Catanduva tem piores níveis de poluentes do ar, indica Cetesb
Com a elevação de substâncias inaláveis diante da seca prolongada e das queimadas, população sente sintomas respiratórios
Foto: Arquivo/O Regional - Alto número de queimadas na região causa prejuízo para a natureza e o corpo humano
Por Da Reportagem Local | 26 de setembro, 2024

Catanduva está entre as cidades do estado de São Paulo com os piores níveis de poluentes inaláveis em 2024, segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo, a Cetesb. O estudo mostra que este é o ano com mais poluição no ar, já percebido na última década em todo o estado. São partículas invisíveis, nocivas à saúde e derivadas de diferentes fontes.

Para esse cálculo, foram consideradas apenas as estações de monitoramento contínuo de 2014 a 2024. A meta da Cetesb foi criada para se aproximar das diretrizes de qualidade do ar, estabelecidas pela Organização Mundial da Saúde, a OMS.

Neste ano, as partículas finas, provenientes de queimadas e as originadas de processos no solo e na indústria apresentaram concentrações respectivas de 42% e 51%, acima da meta de qualidade do ar, estipulada pela Cetesb.

No dia 24 de agosto, Catanduva registrou 234,1 microgramas por metro cúbico de poluente de tipo MP10, sigla para material articulado com até 10 micrômetros, que está presente no solo como uma fina camada de areia que circula entre o solo e o ar e tem origem nas queimadas e na ação industrial.

Ribeirão Preto é o município que apresentou os piores índices para poluentes inaláveis. Em 24 de agosto, a cidade registrou concentração média a 7,5%, acima do nível de emergência para partículas maiores e de alerta para as menores, a MP2,5, que são partículas finas, que decorrem muitas vezes de queimadas e viram compostos químicos, sendo mais nocivas do que a MP10.

Às 19 horas daquele dia, a cidade apresentou concentração de 3.000% acima da meta para MP10 e de 2.500% para as partículas finas. Depois de Ribeirão Preto e Catanduva, os municípios com maiores recordes neste ano foram Santa Gertrudes, São José do Rio Preto, Rio Claro, Paulínia e Jundiaí.

Ao analisar todas as estações disponíveis pela Cetesb, independentemente da continuidade do monitoramento, 2024 concentra 73% dos índices mais altos de partículas finas. Já dos 70 pontos que monitoram MP10, 21% apresentaram os maiores recordes. Desde o início da série histórica da companhia, em 1998, os anos que concentraram a maior quantidade de estações com recorde de poluentes MP10 foram 2010, 2012 e 2024. Para as partículas menores, os anos mais graves foram 2018, 2020, 2015, 2021 e 2024.

Com a elevação de substâncias inaláveis diante da seca prolongada e das queimadas no Brasil, a população dos locais mais afetados sente sintomas alérgicos e respiratórios e fica exposta a doenças mais sérias. O médico patologista Paulo Saldiva, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, afirma que, no limite, a exposição a MP10 e MP2,5 se associa a adoecimento e mortalidade.

No caso de MP10, que também deriva de queimadas, ela pode adentrar os pulmões, causando irritação e sintomas respiratórios. Já as partículas presentes em queimadas e que se tornam um aerossol em contato com os pulmões. Com a seca e a radiação UV, penetram nas camadas mais profundas dos pulmões e podem se espalhar por todo o corpo. Esses novos compostos podem ser mais reativos que os originais, formados a partir da queima, gerando hidrocarbonetos e evoluindo para substâncias cancerígenas.

A exposição ao MP2,5 equivale a fumar cigarros ou folhas de tabaco de forma constante. Os grupos mais propensos a desenvolver doenças são bebês que ainda estão desenvolvendo o sistema imunológico e idosos, que ficam sensíveis ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

Segundo Saldiva, imagina-se um aumento de mortalidade nas cidades mais afetadas e uma sobredemanda do sistema de saúde para consultas e internações hospitalares. Mesmo com índices inéditos, para ele, a atual situação da qualidade do ar era previsível diante da escalada de queimadas no país nos últimos anos, que influenciam a qualidade do ar e a precipitação.

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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