Quando o escritor catanduvense Clayton Nucci Fernandes, 42 anos, morador de Novais, teve o primeiro contato com a literatura, ele estava na 6ª série do colégio. O verdadeiro interesse, naquela época, era pelas histórias em quadrinhos, como a maioria dos garotos da sua idade.
Mas tudo mudaria quando a professora indicou o livro “O Feijão e o Sonho”. “Percebi que era um outro mundo, diferente dos quadrinhos, eu tinha de imaginar personagens, cenários. Foi aí que comecei a buscar cada vez mais livros para desenvolver essa parte da mente”, lembra.
Leitor voraz assumido, Clayton está prestes a lançar seu segundo romance “Fortuna: Saudades da Minha Terra”, em noite de autógrafos na Câmara Municipal de Novais, na sexta-feira, 25 de novembro, às 19h30. Em entrevista ao jornal O Regional, ele falou sobre sua trajetória.
O Regional: Depois do primeiro contato, qual sua relação com os livros?
Clayton: Sou um leitor muito voraz, já cheguei, por diversas vezes, a ler três livros ao mesmo tempo. A minha relação com os livros é muito profunda, as palavras, a descrição dos cenários, o estilo dos escritores, o aprofundamento nas personagens, tudo isso desperta uma atenção em mim que faz com que eu tenha vontade de ler e escrever cada vez mais.
O Regional: Quando fez seus primeiros escritos? Que tipo de textos eram?
Eu comecei com doze anos a fazer quadrinhos. Eram pequenas histórias de faroeste. Quando tive o primeiro contato com um livro, percebi que era um meio mais rápido de desenvolver as minhas histórias ao invés de ficar um longo tempo desenhando. Assim, quando tinha uns treze anos, comecei a escrever uma história de ficção científica, porém, não foram além de algumas vintes páginas e ela não foi concluída. Aliás, nem sei onde está, precisava encontrá-la para ver como era o meu estilo naquela época.
O Regional: Quando passou pela sua mente que poderia escrever um livro?
Desde que li o meu primeiro livro, mas a ideia amadureceu mesmo há uns seis anos quando decidi começar a escrever o meu primeiro romance, Fazenda Grande, uma história de época que eu vinha trabalhando há muito tempo. O romance foi muito bem recebido pelos leitores que fizeram vários elogios à obra. Trata-se de um amor impossível entre um escravo e uma filha do senhor de engenho.
O Regional: Você diria que tem influências na literatura nacional? Quais?
Com certeza. Eu li a obra completa de Machado de Assis, a qual procurei estudar algumas peculiaridades, como o aprofundamento no comportamento humano, a ironia e o pessimismo, muito presentes na obra de Machado e que eu tento replicar nas minhas. Também li muito José de Alencar, Aluísio Azevedo, entre outros autores que busquei absorver e inspirar na escrita.
O Regional: Como se deu o primeiro projeto? Como foi a experiência?
O meu primeiro projeto, Fazenda Grande, foi lançado em 2019 pela Editora Viseu. Eu entrei em contato com a editora e financiei todo ele. Foi muito gratificante o passo a passo, a primeira vez em que vi a capa, o livro ganhando forma, ganhando vida, porém, pegá-lo na mão pela primeira e parar para pensar que foi escrito por mim, isso não há como descrever, é realmente surreal!
O Regional: O primeiro lançamento o estimulou a escrever mais?
Na verdade, quando lancei o meu primeiro livro eu já possuía mais outros dois escritos. Porém, eu continuei escrevendo e espero que aos poucos eu consiga publicar todos. Hoje, além dos dois livros publicados, possuo dois manuscritos concluídos e mais dois em andamento. Também possuo alguns contos no Wattpad.
O Regional: Houve evolução e amadurecimento entre uma obra e outra?
Sim, a tendência é sempre evoluir, eu procuro sempre ouvir as pessoas, aceitar críticas, mas eu gosto de manter um estilo um pouco rebuscado e até com uma certa conotação de literatura antiga, que eu penso ser uma das minhas características.
O Regional: Os dois romances falam do passado. A que se deve isso?
Essa é uma das minhas características. Eu sou muito ligado às épocas anteriores, aos costumes, à vida sem as tecnologias atuais, tudo isso eu acho fascinante, porém, eu possuo outros livros ainda não lançados que são contemporâneos. Não é exatamente uma regra.
O Regional: Fale sobre o novo livro.
Meu novo livro, Fortuna: Saudades da Minha Terra, é uma história narrada em primeira pessoa. Trate-se das lembranças de Álvaro Bento, um antigo morador de uma colônia rural que resolve um dia escrever as suas memórias em um caderno, ele vai relatando as aventuras de seu tempo de infância, as descobertas na puberdade e os seus romances, enaltecendo em meio a tudo isso os costumes da época, e há ainda alguns lapsos de relatos da participação do Brasil na Segunda Guerra Mundial. Por fim, tais lembranças o farão refletir se era mais feliz naquela época, mesmo em meio à miséria em que viviam. Todo o projeto foi financiado pela Lei Aldir Blanc nº 14.017 e o lançamento será no dia 25 de novembro às 19h30, na Câmara Municipal de Novais. Conto com a presença de todos vocês e espero que gostem.
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