Recentemente, um anúncio de imobiliária chamou a atenção dos pindoramenses. A sede social do Pindorama Clube, umas das instituições mais tradicionais da cidade, está sendo vendida por R$ 1.760.000,00. Logo a indignação tomou conta das pessoas que frequentavam o local, que por muito tempo foi referência em eventos na região, e pediram esclarecimentos sobre essa decisão.
A impressão de muitos é de que a atitude foi tomada de forma impulsiva, o que não aconteceu, de fato. Ainda em fevereiro os associados patrimoniais, aqueles que são donos do Pindorama Clube, também conhecido como PC, receberam comunicado por parte da administração da instituição explicando a situação. O texto dizia que o PC enfrenta dois processos desfavoráveis no Judiciário Estadual, com sentenças já com trânsito em julgado, ou seja, não cabem mais recursos.
O primeiro processo é do ano de 1998, quando a Prefeitura de Pindorama encaminhou ao clube cobrança de R$ 12.868,18, referente a cinco anos retroativos de IPTU, que até então era isento de pagamento. Conforme o comunicado, a diretoria em exercício na época não realizou o pagamento, por entender ser abusivo, e consequentemente a cobrança foi acionada através de processo judicial. Após todas as etapas, o clube foi condenado a pagar o que devia no ano de 2018.
Porém, o valor com correções e juros chegou a R$ 151.390,07, sendo R$ 13.828,79 de custas processuais e R$ 137.561,28 da atualização da dívida. Segundo o comunicado, o Pindorama Clube realizou o pagamento total das custas processuais e, através de acordo com a Justiça, parcelou o restante em 48 vezes, sendo cada parcela de R$ 2.865,86. O valor estava sendo pago em dia até o início da pandemia, quando, por conta da redução de recursos, os pagamentos foram suspensos.
Já o segundo processo diz respeito à própria sede social, onde foi construída nova portaria no início dos anos 2000, com a frente voltada para a rua Vereador Carlos Camargo Lourenço. O comunicado diz que, para viabilizar a construção da mesma, o prefeito da época, juntamente com a Câmara Municipal, promoveu a doação de uma faixa de terreno de seis metros de largura.
No entanto, no ano de 2003 foi movido processo judicial de ação popular contra essa doação realizada pela Prefeitura de Pindorama. Após longa disputa na Justiça, com vários recursos impetrados, o processo foi sentenciado e o PC também foi condenado a indenizar a prefeitura pelo valor correspondente à faixa de terreno doada. Hoje, o montante gira em torno de R$ 160.000,00.
Assim sendo, as dívidas do PC somam atualmente R$ 311.390,07. A diretoria diz ter buscado soluções, tendo em vista não possuir esse dinheiro em caixa, ainda mais após a redução no número de associados, e consequentemente de recursos, ocasionada pela pandemia de covid-19.
O atual presidente do Pindorama Clube, Lairdevilson José Fiumane, explica a situação enfrentada. “Quando entrou a pandemia, uma das primeiras coisas que foram fechadas foram as academias. E hoje o clube basicamente vive em torno da academia. Quando fechou e ficou bastante tempo fechado, perdemos muitos associados e a gente perdeu a receita”, conta.
DECISÃO PELA VENDA
Após esse comunicado inicial feito em fevereiro, a diretoria buscou soluções e apresentou duas opções para os associados, que receberam uma enquete entre os dias 16 e 23 de março. Eles puderam escolher entre vender a sede social, e com o dinheiro pagar todas as dívidas e investir em melhorias na sede esportiva, que continua funcionando normalmente; ou gerar cinco boletos no valor de R$ 150 para todos os sócios patrimoniais efetuarem o pagamento. Ao final da enquete, 133 sócios patrimoniais votaram e 96,2% deles foram favoráveis à venda da sede social.
Ainda assim, a diretoria continuou se reunindo, pois tinha a esperança de que muitos dos associados que perderam durante a pandemia fossem voltar e as contas pudessem ser equilibradas novamente, já que durante este período muitos sócios deixaram de pagar as mensalidades também.
Porém, relata Fiumane, como não foi isso que aconteceu, a administração realizou assembleia para ver qual seria a decisão final dos associados patrimoniais. Com 288 votos válidos, 221 foram favoráveis e 67 contra, a diretoria optou por vender o imóvel.
A preocupação da administração é que essa cobrança judicial pode ser feita a qualquer momento, já que ambos os processos estão em fase de execução, e o Pindorama Clube não tem dinheiro em caixa para arcar com os valores. Isso ocasionaria uma penhora, que pode congelar o giro de dinheiro que o PC tem para pagar seus funcionários e manter a sede esportiva funcionando com a academia, atividades esportivas e demais eventos.
“Logicamente que eu fico muito chateado, um pouco mais que os outros porque nessa época do Pindorama Clube sendo o melhor da região eu era o DJ. Então, você acha que eu fico feliz de ter que colocar um imóvel que representou uma parte da minha vida à venda? Não. Só que a gente tem que analisar vários fatos. Se a gente tivesse a volta de muitos associados que a gente perdeu, não precisávamos fazer isso, mas é uma preocupação com os nossos funcionários, com nossas contas a pagar. Então é complicado”, declara o presidente.
DOAÇÕES POR PIX
Dada a comoção de um considerável grupo de pessoas na internet, o Pindorama Clube decidiu começar uma campanha de arrecadação, com o objetivo de juntar o valor necessário para arcar com os processos. Dessa forma, aqueles que desejam ajudar a manter o patrimônio da cidade podem colaborar fazendo um Pix de R$ 100 em uma parcela, ou em duas de R$ 50, uma para setembro e outra para outubro. A chave é do tipo CNPJ, com o número 45.121.506/0001-97.
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