A Secretaria de Estado da Saúde divulgou que até o dia 23 de dezembro foram notificados 318.996 casos confirmados de dengue e registrados 284 óbitos decorrentes da doença no ano de 2023 no Estado de São Paulo.
Em Catanduva, os números alarmantes de casos confirmados de dengue na cidade têm chamado a atenção das autoridades de saúde e da população local. De janeiro a novembro de 2023 foram registrados 1.126 casos, com o mês de abril apresentando o maior pico, 309 confirmados.
Os números expressivos, com média de 3 casos/dia no ano, e o aumento recente de 58% do total de confirmações no comparativo entre outubro e novembro levantam preocupação sobre as condições que propiciam a proliferação do mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença.
Para esclarecer essas questões, Silvio César Perpétuo Ribeiro, médico especialista em Infectologia da Fundação Padre Albino, explica que o aumento dos casos pode ter relação com circunstâncias ambientais, com a combinação de calor excessivo e chuvas volumosas, agravada pelo El Niño (fenômeno que explica alterações significativas na distribuição da temperatura) mais intenso neste período. "O verão propicia condições favoráveis para o aumento de casos no Brasil, especialmente devido ao crescimento dos criadouros do mosquito", expõe.
O aumento da incidência de dengue é preocupante, alerta. "A dengue, se não tratada adequadamente com hidratação e repouso, pode evoluir para complicações graves, inclusive óbito. A população deve estar atenta aos sintomas e buscar assistência médica imediatamente."
Para combater a doença e ainda a chikungunya, a zika e a febre amarela, todas transmitidas pelo Aedes aegypti, em conjunto com as campanhas de conscientização nacional, a EMCAa – Equipe Municipal de Combate ao Aedes Aegypti tem intensificado as ações de nebulização em áreas identificadas como focos de infestação. Agentes de endemias estão percorrendo bairros e realizando vistorias em residências para identificar e eliminar possíveis criadouros.
Diante desse cenário, a prevenção torna-se fundamental. Medidas simples são cruciais para evitar a propagação da doença: eliminar pratos de plantas ou utilizar prato justo ao vaso que não permita acúmulo de água; descartar pneus usados em postos de coleta; retirar objetos que acumulem água de quintais, como potes e garrafas; verificar possíveis vazamentos em qualquer fonte de água; tampar ralos; manter o vaso sanitário desinfetado; identificar sinais de umidade em calhas e lajes; verificar a presença de organismos vivos em água de piscinas ou fontes.
DENGUE TIPO 3
O pesquisador da Fiocruz Felipe Naveca afirmou que o subtipo 3, também chamado de DENV3, que causa sintomas mais graves do que os subtipos 1 e 2, voltou. Fora de circulação há 15 anos, a identificação de casos no Estado de São Paulo serve de alerta e demanda vigilância.
“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relatou Naveca.
Na região, a cidade de Votuporanga registrou quatro casos do sorotipo 3, identificado em pacientes do sexo feminino com idades de 5, 31, 34 e 46 anos. As contaminações foram confirmadas pela Secretaria de Saúde do município em novembro. O primeiro caso da linhagem também foi confirmado em São José do Rio Preto na primeira semana de dezembro.
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