Beth Sahão ‘dribla’ rejeição ao PT e defende voto a favor da cidade
Candidata afirmou que vai priorizar a saúde pública e que vai pessoalmente buscar verbas nos governos estadual e federal
Foto: O Regional - Beth Sahão, candidata a prefeita, prometeu ‘mudança segura’ ao assumir o governo
Por Guilherme Gandini | 30 de agosto, 2024

A deputada estadual Beth Sahão (PT), candidata a prefeita de Catanduva, participou da sabatina da Vox FM e do jornal O Regional, nesta quinta-feira, 29, e apostou em sua trajetória política para dizer que é a mais preparada para assumir a prefeitura. Ela relembrou feitos positivos do governo de Félix Sahão (PT) e se esquivou ao ser questionada sobre suposta rejeição ao seu partido, defendendo que a população vote a favor da cidade. Colocou a saúde e a educação entre suas prioridades e criticou a atual situação da cidade, lamentando a falta de obras de vulto.

O Regional/Vox FM: Quais os principais problemas de Catanduva hoje?

Beth Sahão: A saúde ocupa a primeira ou a primeira colocação disparada. Nós temos hoje problemas muito grandes da saúde do ponto de vista do atendimento, da lentidão, da fila de espera para tratamentos. A população se queixa da falta de médicos especialistas e isso acaba piorando demais a saúde da população e as pessoas ficam mais fragilizados. Quem procura saúde pública já procura num estado bastante angustiante. Preocupante porque a pessoa está com dor, está com febre, com gripe, enfim, está com uma série de problemas. Então ela precisa ser acolhida, precisa ser atendida com qualidade, mas mais do que isso, precisa ter profissionais importantes para poder atendê-la e especializados. Precisamos ter uma rede mais completa de saúde. A questão da infraestrutura, da zeladoria da cidade. Hoje você tem um processo que a prefeitura rapa o mato é só e ponto, e não faz mais nada. A parte estética da cidade está muito mal cuidada, com buracos nas ruas, com problemas das praças. Às vezes a lâmpada que queima, muita lombada. Obras de vulto nós não tivemos nada nesses quatro anos. Se a gente for observar, você tem algumas ruas centrais que tem um asfalto um pouquinho melhor, mas fora disso o asfalto é muito ruim. É só vocês andarem pela cidade. A falta de distritos industriais e digo há 20 anos nós não temos a construção de um novo distrito industrial. E há também uma demanda reprimida nesse sentido. Essa questão é muito forte, porque ela impede a cidade de dar um impulso na área do seu desenvolvimento econômico, no seu processo de industrialização e também os equipamentos públicos que estão muito deteriorados, principalmente aqueles equipamentos que ficam em bairros. E não precisa ir muito longe, é só aqui no conjunto esportivo, que você vai ver que tem uma piscina ali, uma piscina grande, que é um patrimônio do município que há quatro anos encontra-se sem água e uma piscina sem água é uma piscina que tende a estragar, que é o que aconteceu. Então é o dinheiro público indo pelo ralo, você estraga e depois você tenta consertar até hoje não conseguiram. Para concluir: é uma cidade que carece de programas sociais para atender principalmente as famílias de baixa renda.

O Regional/Vox FM: Diante de todas essas demandas, que prioridades a sua gestão teria?

A primeira coisa nós vamos incrementar o atendimento na UPA, contratar mais médicos, especialistas, discutir isso com as pessoas que cuidam da saúde da cidade, contratarmos mais profissionais, darmos celeridade e ao mesmo tempo fazer uma administração na saúde totalmente conectada do ponto de vista tecnológico. Se você for agora, em qualquer posto de bairro, você vai ver que tem filas de pessoas de idade, inclusive que o Estatuto do Idoso não permite isso. O idoso tem que chegar e ser atendido como a criança tem que chegar e ser atendida, como a grávida tem que chegar e ser atendida, não é possível isso acontecer. Outra coisa. Nós temos que ter uma nova UPA. E quero dizer uma coisa para vocês o que não está funcionando não existe. Não adianta querer dizer: ‘mas tem uma UPA sendo construída’. Funciona? Não funciona. Então ela não existe. Existe aquilo que funciona. Portanto, nós temos que caminhar para isso. Além disso, na saúde eu vou criar uma clínica específica para as mulheres. As mulheres têm uma anatomia muito diferente da dos homens. Então nós vamos ter, como toda cidade moderna e que investe na saúde, nós vamos ter um centro de referência de saúde da mulher ou uma clínica de mulher, como queiram, e também um atendimento específico para o idoso. A população envelhece, envelhece rapidamente. Então, nós precisamos apresentar na saúde um tratamento específico do idoso. Cuidados e acolhimentos com o idoso é um centro de fisioterapia e de diagnóstico por imagem. Não é possível que uma pessoa que vai ter de tirar uma radiografia tenha que ficar dois anos esperando por um exame. Aliás, só para concluir, o aparelho de raio-x da UPA está quebrado há meses.

O Regional/Vox FM: Há uma rejeição quase que natural ao PT em Catanduva. Ao mesmo tempo, nos seus materiais de campanha, a tradicional cor vermelha do PT parece que foi deixada de lado. De alguma maneira, a senhora tenta não mostrar o PT?

Estou há mais de 30 anos no Partido dos Trabalhadores. Eu não vejo as pessoas reclamarem quando eu trago R$ 30 milhões para Catanduva, para vários setores. Eu não vou perguntar para o hospital, os hospitais que eu trago, que partido vocês são, qual a cor que vocês usam nos seus papéis de publicidade? Então, todos os partidos têm as suas coisas boas. E todos os partidos têm suas coisas ruins. Eu iniciei minha vida, fui deputada, sou deputada ainda por seis mandatos, no mesmo partido, ajudando Catanduva como ninguém, contribuindo com essa cidade como ninguém, mandando recursos para todas as entidades sociais. Então é preciso que as pessoas deixem de levar em conta uma sigla partidária e passem a votar a favor da cidade. E eu digo para vocês eu vou governo governar essa cidade, cuidar do povo de Catanduva de verdade.

O Regional/Vox FM: A senhora tem usado o termo “mudança segura”. O que seria essa mudança? E o que muda na vida da população a partir do momento que a senhora assumir o governo?

Vai mudar tudo, mas vai mudar com segurança, vai mudar com responsabilidade. Hoje você tem um orçamento de R$ 823 milhões. É um orçamento muito importante para o ano que vem e com as correções necessárias, você terá um orçamento de aproximadamente R$ 1 bilhão. Além disso, você pode buscar os recursos orçamentários que eu tenho convicção de que trarei, já tenho conversas junto a vários setores dos governos, tanto do Estado quanto federal. Eu quero organizar essa cidade, cuidar do nosso povo, acolhê-lo. As portas do meu gabinete, se eleita for, serão abertas para a população para que ela possa ser recebida, para que ela possa trazer suas demandas. É claro que de uma forma organizada, mas eu não ficarei no gabinete. Eu não tenho esse estilo. Eu quero ir pros lugares. Eu quero estar nos postos de saúde para ver como é que a população está sendo atendida. Eu quero ir nas escolas para ver como as crianças estão sendo educadas, qual a qualidade da nossa merenda. Eu quero andar na cidade, ver as obras que estão sendo realizadas, acompanhar tudo aquilo que está acontecendo, porque esse é o verdadeiro papel de quem faz a gestão de uma cidade. Então, Catanduva me conhece e me conhece há muitos anos e sabe que eu tenho essas características. Tudo o que está proposto aqui [no plano de governo] são propostas que eu tenho condição de realizar de forma segura. Ninguém vai sentir nenhum momento de turbulência, porque eu vou garantir que essa cidade tenha as melhores políticas públicas. Eu vou buscar pessoalmente os investimentos para Catanduva e tenho certeza que nós vamos conseguir impulsionar o nosso desenvolvimento, fazer a inclusão social e colocar de fato Catanduva nos trilhos.

O Regional/Vox FM: Seu plano de governo fala sobre o uso de materiais didáticos que são cedidos pelo governo estadual e federal. O material apostilado será eliminado?

Na verdade, você tem que discutir com os especialistas na educação, com os pedagogos, com os educadores, com os professores, fazer um amplo debate com eles para ver se o atual sistema é um sistema que está de fato promovendo o processo de aprendizado. Esses nós temos que conferir como é que estão esses alunos. Eles estão de fato aprendendo? Não é porque as nossas crianças estão na rede pública de educação que elas não têm que ter o melhor. Mas é claro que a minha equipe de educação, como já foi no passado, a nossa equipe era um primor e todo mundo e toda cidade reconhece isso, será uma equipe muito bem formada, com capacidade, com competência para poder administrar a educação naquilo que ela precisa. Agora nós temos que fazer as parcerias necessárias, a extensão, por exemplo, os horários de funcionamento de creches, que é um grande problema para a população. Você não pode fechar as creches no horário que ela fecha. Mas eu posso garantir para você eu não vou gastar R$ 12 milhões como a atual administração gastou para comprar material paradidático que nem é utilizado. Com esses R$ 12 milhões poderiam ser reformadas as creches, que algumas foram, mas que chove dentro. Então que reforma é essa?

Autor

Guilherme Gandini
Editor-chefe de O Regional.

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