Quarenta dias depois de ser operado para corrigir uma mielomeningocele, em cirurgia inédita na região Noroeste Paulista, ainda dentro do útero da mãe, o bebê teve alta do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto na segunda-feira, dia 22. Os pais e profissionais comemoraram o sucesso da cirurgia para a mãe e, principalmente, para a criança, que deixou o HCM em ótimo estado de saúde e com mais chances de ter bom desenvolvimento neuro-motor.
A mielomeningocele é uma malformação congênita da coluna vertebral do feto que ocorre no início da gravidez. Devido ao fato da medula e raízes nervosas ficarem expostas por causa da malformação, o bebê pode desenvolver complicações graves, como dificuldade de marcha - eventualmente não consegue andar - como também a hidrocefalia.
O cirurgião fetal do HCM, Gustavo Henrique de Oliveira, que realizou o procedimento, explica que a correção intrauterina melhora significativamente a qualidade de vida e o desenvolvimento da criança. “A cirurgia pode ser feita de maneira tradicional, conhecida como técnica a ‘céu aberto’, porém, no HCM, realizamos a técnica conhecida como Safer, procedimento totalmente endoscópico e intrauterino, o que minimiza os riscos maternos e com os mesmos benefícios para o bebê.”
Atualmente, somente dois hospitais do Brasil realizam a cirurgia minimamente invasiva devido à alta complexidade e à necessidade de treinamento intenso da equipe multidisciplinar envolvida. “O HCM foi o primeiro no noroeste paulista a fazer essa cirurgia. Esse marco histórico mostra que nossa equipe de profissionais está bem capacitada e apta para fazer em ocasiões futuras”, ressaltou o médico.
O motorista Leandro da Silva Ferraz, pai do bebê, fez questão de agradecer os profissionais do hospital. “Mesmo sabendo ser a primeira vez que iriam fazer essa cirurgia, a equipe nos explicou tudo e ficamos muito tranquilos. Agora, nosso filho está aí, com saúde. Não tenho palavras pra dizer aos médicos e todos que cuidaram da minha esposa e meu filho”, declarou o morador de Mirassol.
A mãe Vanessa Ferraz descobriu a malformação em seu filho ao fazer um ultrassom com 20 semanas de gestação. “Para mim foi um susto. Fiquei com medo e imaginei que pudesse ser bem grave, porque tive outras quatro gestações e nunca tinha passado por isso. Mas agora estou aliviada. Sou muito grata a todos do HCM e pelo atendimento que recebi.”
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