Carlinhos Rodrigues sobre a adoção: ‘amor que não dá para dimensionar’
Seu filho Ian, que tem 17 anos, chegou à família ainda recém-nascido, e hoje trata a situação com naturalidade
Crédito: Arquivo pessoal - Relação entre Carlinhos e Ian é de muito companheirismo em todas as áreas da vida
Por Da Reportagem Local | 13 de agosto, 2023

Independente se o filho é biológico ou adotado, o pai é aquele que faz todo o possível para garantir que o seu filho cresça no caminho da retidão, da honestidade. Ainda assim, há quem tenha dúvidas se existe alguma diferença entre o amor de um pai biológico e um adotivo.

O ator catanduvense Carlinhos Rodrigues é enfático em dizer que não. Ele afirma que não consegue imaginar um sentimento diferente do que sente hoje, o qual descreve como o maior sentimento do mundo. “O que eu sinto é maior do que eu mesmo, é um amor que não dá para dimensionar em palavras nem mesmo em sentimentos. Não dá para explicar um sentimento desse”, confidencia.

Ele diz que, como pai, procura fazer e dar o seu melhor, equilibrando cobrança e atenção. “Sei que não sou o melhor pai do mundo, eu erro como qualquer pai erra, mas existe uma relação de respeito e devoção e dedicação muito grande. E eu procuro ser um pai que tenha essa noção da importância da disciplina. E da mesma forma eu sou extremamente carinhoso com ele.”

Afirma, ainda, que educa para a realidade. “Como ele recebeu tudo isso desde pequenininho, mesmo hoje adolescente, entre os amigos, ele não tem nenhuma vergonha ou timidez de abraçar, de conversar, de demonstrar esse carinho público, porque existe realmente esse amor. Eu me vejo assim como um pai babão e ao mesmo tempo procuro passar muita lucidez para ele. Nós procuramos educá-lo de uma forma muito consciente, estimular os ideais e os sonhos, mas também que ele entenda o que tem que pisar em terra firme. Cabeça nas estrelas e pés no chão.”

Carlinhos é pai de Ian, que hoje tem 17 anos, mas que chegou à família recém-nascido. Ou seja, ele e a esposa Drika Vieira passaram por todas as situações que envolvem ter um bebê em casa como as cólicas, as febres, o nascimento dos dentes. E acompanharam a evolução de cada fase. O sentar, o engatinhar, andar e falar e também o primeiro dia na escola.

Segundo o ator, o preconceito e as lendas infundadas em torno da adoção nunca o assustaram e nem o fizeram desistir de um sonho da juventude, que era adotar uma criança.

“Quando eu e a Drika nos conhecemos e já descobrimos tantas afinidades que nós tínhamos, uma delas era adotar o primeiro filho. Nós sempre pensamos isso, era uma coisa de juventude que eu tinha e fiquei muito feliz em descobrir nela também o mesmo desejo: nós queríamos adotar o primeiro filho. Muitas pessoas pensam em adoção, mas depois que têm o primeiro filho biológico, acabam não adotando depois. Então, sabendo disso, nós colocamos como prioridade adotar o primeiro filho e acabou acontecendo que não tivemos mais filhos depois”, conta o artista.

Ele frisa que adotar é uma decisão muito séria, que tem que ser muito pensada, assim como ter um filho biológico. “É uma educação de uma alma que você vai se dedicar, vai colocar o foco da sua vida nela e todo o amor que você tem. Então, tem que ser muito bem pensado, porque você tem família, existe muito preconceito da sociedade com a adoção. Existem ainda lendas em torno da adoção que são totalmente infundadas, porque as pessoas falam que filho dá problema, mas qualquer filho dá problema. Seja filho biológico, filho adotado, qualquer filho tendo personalidade, porque são indivíduos e dependendo da educação e dos valores que você passa para ele, você vai ter problema depois. Então, nós nunca nos assustamos com isso e entramos na fila de adoção. E depois de 13 anos de relacionamento, o Ian apareceu brilhando na nossa vida”, relembra.

RELAÇÃO PAI E FILHO

Carlinhos ainda conta que Ian é um filho de alma. Ele confidencia que o jovem de 17 anos é seu companheiro de vida e que compartilhá-la é uma emoção que se renova todos os dias. “A nossa relação é de parceria, de cumplicidade. Nós nos damos muito bem. Muitas pessoas estranham quando nós falamos de adoção, que o Ian é adotado, porque as pessoas dizem que é incrível a química que temos e que é uma relação muito forte, muito profunda, muito amiga, muito companheira. Ele é um companheiro de vida, tanto na vida pessoal, no trabalho, nas viagens que nós fazemos. Dividir, compartilhar a vida com o Ian é uma emoção que se renova todos os dias. Eu sempre falo isso e muitas pessoas olham, estranhamente, às vezes, quando eu digo que não há um dia que eu olhe para o Ian ou que a gente converse, que eu não me emocione. Ele me emociona todos os dias. Nós somos, assim, muito companheiros”, ressalta o ator.

Ele ainda explica que Ian sabe da adoção desde pequeno e sempre lidou bem com a situação, falando naturalmente sobre o assunto. “Ele sempre lidou super bem com isso. Outro dia perguntaram para ele sobre isso em um trabalho de grupo que a gente estava fazendo e ele respondeu de boa e as pessoas até estranharam que ele respondeu tão naturalmente, o quanto que ele lida bem com isso, o quanto que ele é feliz. Isso é muito emocionante, porque tem que ser falado, um fato tão crucial na vida de uma criança não pode ser omitido. Então nós sempre falamos isso para os pais que adotam: contem desde cedo, desde pequeno, para que ele comece a ver aquilo com naturalidade, porque é natural. A orfandade é triste, mas você adotar uma criança como filho verdadeiro, e ele realmente é um filho verdadeiro, que é um filho de alma, tem que ser contado para criança e tem que ser vivido naturalmente.”

O MESMO CARINHO

Ator, músico e estudante, Ian reforça os comentários do pai sobre a relação de cumplicidade entre eles e diz que a adoção nunca foi um tabu em sua vida. “É tudo muito tranquilo, na vida, no palco é sempre muito leve, e muito divertido (tanto no teatro quanto na música). Nós trocamos muita experiência ao longo dos dias, um está sempre passando conhecimento para o outro sobre música, cinema, teatro, que seja. E em relação a preconceitos...que eu me lembre nunca sofri com isso, porque na minha vida foi sempre tratado de maneira normal, sabe? Nunca foi um tabu tipo "ai nossa você foi adotado”. Sempre foi "você foi adotado" e ponto. Não me faz menos ou mais filho dele por eu ser adotado, o carinho é o mesmo sempre.”

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Da Reportagem Local
Redação de O Regional

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