ocupados. Isso representa um deficit de 38,2%.
O Sindicato dos Delegados avalia que é impossível para qualquer organização manter a qualidade de atendimento com uma falta de recursos humanos que beira 40% e ressalta que existem candidatos aprovados em concursos para a Polícia Civil aguardando a nomeação por parte do Estado.
“Todo o trabalho de polícia judiciária fica extremamente prejudicado, refletindo nos índices de investigação e elucidação de crimes. Quando um cidadão busca auxílio de uma delegacia para registrar um crime e o atendimento é demorado ou insatisfatório, é porque o policial que está lá precisa cumprir a função de 3 ou 4 colegas”, explica a delegada Raquel.
A Polícia Civil de São Paulo é uma das mais capacitadas do mundo, mas não consegue atingir todo o seu potencial de excelência por falta de investimento em estrutura, pessoal e salários por parte do Governo do Estado.
O desmonte da estrutura da instituição ocorre há quase 30 anos, mas se acentuou nos últimos 4. Em janeiro de 2019, o déficit era de 13.479 policiais, que representava 32% do total. Em 45 meses, a Polícia Civil perdeu 2.522 policiais.
“Até o final do ano, esse número tende a aumentar. Reorganizar e recuperar a Polícia Civil será um desafio para o próximo governador e o Sindpesp está à disposição para participar dessa reestruturação”, aponta a delegada Raquel. “Hoje a Polícia Civil sobrevive da abnegação de seus quadros. O uso de tecnologia já não é capaz de suprir tamanha falta de pessoal”.
Além do grave problema de falta de pessoal, a Polícia Civil ainda convive com a falta de investimentos, delegacias deterioradas e equipamentos defasados, além dos salários dos policiais, que estão entre os piores do Brasil, apesar de São Paulo ser o estado mais rico da federação.
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