Conselho Municipal LGBT diz que dados estatísticos mostram a realidade do país
Em manifesto, órgão diz que os números da violência aumentaram nos últimos 4 anos, sobretudo na pandemia, tornando-se assustadores
Foto: DIVULGAÇÃO - Lideranças participaram da sessão da Câmara e gravaram podcast do Sesc Catanduva sobre avanço da violência no país
Por Guilherme Gandini | 18 de maio, 2022
 

O 17 de maio é celebrado como o Dia Internacional de Combate à Homofobia. Em Catanduva, o Conselho Municipal dos Direitos LGBTs tem realizado algumas ações para lembrar que, na data, poderia ser comemorado algum tipo de vitória e conquista, mas que a realidade não é essa. “O Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo, e não podemos fechar os olhos para os dados estátísticos, que mostram a realidade do nosso país”, afirma o órgão. 

Em manifesto, o conselho diz que os números da violência aumentaram nos últimos 4 anos, tornando-se assustadores. “Durante a pandemia os casos de "LGBTfobia" aumentaram muito e o que as autorides estão fazendo para combater tanta violência em nosso país? Do que adianta um entendimento do STF que equiparou a homofobia ao crime de racismo, se não está sendo usado em muitos casos que passam despercebidos ou se, até mesmo em certos casos, as autoridades usam outras leis para punir de uma forma menos severa o opressor.” 

Entre as iniciativas relacionadas ao Dia Internacional de Combate à Homofobia, o conselho firmou parceria com o Sesc Catanduva para gravação de um podcast. O bate-papo é sobre os casos de LGBTfobia no país e estudos realizados pelo GGB (Grupo Gay da Bahia ) e a Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais) que mostram que a expectativa de vida de uma travesti e transexual é de 35 anos, e cada vez mais está diminuindo. 

Participaram o presidente Rafael Abrão Romero, a vice-presidente Letícia Monteiro Martins e a 1ª secretária Carla Mendes de Souza, junto com o coletivo Lambidas Periféricas. A produção pode ser assistida no youtube do Sesc ou nas redes sociais do próprio Conselho LGBT.  

As lideranças do Conselho LGBT também participaram da sessão da Câmara de Catanduva, na noite de ontem, 17, para abordar a temática e também vão realizar uma palestra na clínica Recomeçar. As duas atividades serão registradas e exibidas nas redes sociais do conselho. 

EMPREGOS 

Presidente do conselho, Rafael Abrão Romero frisa que o trabalho do órgão é importante para o município que, segundo ele, mostra-se muito conservador. Um dos pontos mais contundentes, diz, é no mercado de trabalho.

“Muitos LGBTS estão desempregados (as) e até mesmo nunca tiveram a oportunidade de serem contratados (as), e essa é uma luta que o conselho vem realizando, com reuniões mensais em parceria com o Sebrae e Senac para buscar essas pessoas para capacitar com cursos totalmente gratuitos”, relata. 

Ele comenta que a exigência de padrões pelo empregador acaba causando desconforto, principalmente para as mulheres e homens trans, que reclamam da falta de orientação e capacitação de muitas empresas no que diz respeito ao tratamento com, por exemplo, o pronome "feminino" ou "masculino".

“Não estão nem aí para o que a pessoa possa sofrer psicologimente e moralmente, e acabam então em muitos casos desenvolvendo uma depressão e até mesmo acabam se suicidando por motivos de ofensas graves.” 

Romero ainda completa: “Gostaria de deixar uma mensagem para que essas pessoas que tentam ferir os LGBTQIA+, pedimos para que todo preconceito seja transformado em empatia, e só assim podemos ter um pouco de esperança de um país melhor e totalmente diferente do que vivemos.” 

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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